Wagner Moura sobre o governo Michel Temer: “Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio. O pior está por vir”


Em texto, o ator ainda critica a revista “Veja”, o pastor Silas Malafaia e sua igreja, além do governo de São Paulo, na figura do tucano Geraldo Ackmin

Repórter do jornais “O Estado de São Paulo”, da capital paulita, e “Zero Hora”, de Porto Alegre (RS), solicitaram ao ator Wagner Moura sua opinião sobre o fim do Ministério da Cultura com o início do governo interino do peemedebista Michel Temer. Wagner redigiu um texto onde diz que “o pior ainda está por vir” e que “conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos”. O “Estadão” se recusou a publicar o texto, enquanto o Zero Hora aceitou. Procurado, o  jornalão paulistano disse que não se pronunciará sobre esse assunto. Abaixo, HT reproduz na íntegra a opinião de Wagner Moura, que ainda critica a revista “Veja”, o pastor Silas Malafaia e sua igreja, além do governo de São Paulo, na figura do tucano Geraldo Alckmin.

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A extinção do Minc é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo.

O pior ainda está por vir.

Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.

Começaram transformando a Secretaria de Direitos Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça.

Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também: tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013.

Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais.

Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de Moraes.

Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas, era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a seu favor (?!!!).

Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos.

Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo.

Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a extinção “do antro de esquerdopatas”, referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.

Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso possa ter sido nocivo para o Brasil?!

Como pensar que o país estará melhor sem a complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior?

Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo.

E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a Cultura da esplanada dos Ministérios… Faz sentido.

Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio.

Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil.

Ótimo. Pra que cultura?

Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na redação da Veja:

‘Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura! Viva o Brasil!’

Trevas amigo… E o pior ainda está por vir.”