*Por Jeff Lessa
A bela Monique Alfradique passa por um momento de transição em sua vida. A atriz resolveu se lançar como empreendedora cultural e, pela primeira vez numa carreira que já soma mais de duas décadas, atuar em um monólogo. No caso, a peça ‘’Como Ter Uma Vida Quase Normal’’, adaptação do livro (quase) homônimo de Camila Fremder e Jana Rosa feita por Rafael Primot, vencedor de dois prêmios Shell (melhor autor, em 2009, e melhor ator, em 2011), que também dirige o espetáculo. Adaptado livremente do texto original, “Como Ter Uma Vida Quase Normal” fala de uma mulher de 30 e poucos anos que, depois de passar pela via crúcis que toda mulher enfrenta (decepções amorosas, fracassos no trabalho, experiências bizarras no universo virtual), ainda tem fôlego para seguir em frente lutando para ser feliz. Isso, claro, encarando uma sociedade que exige “normalidade”: casar, ter filhos, ser bem-sucedida na carreira, aquelas coisas… A estreia está marcada para sábado, 21 de setembro, no Teatro Folha, em São Paulo.
Mas não foi para ser uma atriz “normal” que Monique decidiu atuar em um monólogo. Não foi porque “todas estão fazendo”. A decisão partiu de questões íntimas que não respondem a cobranças e pressões externas. “Tudo na minha carreira veio no momento certo. Sempre tive a vontade de fazer monólogo e o desejo de empreender culturalmente. Eu tinha essa vontade de ter o público como meu aliado e vivenciar essa troca. Busquei textos sem sucesso até conhecer a Camila Fremder e a Jana Rosa, em 2015, e ganhar o livro delas, ‘Como ter uma vida normal sendo louca’. O humor inteligente e irônico despertou meu interesse em adaptar para o teatro”, conta Monique.
Ela se identificou com o texto e ficou tão encantada com a ideia da adaptação que incluiu histórias dela mesma na peça. “Acho que todos os que leram o livro se viram em alguma situação abordada ali, e não foi diferente comigo. Nessa adaptação, eu trouxe algumas histórias minhas. Acabou se tornando um pouco autoral também”, observa Monique. “Quando conheci o Rafael Primot em ‘Deus Salve o Rei’ (novela das 19h exibida pela Globo entre janeiro e julho de 2018), começamos a falar desse projeto. Ele topou, fez uma ótima adaptação e eu dei uma pincelada com ‘meu humor’, com casos reais e observações do cotidiano’’.
Monique é franca sobre a sensação de enfrentar o primeiro ato solo no palco e no camarim. “Confesso que me dou muito bem comigo mesma (risos), e acho que pode até ajudar na concentração antes de entrar em cena. Principalmente porque preciso ter o dobro de atenção estando só no palco”, explica. “De qualquer forma, ainda não passei pela experiência real. Nesse período de preparação, tenho tido a presença dos meus parceiros Rafael Primot (diretor), Haroldo Miklos (assistente de direção), Rodrigo Frampton (coach vocal e corporal) e toda a equipe”.
Além do monólogo, Monique está inaugurando outra etapa em sua carreira: a de empreendedora cultural. Ela é a produtora executiva do espetáculo e diz que está aprendendo muito com a experiência. “O teatro sempre foi uma grande paixão. Eu iniciei minha carreira no teatro e já fiz mais de 15 espetáculos. Estou muito feliz cuidando de perto de toda a produção executiva. Agora percebo como é difícil levantar um projeto. Nessa primeira fase do espetáculo, conto apenas com apoiadores e parceiros, sem lei de incentivo. Tem sido um grande desafio, mas estou animada com o resultado”, afirma.
Monique estará ainda nas telas de cinema em três produções nacionais neste ano. Aliás, ela já está em cartaz na comédia “O Amor Dá Trabalho”, que estreou em 29 de agosto, ao lado de Leandro Hassum e Bruno Garcia. “É um filme muito divertido, com uma história gostosa. Faço a Fernanda Kesley, filha de fazendeiro. Ela é egocêntrica e ciumenta, e vive os momentos de humor da trama. Ela namora com o Bruno Garcia e vai ter a relação interrompida pelo personagem do Hassum, que vive uma espécie de cupido depois de morrer e tenta garantir seu lugar no céu”, conta.
