Malas prontas? Tá seguro do que pode envolver uma viagem de amor? Viajar é sair do conforto, em busca de esperança, da esperança de amar de novo, de amar o novo.
Um novo ano se aproxima. O velho é sempre sofrido. Esquecemos o quanto crescemos, o quanto perdemos e, colocamos na mala a roupa da estação do destino.
Um solo de violão, uma nova canção, um novo timoneiro a cuidar do leme até o Leblon.
“Tente usar a roupa que eu estou usando”. Não crie expectativa, senão a de entregar aquilo que ofereceu. Não passe do ponto.
Um novo ano se aproxima, um novo marco da fantasia de que só podemos renovar na virada. Os bravos viram na queda, na verdade que lhes é imposta, em troca do suprimido, em busca do mal vivido, para que lhes possa suplantar o que nos foi designado.
De fato, nos foi designado amar. Não a um qualquer, mas a quem nos possa amar no retorno, para quem nos cobra – imigrante – a passagem de volta, aterrando a solidão, os dias de procura, as noites de aflição.
Vamos ao novo. Vista teu agasalho e vem se entregar no inverno, vem se jogar no inferno de partir a pensar por dois. Seu um já não satisfaz nem a ti mesmo.
Faz teu check-in com calma, despacha tua dor, embarca o seu ardor.
Tem quem te espere, tem quem navegue, tem quem te queira do jeito que for.
Troca o fuso, te faz de confuso, mas não esquece que amou.
Vai por aí, volta praqui, embarca sua dor de porão, tua bagagem de mão.
Feliz Réveillon.
*Alexei Waichenberg, jornalista de passagem
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