*Por Alexei Waichenberg
Você pode pensar que suporta viver um amor à distância. Bicho, é simples, amor de mãe, de amigo, amor incondicional encara qualquer oceano no meio, encurta as rodovias, sublima até a própria existência. Você sempre vai amar os seus, vivos ou mortos e senti-los presentes no seu coração.
Agora, tem um amor que precisa do corpo, da pele, dos dentes cravados nas costas. Tem o amor que parece que tem sempre outro dono. Esse tem que correr atrás. Tem amor que sufoca com a máscara, que precisa do beijo, da mão nos cabelos, do gozo que explode e que dobra na exaustão. Esse tem que ser de corpo presente, com braço dormente, com peso no peito.
Tem amor que pede passagem sem turbulência. Ele não admite ficar sem conchinha três meses, sem olho no olho, sem café na cama, sem mãos dadas no Arpoador, sem olho perdido no mirador.
Me transportei no rabisco elegante do parceiro para ver os dois irmãos separados a esperarem que a bola de fogo se apague, a espreitar mais uma noite, do amor que um dia mais não houve.
Hoje vou escrever por ti, velar tua ausência, com o único desejo de que os ponteiros se apressem para trazer-te ao meu lado.
São Jorges, Marílias, Leandros, são Fábios, Fernandas, Cristinas, Camilas, são Santos, são Anjos, são almas e corpos prontos para o próximo encontro.
Enquanto você não chega, e mesmo que eu te tenha inventado, vou me preparar para amar com cuidado, para louvar a ventura de estar ao teu lado.
Se, pelo contrário você já tiver chegado, porque veio mais cedo ou por eu ter te buscado, dorme tranquilo. Não vou me cansar de te amar. E quando você acordar, te prepara, porque eu vou gritar a glória de te ter por perto.
Do outro lado do mundo ou do outro lado da cama, nada mais nos vai separar.
*Alexei Waichenberg, jornalista e time keeper
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