*Por Alexei Waichenberg
Tem dias que a gente está para petisco, outros para prato principal sem sobremesa, mas tem os dias em que a gente merece o cardápio completo, da entrada ao cafezinho. No amor não é diferente. No sexo muito menos. O que não se pode prescindir é da saciedade.
A boca gela, o gozo explode, o peito expira e a gente exaure, mas não morre. Nessa hora joga a perna, prepara o laço e fecha com um abraço. Um abraço que, se parecer eterno, sem nada no caminho, apaga o pensamento e te leva à presença do divino.
Fica dentro, aprende a dar espaço, esquece o medo, vive cada espasmo da entrega. Você nunca mais vai deixar de pedir a sobremesa. O amor pós-liminar é o carimbo e o reconhecimento do amor que firma e assina relações que se reinventam e aprendem, com intimidade, a entender que não existe a cama perfeita. O que existe é a respiração sincopada, os lençóis agitados e o arrepio na base da nuca. O que insiste é o calor que expande, o cheiro que exala, a boca que cala e o lábio mordido.
São ritos em corpos templários. Corpos que se comunicam descontrolados pela mente que cerceia, mente ou provoca de caso pensado.
Portanto, não vá esperando a conexão perfeita no primeiro encontro. Suas veias e artérias, seus músculos e nervos são melhores condutores de prazer do que a sua mente que escolhe. Deixe que a pulsação faça jorrar a sensação de estar completo e o único momento em que se deve descansar como se vivesse a eternidade.
Só então você apaga todos os leds, estica a mão na cabeceira, dá um gole, acende o pito, apaga depois do trago, volta para o abraço e já nem precisa sonhar. Dorme, que amanhã tem mais.
*Alexei Waichenberg, jornalista em estágio no Nirvana
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