Da mulher aranha àquela que seduziu Kim Cattrall, Sonia Braga ganha homenagem no Panamá por contribuição à sétima arte latina!


Eterna Dona Flor, a estrela diva sem levar a sério sua condição de mito, pegando ônibus no ponto, se der na telha, e se lixando para o star system!

* Com João Ker 

Sonia Braga é a grande homenageada da primeira edição do Premio Platino de Cinema Iberoamericano, que será realizado na Cidade do Panamá, em 07 de abril. A atriz receberá o Platino de Honra por toda a sua carreira de sucesso na indústria cinematográfica. Realizado pela FIPCA (Federação Iberoamericana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais) e pela EGEDA (Sociedade de Serviços para Produtores Audiovisuais), a gala tem como objetivo incentivar e promover o cinema latino, elogiado nos quatro cantos do mundo e que, por isso, merece destaque maior.

A trajetória de Sonia como artista começou cedo, no final dos anos 1960. De professorinha coadjuvante de Garibaldo na versão brazuca de “Vila Sésamo”, na Globo – ao lado de Aracy Balabanian, Laerte Morrone e Armando Bógus – a eterna Gabriela já fez papeis importantíssimos na TV, no cinema, e no teatro, o que lhe garantiu um prestígio eterno como atriz de respeito. Braga já foi indicada ao Globo de Ouro por filmes como “O Beijo da Mulher Aranha” (Kiss of the Spider Woman, de Hector Babenco 1985), “Luar Sobre Parador” (Moon Over Parador, de Paul Mazursky, 1988) e “Amazônia Em Chamas” (The Burning Season, de John Frankenheimer, 1995). Tanto na televisão quanto no cinema brasileiro, viveu personagens fortes em obras baseadas no legado de Jorge Amado: a transgressora Dona Flor, a sensual ninfeta sem amarras Gabriela e a cafetina batalhadora Tieta, que volta à sua cidade para se vingar, na versão filmada em 1996 por Cacá Diegues. E também se aventurou em alguns papeis pequenos na tevê americana, dentre eles uma lésbica que seduz Kim Cattrall (a Samantha) na série “Sex And The City”.

Sônia Braga para o Calendário Pirelli. Foto: Steve McCurry / Divulgação

Sônia Braga para o Calendário Pirelli. (Foto: Steve McCurry / Divulgação)

Apesar de ter diminuído o ritmo de seus trabalhos e ser praticamente bissexta na produção nacional contemporânea, Sonia sempre será um nome importante e lembrado na dramaturgia brasileira. Seu sex appeal não sumiu com a idade (nem com suaves as plásticas) e prova disso é que ela foi uma das escolhidas para o famoso Calendário Pirelli de 2013, provando ao mundo que nem todo mundo saracoteia para o lado de gente como Isabeli Fontana, preferindo, por vezes, pendurar na parede uma tigresa enxuta do calibre de La Braga.

E, mesmo sem ter atingido o estrelato absoluto no cinemão de Hollywood – como aconteceu com Dolores del Rio e Lupe Velez na década de 1930, com Rita Moreno nos anos 1950/1960 ou com Jennifer Lopez e Salma Hayek nos 1990 -, ela se tornou cult, fazendo parte da rapaziada que curte badalos-cabeça, tipo o Sundance Festival, e sendo chamada para abrilhantar produções de diretores considerados criativos como Robert Redford, Clint Eastwood, Andrucha Waddington, Gregory Nava e Robert Rodriguez. Com este último, inclusive, é antológica sua participação com a abelha-rainha vampira em “Um Drink no Inferno 3: A Filha do Carrasco” (From Dusk Till Dawn 3: The Hangman’s Daughter,  2000).

Apesar do currículo  é simples e poderia ser encontrada andando no mesmo ônibus onde Lucélia Santos foi flagrada recentemente – em polêmica ridícula -, pouco se lixando para o que os outros fossem pensar. Diva é diva. Agora sessentona, continua provando, tanto na beleza quanto no talento, que ser estrela não tem idade. Continua linda, atuante e deixando rastro com a presença de sua herdeira em Hollywood, a sobrinha Alice Braga, figurinha fácil em blockbusters e forte candidata à latina da vez na indústria, em caminho aberto pela tia. Merece todas as homenagens.