As outras duas produções estreiam em outubro. No suspense “Reação em Cadeia”, dirigido por Marcio Garcia, a atriz vive a protagonista Lara, uma mulher impulsiva que flerta com o perigo. Ela é uma antiga paixão de Guilherme (Bruno Gissoni), auditor interno de uma empresa fabricante de malas que está no meio de um processo de divórcio e que vê sua vida virar de cabeça para baixo após desmascarar um diretor corrupto.
Em “Virando a Mesa”, com direção de Caio Cobra, ela é uma prostituta, papel que já havia feito na série sobre a prostituição de luxo “A Segunda Vez”, baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva e exibida pelo canal de TV por assinatura Multishow em 2014: “Mas são personalidades completamente diferentes. A Nina, do ‘Virando a Mesa’, é livre e autêntica, movida a adrenalina. Fiz meses de preparação, além de ter aulas de pole dance, que não é fácil, requer muita força nos braços e no abdômen até você se sentir livre para dançar e usar a sensualidade a seu favor. É um longa de ação com uma pitada de humor ácido. Num estilo bem Tarantino e Guy Ritchie, diferente do que temos visto no cinema nacional”.
Já deu para perceber que o humor é um viés forte na carreira de Monique Alfradique. Boa parte de suas personagens tem um pé na comédia, nem que seja de forma suave, mais para sorrir do que para gargalhar. Na novela global “A Regra do Jogo”, exibida entre 2015 e 2016, ela vivia Tina, que era obrigada a se mudar para a favela. Em “Deus Salve o Rei”, interpretou Glória, uma moça gorda que não se conformava com seu corpo e recorria à magia para tornar-se esbelta do dia para a noite.
“O bom humor faz parte da minha vida. Sou boa observadora do mundo e vou armazenando situações cotidianas. A Glória começou como personagem dramática, mas logo em seguida houve uma curva para o humor. A história dela era lúdica, tinha momentos de magia. Quando ela emagreceu foi seu momento mais infeliz. Perdeu o namorado, brigou com a mãe e ficou cada vez mais perdida. Isso gerou o questionamento sobre até que ponto vale o sacrifício pelo corpo que julgamos ideal? Mostrar isso em cena foi uma forma de dizer que, apesar de termos avançado na aceitação de quem somos e na quebra do padrão imposto pela sociedade, as pessoas ainda sofrem muito com essa cobrança”.
Monique Alfradique nasceu em Niterói e começou sua carreira muito jovem, no teatro infantil. Entre 1999 e 2001, foi Paquita nos programas “Xuxa Park” e “Planeta Xuxa”. Atuou em duas temporadas de “Malhação” e em novelas da TV Globo como “Cama de Gato” (2009) e “Fina Estampa” (2011), além de fazer participações na “Dança dos Famosos” (2012). A atriz estreou no teatro com apenas 11 anos, em 1997, e tem ligação com a música, incentivada pela família: “Minha mãe sempre gostou muito de música e lembro de escutar Rita Lee, Bee Gees, Elvis Presley aos oito anos. Ela incentivou minha irmã e eu a escolhermos um instrumento. Minha irmã optou pelo violão e eu, o piano. Me apaixonei e fiz prova para entrar para orquestra da minha escola. Passei e com dez anos já fazia show viajando pelo Brasil”, conta. “Já cantar… Acho que não sou muito adaptada para cantar. Canto no chuveiro, mas não em público (risos). Na hora de atuar, porém, não sou tímida. Neste momento, estou envolvida com o universo da personagem. Dos seus anseios, desejos e dilemas, quero contar aquela história. A timidez não tem espaço, a não ser que seja um traço da personalidade da personagem”.
SERVIÇO
“Como Ter Uma Vida Quase Normal”
Teatro Folha. Shopping Pátio Higienópolis: Av. Higienópolis 618, Consolação, São Paulo – (11) 3823-2323
R$ 60 (inteira, Setor 1) e R$ 50 (Setor 2, inteira)
Sábados e domingos, às 20h
14 anos 70 minutos
21/9 a 15/12
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