*Por Domênica Soares
A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, símbolo de lutas contra a intolerância e defesa dos direitos humanos, é uma grande lutadora pelos direitos das mulheres, e também sempre atuou em defesa da educação. Sua história é conhecida no mundo todo, devido à extrema importância social e, em 2014, recebeu o Nobel da Paz, o que fez dela a pessoa mais jovem a receber o prêmio. Sua trajetória como ativista começou cedo e, hoje, com 22 anos carrega três prêmios na bagagem. Passar o conhecimento e aprendizado dessa guerreira é extremamente necessário para a construção de uma personalidade consciente, principalmente para as crianças. Pensando nisso, o espetáculo “Malala, a menina que queria ir para a escola” estará, a partir de amanhã, dia 20, no palco do Teatro Prudential e pretende inspirar ainda mais o público. A história conta a trajetória de uma jornalista curiosa e desbravadora que atravessa o mundo para entender o que de fato aconteceu com a jovem Malala, dias depois do atentado à vida por membros do Talibã, por ela defender o direito de meninas à educação.
Adassa Martins, protagonista da peça, interpretando a jovem batalhadora, Malala, comenta que é muito grata por poder fazer parte desse ensinamento por meio de uma peça que aborda assuntos tão extraordinários, mas com um direcionamento para o público infantil. “É uma peça que lida com questões urgentes, graves, e para crianças. Foi um desafio encontrar essa equação, que resultou num trabalho envolvente, lúdico e forte. Com certeza fazer o papel título é algo desafiador e que me deixa também muito honrada. Malala é um espetáculo que traz questões fundamentais. Em tempos em que é cada vez mais necessário que sejam levantados temas como educação, direito à infância, liberdade, igualdade de gênero, essa peça se faz contundente e muito necessária. O fato de se tratar de um espetáculo destinado ao público infanto-juvenil é fundamental no meu ponto de vista, para que a resistência e a consciência se façam desde cedo”, relata Adassa Martins.
A atriz conta que o texto é uma adaptação do livro-doc da premiada jornalista e escritora Adriana Carranca e as canções originais assinadas por Adriana Calcanhotto. Além disso, ela frisa que transmitir isso tudo para um público infantil e jovem foi um grande desafio pelo qual teve que passar, mas que tudo foi bem idealizado e com uma direção que sabe ser transformadora. “A direção do Renato Carrera é muito divertida e envolvente, sem omitir fatos ou privar as crianças de entrarem em contato com uma história muito forte e real, necessária para os dias em que vivemos de desmonte da educação e dos direitos humanos”. Ela ainda complementa que todo o processo de estudo sobre a temática foi feito com todos do elenco a partir de leituras, documentários e entrevistas para que estivessem ainda mais conectados com a realidade da jovem paquistanesa e que também fossem capaz de aproximar e criar paralelos com a realidade brasileira.
Em tempos difíceis é necessário multiplicar as vozes da resistência, como a de Malala, e levar esse conteúdo para as crianças é um aspecto importante, porque o despertar da consciência e resistência começam a acontecer desde o início da vida e da construção da personalidade de cada um. Ela conta que as crianças que assistem a peça e já conhecem a Malala, aprendem na escola, mas que em contraponto, muitas delas não fazem ideia do que seja. Outro objetivo da construção histórica é de instigar os professores a levarem esse conteúdo para as salas de aula. E, analisando mais a fundo o ensino nas escolas brasileiras, a atriz comenta: “É condizente com a sociedade que somos, sem conhecimento histórico, sem valorização dos povos originários e da cultura popular, com um olhar que mantém a colonização branca, eurocêntrica, patriarcal e heteronormativa”.
Adassa Martins conta que sempre se interessou por papéis com esse cunho histórico e de relevância e cita alguns trabalhos que já fez: “Sinfonia Sonho” e “Concreto Armado” do Teatro Inominável, que falam sobre violência contra crianças e nossa cidade e população do Rio em ano de Copa do Mundo. “Se eu fosse Iracema”, uma peça que reflete a questão indígena no Brasil; “Rio Diversidade”, um trabalho sobre diversidade sexual e de gênero; “As mil e uma noites” com o Teatro Voador Não Identificado numa reunião de literatura e pensamento sobre a situação dos refugiados árabes no Brasil; e, mais recentemente, o “Sob Pressão”, uma série que questiona a situação real da saúde pública no Brasil’. A protagonista explica que o papel no qual interpreta Malala, completa essa trajetória e a deixa com cada vez mais orgulho e vontade de fazer diferente para atingir a consciência dentro da mente de cada um.
Serviço:
Espetáculo: “Malala, a menina que queria ir para a escola”
Local: Teatro Prudential
Endereço: Rua do Russel, 804 – Glória, Rio de Janeiro – RJ
Temporada: 20 de julho a 11 de agosto de 2019
Horários: sábados e domingos, às 15h.
Ingressos: R$ 70 inteira, R$ 35 meia-entrada
Informações: (21) 2558-3862
Ficha técnica
“Malala, a menina que queria ir para a escola”
de Adriana Carranca
Adaptação: Rafael Souza-Ribeiro
Direção: Renato Carrera
Canções Originais: Adriana Calcanhotto
Elenco: Adassa Martins, Dulce Penna, Fernanda Sal, Ivson Rainero, José Karini, Ricardo Lopes, Patrícia Garcia e Tatiana Quadros & o músico Adriano Sampaio com percussão original.
Assistente de Direção: Joana Cabral
Cenário: Daniel de Jesus
Figurino: Flavio Souza
Iluminação: Alessandro Boschini
Direção Musical: Lúcio Zandonadi
Direção de Movimento e Coreografia: Sueli Guerra
Preparação Corporal: Edgy Pegoretti
Projeções e Videoinstalação: VJ Vigas
Preparação Vocal: Danielly Souza
Desenho de Som: João Gabriel Mattos
Ilustração: Bruna Assis Brasil
Programação Visual: Daniel de Jesus
Fotos de Divulgação: Ricardo Borges
Mídias Sociais: Ana Righi
Produção Executiva: Beta Schneider
Gestão Financeira e Gerência de Projeto: Natalia Simonete
Direção de Produção: Alessandra Reis
Idealização: Tatiana Quadros
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