*Por Alexei Waichenberg
“Ele/a é casado/a e eu sou a/o outra/o na vida dele… que o mundo difama e que a vida ingrata, maltrata e, sem dó, cobre de lama”
O compositor Ricardo Galeno já jogava luz sobre os amores impossíveis. Impossíveis não, talvez não aceitos socialmente nos últimos 400 anos. A questão da monogamia, com efeito, já vem caindo em desuso, porém. Desculpe lá os tradicionais e fundamentalistas, mas os tempos mudaram. A fase de transição ao tudo vale a pena quando o amor existe, tem sido marcada por liberações do gênero poliamor, casamentos a três, relacionamentos abertos, ditos modernos e é o que temos pra hoje.
Sem querer apontar caminhos de evolução ou de degradação das instituições estabelecidas pelos nossos antepassados, a traição existe desde que foi inventado o tal do amor romântico, pelo milk Shakespeare, sujeitinho competente, que associou ao amor desenfreado um bocado de drama, pra que ele tivesse sempre um sabor diferente. A traição no Paraíso não vale aqui nesse texto herege, afinal o Adão comeu a Eva e a maçã de sobremesa. Daí, juntando essas informações que recebemos desde o berço e até por alguma carga genética, na maioria de nós, se desenvolve essa compulsão pelo proibido, pelo desafio. Amar já é árduo e uma conquista bem grande, pra que a gente tenha que escolher a pessoa certa pra trocar afetos ou fetiches na breve existência.
Então, eu hoje vim aqui pra tentar salvar você minha amiga e você meu amigo que, como eu, já viveram ou vivem esse continho de fadas às avessas. Antes de tomar o frasquinho de veneno, avalie em que condições o amor sobrevive na matriz, para que você possa organizar as metas a serem atingidas pela filial. Se as vendas estão caindo na sede, e se a sêde (usei mesmo o diferencial de timbre, se não perderia o sentido) de novos desafios tá brotando na sua pequena lojinha, há sinal de reversão. Se a ética te faz politicamente correto, muda o ramo, muda o rumo do negócio. Essa prática é universal e, por mais polêmica que possa parecer, não dá pra passar pano.
No frigir dos ovos, basta avaliar que há 3 tipos amor em curso: O amor possível, que nem sempre faz as bases estremecerem e que hoje permite alguns incrementos com a cumplicidade em alta, os amores impossíveis, que derrubam os pactos estabelecidos, mas que los hay, los hay e o amor próprio, esse de subsistência, que inclui diversõezinhas por aí, mas sem estabelecer qualquer vínculo, que exija algum vestígio de entrega. Por falar em entrega, o delivery, nesse último caso, funciona bem. Mas o/a leitor/a deve ter cuidado. Em tempos de pandemia é melhor lavar as mãos e toda a mercadoria, antes e depois do consumo.
Quem me condena? Eu sempre quero é gozar no final.
*Alexei Waichenberg, jornalista entre a ética e a trairagem.
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