São 50 anos de história muito bem vividos. Meio século de puro talento de um dos atores mais queridos e aplaudidos da cena teatral brasileira. De quem estamos falando? Marco Nanini, claro. Não é à toa que a décima edição do prêmio da Associação dos Produtores de Teatro (APTR) homenageou, na noite desta terça-feira (23), esse grande ícone da nossa dramaturgia. A cerimônia, que aconteceu no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Méier, zona norte da urbe carioca, recebeu elogios da classe artística e premiou os destaques do ano de 2015. Além de Nanini, que foi ovacionado por diversas vezes durante a noite, a APTR ainda premiou José Mayer, que levou o troféu de melhor ator por “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera”, peça inspirada em “A Megera Domada”, de William Shakespeare, Carolina Vergües, pelo espetáculo “Caranguejo Overdrive” e a peça “Krum”, que conta com a atriz Renata Sorrah no elenco e direção de Marcio Abreu. A peça também levou o prêmio de melhor iluminação com Nadja Naira.
Emocionado, Nanini relembrou sua primeira experiência nos palcos. “Eu estava destinado a ser qualquer coisa que não iria me trazer nenhum benefício. Eu era inapto pra tudo. Eu estreei em uma peça infantil, fazendo o bruxo na peça “O Bruxo e a Rainha”, mas quando eu pisei no palco pela primeira vez foi inesquecível. Foi uma grande emoção. Depois o teatro me favoreceu e eu tenho o privilégio de participar dessa classe maravilhosa”, lembrou ele, que ainda aproveitou para falar sobre a homenagem. “Foi lindo estar aqui entre amigos em um ambiente de muito carinho. É um prêmio dado pela associação de produtores do Rio. A produção é a parte mais importante de um espetáculo. Foi lindo. Agora eu só espero saúde pra continuar essa empreitada”, disse.
Com muito bom humor, a festa contou com a apresentação da atriz Julia Lemmertz e do ator Fernando Eiras, que não pouparam elogios ao homenageado da noite. “Marco Nanini é uma grande referência do nosso teatro. São 50 anos de muita história e de um talento incontestável”, disse Julia. Já Fernando, lembrou da passagem de Nanini pela televisão. “Em todo esse tempo o cara fez diversos papéis marcantes na TV. Vão de protagonistas carismáticos a coadjuvantes brilhantes. Eu sou muito fã dele”, falou.
Como nem tudo são flores, alguns indicados aproveitaram o espaço para demonstrar sua indignação com o nosso cenário político atual. “Queria aproveitar o momento para dizer que achei muito feio, vindo de artistas, aquela intolerância em relação a Claudio Botelho. Acho que a política não deve ser feita com paixão, mas com compaixão”, destacou José Mayer, lembrando a rixa entre o ator e o público durante uma apresentação em Belo Horizonte no fim de semana. Na ocasião, Botelho teria criticado o governo do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff em sua peça “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos”, que leva a assinatura do compositor nas canções. Já Antônio Guedes, que levou pra casa o prêmio de melhor figurino, por “O Pena Carioca / O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar”, dedicou sua estatueta aos gays. “Chega de intolerância. Dedico meu prêmio às pessoas que sofrem preconceito por suas escolhas”, disse. Já o ator Charles Fricks foi taxativo: “Não vai ter golpe!”.
Outro ponto alto da festa foi a homenagem à atriz Marília Pera, que faleceu no passado na luta contra um câncer. A grande dama do teatro brasileiro também foi aplaudida de pé por todo o salão lotado de artistas. Um vídeo com depoimentos, músicas e fotos estamparam a saudação a atriz.
Ao som das canções de musicais concorrentes, trabalhadas pelos DJ’s Rodrigo Penna e Marcelinho da Lua e a orquestra de Marcelo Cardillo, Marieta Severo e Renata Sorrah apresentaram a homenagem a Marco Nanini. Marieta aproveitou para lembrar do sucesso da série “A Grande Família”. “Eu fiquei emocionadíssima. É o décimo ano do prêmio, e, claro, se tratando de Brasil é uma vitória muito grande. O Nanini tem uma carreira brilhante, tem um espaço tão bonito que ele ocupa no panorama teatral, é uma emoção especial pra mim. Afinal, ele é meu marido oficial na dramaturgia”, disse Marieta lembrando o sucesso dos personagem Nenê e Lineu Silva.
Já Françoise Forton não poupo elogios ao homenageado. “Eu amo o Nanini como ator. Sou totalmente tiete. É uma pessoa incrível, um monstro do teatro e uma pessoa linda. Que bom que temos uma pessoa viva e pulsante que pode nos mostrar a cada dia essa beleza do nosso ofício”, disse. No entanto, atriz Débora Lamm destacou o olhar assertivo do ator. “O Marco Nanini é o símbolo máximo da competência. Ele faz as melhores escolhes de personagens e de como vai seguir com isso”, comentou.
Segue a lista de Premiados
Parceiro do Teatro – Oi Futuro
Música – Nei Lopes (Bilac Vê Estrelas
Iluminação – Nadja Naira (Krum) e Aurélio de Simoni – (Meu Saba)
Figurino – Antônio Guedes (O Pena / O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar
Cenografia – Bia Junqueira (Santa / Santa Joana dos Matadouros)
Especial – Aplicativo Teatral Brasil
Ator Coadjuvante – Rogério Fróes (Família Lyons)
Diretor – Marco André Nunes )Caranguejo Overdrive)
Autor – Pedro Kosovski (Caranguejo Overdrive)
Atriz Coadjuvante – Graciana Valladares (Salina – A Última Vertente)
Ator Protagonista – José Mayer (Kiss Me, Kate – O Beijo da Megera
Atriz Protagonista – Carolina Virgüez (Caranguejo Overdirve)
Melhor Espetáculo – Krum
Produção – Barata Comunicação
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