“Estou em uma fase muito boa da minha carreira com direito a lançamentos no teatro e no cinema, além de estar em mais uma temporada de Vai Que Cola e aparecer no Vale a Pena Ver de Novo, com Senhora do Destino”, comemorou Catarina Abdalla. A trajetória na televisão da atriz começou em 1981 com a icônica personagem do Sítio do Picapau Amarelo, a Cuca. De lá para cá, ganhou uma extensa lista de papéis que tiveram muito êxito. Junto do currículo de dar inveja, ela possui toda a experiência e maturidade em cena que qualquer artista gostaria de possuir. Apesar de estar há trinta e oito anos nesta estrada, não esquece de todo o passado e o que precisou construir para chegar onde está. “Acho que quando iniciamos a carreira de artística temos uma leveza e espontaneidade incrível que passamos a profissão inteira tentando voltar com isso. Óbvio que com a experiência aprendemos muitas outras coisas. Gostaria de levar esta característica comigo para sempre. Gosto de rever tudo o que já fiz, principalmente, por entender a minha trajetória, afinal o tempo nos traz mais dificuldades e muita coisa boa também”, confirmou.
Mesmo com a longa lista de trabalhos já realizados, a atriz continua em busca de personagens novos e diferentes. Catarina cogita, por exemplo, voltar a fazer novelas como muitas fãs já solicitaram. Enquanto a oportunidade não chega, ela resolveu encarar um desafio que nunca havia tido a possibilidade de fazer anteriormente devido à falta de patrocínio. Pela primeira vez, a artista vai estrear em um monólogo que recebeu o nome de Mulher Invisível. “A experiência está sendo bastante desafiadora e, por isso, encaro como uma atitude corajosa da minha parte. Já tinha tentado experimentar isto antes, mas por questões de patrocínio não tinha acontecido. Dessa vez, recebi o convite do idealizador e diretor de produção da peça, Miguel Colker, e resolvi abraçar a oportunidade, mesmo tendo acabado de sair das gravações do Vai Que Cola”, comentou. O espetáculo é de Maria Carmem Barbosa e possui a direção de Amir Haddad.
Mulher Invisível traz o depoimento de uma funcionária da limpeza de uma loja de produtos masculinos. A personagem chamada Eunice trabalha em casas de família durante o dia e ocupa o turno da noite deste estabelecimento, onde na ocasião acaba falando sobre suas questões pessoais para os manequins. “Estou contando apenas a história de uma mulher frente a tantas no mundo que são invisíveis, principalmente no Brasil. Ela trabalha fora o tempo todo e, às vezes, encosta um pouco para cochilar. Assim esta profissional vai levando vida em um lugar invisível, no entanto acredito que são estes que constroem o mundo”, afirmou. O papel é bastante semelhante ao do filme Quando o Galo Cantar pela Terceira Vez Tu Renegarás sua Mãe, de Aaron Salles Torres, que estreou nos cinemas no mesmo dia que a peça entra em cartaz. “Tenho uma responsabilidade e um orgulho muito grande de poder falar sobre estas pessoas. Estes excluídos estão em volta da gente e contabilizam um maior número de indivíduos. Mesmo assim, é uma classe que a sociedade e o estado não enxergam. Ao mesmo tempo, são fortes e, mesmo enfrentando o preconceito, conseguem levar a vida”, defendeu.
A partir destas questões expostas pela atriz, ambos os trabalhos ganham uma importância social para o público que for assistir. Tanto a peça quanto o longa mostram uma realidade mundial que esconde pessoas importantes como qualquer outra para a manutenção da sociedade. “Não penso muito sobre o papel social que esta peça teria, mas espero poder levar este trabalho para lugares que nem possuem teatros direito. Dessa forma, quero que o público do espetáculo seja tomado por estas pessoas invisíveis. A partir deste roteiro, quem sair do teatro com questionamentos, já estarei feliz”, comentou.
A construção deste personagem invisível, no caso do monólogo, é fruto de um apanhado geral que a atriz fez dentro do seu convívio pessoal. Não houve uma inspiração referente a uma pessoa física em específico o que não exclui o fato de que a atriz possui relações com os indivíduos que retratou. “Não vim de uma família classe média, na verdade, sou de Nilópolis e comecei a trabalhar muito cedo para ajudar a me sustentar. Aprendi muito com estas pessoas e mantenho contato com elas. Isso, inclusive, facilitou a criação do meu personagem. Alguns amigos que já tiveram a oportunidade de ver a peça me contaram que se lembraram da empregada deles que proporciona uma cama limpa e arrumada após um dia de trabalho. Enunciaram que, muitas vezes, não trocaram o olhar com estes trabalhadores, não sabem direito quem são e sempre se esquecem de dizer ‘bom dia’. É muito bom saber que o espetáculo chamou a atenção de quem passou por lá”, lembrou. Este cuidado de se distanciar do personagem para contar a história da forma mais verídica possível é um exercício que se repete em sua carreira, de acordo com Catarina.
Para que a peça possa ser apreciada por todos é importante o êxito da produção e a ajuda de um bom patrocínio. Mulher Invisível é um dos poucos espetáculos que possui ajuda governamental. “O patrocínio que recebemos é pouco e, no entanto, já considero uma sorte que o nosso produtor tenha conseguido a verba. Além disso, contamos com um teatro que possui um valor de ingresso mais acessível para todos. Hoje em dia, nós precisamos matar muitos leões por dia”, lamentou a atriz.
Catarina Abdalla foi convidada para atuar na peça assim que acabaram as gravações da quinta temporada da série Vai Que Cola, do Multishow. O sucesso do programa é unânime e mesmo depois de tanto tempo no ar, ainda possui muitos fãs pelo Brasil. “A descontração do programa é o que torna o produto tão adorado. Nós estamos contando a história de pessoas normais, sem pretensão nenhuma. Não falamos de maldades, o que considero algo importante já que a programação da televisão está um pouco agressiva. Quando a pessoa chega em casa e sintoniza no Multishow, ela acaba esquecendo um pouco os problemas para dormir em paz. Algumas vezes colocamos algumas críticas, mas sempre com bom humor”, explicou. Esta característica que, segundo a atriz, é o segredo para a fama é o que a mesma procura levar do programa. “O meu diretor Amir Haddad diz que o teatro tem o tempo da vida e a vida tem o tempo do amor. Então, temos que tentar fazer as coisas de forma mais leve, porque os problemas chegam a todos, no entanto quanto mais amor demonstrarmos mais fácil será de encará-los”, comentou.
Serviço: Mulher Invisível
Duração: 80 min.
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Teatro da CAIXA NelsonRodrigues
Endereço: Avenida República do Chile, 230, Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca)
(Entrada pela Avenida República do Paraguai).
Informações: (21) 3509-9600/ (21) 3980-3815
Datas: 23 de novembro a 17 de dezembro (quinta a domingo)
Horário: 19h
Ingressos: Plateia: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)/ Balcão: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia.
Lotação: 400 lugares (mais 08 para cadeirantes)
Bilheteria: de terça-feira a domingo, das 13h às 20h
Classificação indicativa: 12 anos
Acesso para pessoas com deficiências
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