Alejandro Claveaux já interpretou todo tipo de personagem na telinha da Globo. Ao longo de seus quase dez anos de carreira, o ator sentiu na pele as dores e delícias de personalidades que vão desde vilões cômicos e cantores latinos a gays que não saíram do armário, como em seu último trabalho na série “Nada Será Como Antes”. O currículo é vasto, mas, apesar de toda a vitrine, é no teatro que ele mostra mesmo a sua força. Em cartaz no Teatro Riachuelo Rio, com o musical “Gota D’Água [a seco]”, adaptação de Rafael Gomes para a obra de Chico Buarque e Paulo Pontes, o ator de 33 anos sente na pele os dilemas vividos por Jasão, homem de caráter duvidoso, que fica entre a cruz e a espada no momento de definir seu futuro: ora não sabe se embarca no amor que sente pela mulher ou fica aprisionado na ganância pelo poder. Em um entrevista exclusiva para o site HT, Alejandro comemora a oportunidade de participar de um projeto que tem tanto significado para ele.
“A gente precisa de mais energia para fazer esse espetáculo aqui nesse teatro. Somos apenas dois atores em cena para ocupar este palco gigantesco e contar essa história”, avaliou. “Eu tinha total relação com as músicas. Na época que eu ainda morava em Goiânia tinha uma namorada que me apresentou a obra do Chico Buarque. O nosso namoro foi todo pautado por essa trilha sonora. Fiquei emocionado quando descobri que iria cantar ‘Mil Perdões’, era a música que a gente cantava um para o outro. Eu liguei para ela na hora para contar”, recordou.
Ao lado da maravilhosa atriz Laila Garin, Alejandro pratica uma espécie de dança muito bem elaborada para encenar a conflituosa relação do casal Joana e Jasão. Sob a batuta de Fabrício Licursi, a dupla de atores interpreta, canta e dança na peça. Movimentos que foram milimetricamente ensaiados. “A gente começou a leitura pela dança. Desde o começo do nosso processo rolou uma simbiose dos corpos. Por isso essa sincronia toda. A nossa história fluiu através da comunicação de improviso dos corpos”, avaliou o ator que, em tempos de intolerância política se orgulha de poder contar a narrativa. “Poder fazer essa peça em um momento tão complicado como este é maravilhoso. Apesar de ter sido escrita em 1974, as questões continuam tão atuais”, disse.
Como o “a seco” do título já indica, a montagem busca chegar à essência da história, através dos embates entre os protagonistas, ainda que outros personagens do original também apareçam na adaptação. Mesmo com parte da trama sociopolítica reduzida na versão, o ator destacou a importância de ser porta-voz desse discurso. “A peça fala muito sobre o opressor e o oprimido. A gente vive em um Brasil onde os opressores estão com força total. A gente tem que resistir. É um ato de resistência a gente continuar fazendo essa peça sem patrocínio. Contando essa história e abrindo a possibilidade de fazer as pessoas refletirem por esse momento”, avaliou.
Ao concentrar a história em Joana e Jasão, em suas ideologias, ações e sentimentos, as questões individuas se sobressaem ao cenário político. Dividido entre o amor de Joana e a oportunidade de crescimento ao lado de Creonte, Jasão assombra o público por seu posicionamento machista. Para Alejandro, apesar do texto atual, a sociedade não aceitaria mais esse tipo de homem. “Não existe mais espaço. É abominável hoje em dia um homem seguir essa linha de superioridade. Quando você se observa machista é terrível, além de fazer mal à mulher, esse cara deixa de ser um ser humano real e sensível por contas de questões impostas por outros indivíduos. Um trabalho feito através da arte, da comunicação e de um bom papo são capazes de desconstruir esse cara”, frisou.
Agora, além da peça, o ator se prepara para voltar às novelas na próxima trama de Gloria Perez, “A Força do Querer”. No folhetim das 21h que irá substituir “A Lei do Amor”, Alexjandro será par romântico da atriz Paolla Oliveira. “Eu estou na primeira fase da novela. Faço o noiva da Geise, personagem da Paolla, que é lutadora e policial. A gente começa a novela noivos e teremos um relacionamento durante um tempo. A gente chega a casar, mas a novela é uma obra aberta, né? Ainda não sabemos do futuro desses personagens”, desconversou ele.
Serviço
Teatro Riachuelo
Rua do Passeio, 38/40 – Centro
De 6 de janeiro a 19 de fevereiro
Quartas e sextas, às 20h30. Domingos, às 17h.
* Na primeira semana, excepcionalmente, teremos sessões de sexta a domingo. Ou seja, dias 6, 7 e 8 de janeiro. Dias 6 e 7 (sexta e sábado), às 20h30. Dia 8 (domingo), às 17h.
Ingressos:
Semana de 6 a 8 de janeiro (sexta a domingo):
Plateia VIP – R$ 100
Plateia e Balcão Nobre – R$ 80
Balcão Simples – R$ 50
Da segunda semana até o final da temporada:
Quartas-feiras
Plateia VIP – R$ 80
Plateia e Balcão Nobre – R$ 60
Balcão Simples – R$ 20
Sextas e Domingos
Plateia VIP – R$ 100
Plateia e Balcão Nobre – R$ 80
Balcão Simples – R$ 50
Artigos relacionados