*Por Alexei Waichenberg
Resolvi essa semana dar um descanso nas reflexões sobre o amor, antes, durante, depois da pandemia. Decidi olhar para dentro, perceber os contornos, viajar pelo vapor que nos conduz à ilha mágica dos nossos corações apaixonados. Conclui que podia fazer isso, nesses dias de reclusão, apenas ao olhar para o espelho.
Nada de narcisos, egóicos, suficientes, bastantes, selfies. Falo do amor quando ele fala com você. Ele tem o que dizer.
Quando o vapor assume a sala de banho, o calor resume estranho a troca
É como sair da toca, sair de touca
São corações cafonas, iniciais sem pena
Flor sem cartão – Verbena
Cartão sem visita. O amor não marca visita
Assim, você se apresenta no olho, na alma, no espelho
Gosto da hemorragia, da fumaça, do ópio
Aprecio o amor que jorra, sai pelo ladrão, o amor que rouba sem tempo para comunhão, amor de invasão
Boto preço, faço caro
De embaçado, torno claro
E a rima que persegue, mais parece defeito, mas se explica no efeito
A brisa se espalha, camufla a mensagem
O calor combustível traduz, apressado, a passagem
A troca é justa e o dia de folga
O tempo é frio, o álcool esquenta para brindar felicidade
Já não perco os dias olhando as rugas pelo espelho
O amor impede em conselho.
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