Amor à Fábula: ‘É árduo e grande para que a gente tenha que escolher a pessoa certa para trocar afetos ou fetiches’


Nessa crônica, o jornalista Alexei Waichenberg constata: “No frigir dos ovos, basta avaliar que há 3 tipos amor em curso: O amor possível, que nem sempre faz as bases estremecerem e que hoje permite alguns incrementos com a cumplicidade em alta, os amores impossíveis, que derrubam os pactos estabelecidos, mas que los hay, los hay e o amor próprio, esse de subsistência, que inclui diversõezinhas por aí, mas sem estabelecer qualquer vínculo, que exija algum vestígio de entrega”

Ilustração (feita exclusivamente para essa crônica), assinada pelo artista plástico Leandro Figueiredo, atualmente morando no Porto, em Portugal

*Por Alexei Waichenberg

“Ele/a é casado/a e eu sou a/o outra/o na vida dele… que o mundo difama e que a vida ingrata, maltrata e, sem dó, cobre de lama”

O compositor Ricardo Galeno já jogava luz sobre os amores impossíveis. Impossíveis não, talvez não aceitos socialmente nos últimos 400 anos. A questão da monogamia, com efeito, já vem caindo em desuso, porém. Desculpe lá os tradicionais e fundamentalistas, mas os tempos mudaram. A fase de transição ao tudo vale a pena quando o amor existe, tem sido marcada por liberações do gênero poliamor, casamentos a três, relacionamentos abertos, ditos modernos e é o que temos pra hoje.

“A questão da monogamia, com efeito, já vem caindo em desuso”

Sem querer apontar caminhos de evolução ou de degradação das instituições estabelecidas pelos nossos antepassados, a traição existe desde que foi inventado o tal do amor romântico, pelo milk Shakespeare, sujeitinho competente, que associou ao amor desenfreado um bocado de drama, pra que ele tivesse sempre um sabor diferente. A traição no Paraíso não vale aqui nesse texto herege, afinal o Adão comeu a Eva e a maçã de sobremesa. Daí, juntando essas informações que recebemos desde o berço e até por alguma carga genética, na maioria de nós, se desenvolve essa compulsão pelo proibido, pelo desafio. Amar já é árduo e uma conquista bem grande, pra que a gente tenha que escolher a pessoa certa pra trocar afetos ou fetiches na breve existência.

Então, eu hoje vim aqui pra tentar salvar você minha amiga e você meu amigo que, como eu, já viveram ou vivem esse continho de fadas às avessas. Antes de tomar o frasquinho de veneno, avalie em que condições o amor sobrevive na matriz, para que você possa organizar as metas a serem atingidas pela filial. Se as vendas estão caindo na sede, e se a sêde (usei mesmo o diferencial de timbre, se não perderia o sentido) de novos desafios tá brotando na sua pequena lojinha, há sinal de reversão. Se a ética te faz politicamente correto, muda o ramo, muda o rumo do negócio. Essa prática é universal e, por mais polêmica que possa parecer, não dá pra passar pano.

No frigir dos ovos, basta avaliar que há 3 tipos amor em curso: O amor possível, que nem sempre faz as bases estremecerem e que hoje permite alguns incrementos com a cumplicidade em alta, os amores impossíveis, que derrubam os pactos estabelecidos, mas que los hay, los hay e o amor próprio, esse de subsistência, que inclui diversõezinhas por aí, mas sem estabelecer qualquer vínculo, que exija algum vestígio de entrega. Por falar em entrega, o delivery, nesse último caso, funciona bem. Mas o/a leitor/a deve ter cuidado. Em tempos de pandemia é melhor lavar as mãos e toda a mercadoria, antes e depois do consumo.

Quem me condena? Eu sempre quero é gozar no final.

*Alexei Waichenberg, jornalista entre a ética e a trairagem.