Prometi aqui que conferiria in loco os frutos que o trabalho de branding da Cavalera têm dado quando o assunto é acessório. A grife esteve pelo segundo ano consecutivo com um lounge na XXIV edição do SICC – Salão Internacional do Couro e do Calçado, realizada semana passada no Serra Park, em Gramado, no Rio Grande do Sul, promovida pela Merkator Feiras e Eventos em parceria com os sindicatos das indústrias de calçados de Estância Velha, de Ivoti, de Igrejinha, de Novo Hamburgo, de Parobé, de Sapiranga e de Três Coroas. Para vocês conferirem a potência do evento, é só clicar aqui.
A Cavalera tinha um lounge localizado na Estação 3, um espaço totalmente conceitual projetado especificamente para ter a praticidade tal qual um shopping center. “Esse é um espaço diferenciado, que foge um pouco daquilo que tradicionalmente se vê em uma feira. A Estação 3 tem a dinâmica e o conforto de um shopping”, explicou Frederico Pletsch, diretor da Merkator, promotora da feira. O mote do local é também embarcar na onda da sustentabilidade. Desde sua concepção, em 2014, sua construção, com estandes padronizados em marcenaria, utiliza madeira de reflorestamento e materiais que posteriormente serão reutilizados. “A arquitetura do local também chama a atenção dos visitantes. A Estação 3 tem uma arquitetura moderna e elegante, dentro da tendência minimalista”, comentou Roberta Pletsch, gerente de mercado da promotora do evento.
A ênfase do que foi comercializado pela Cavalera é a aposta da marca nos calçados vulcanizados (com design arrojado), modernos e que acompanham as novas tendências. Conversando com Carlos Gimenes, gerente comercial da grife, o maior resultado colhido na feira foi a consolidação da parceria com grandes redes calçadistas. Em apenas um dia foram abertas quatro frentes de negociação com grandes redes do Centro-Oeste e Sudeste. “A Cavalera, hoje, está presente em 800 pontos de vendas no Brasil, tanto em butiques como sapatarias especializadas, mantendo o DNA já característico de 20 anos da marca”, comentou Carlos. Segundo ele, grandes compradores visitaram o lounge em busca de novidades. “Esta localização na Estação 3 foi muito benéfica, porque identificamos um ambiente diferenciado. A ala tinha bastante destaque e visibilidade, chamando mais atenção dos clientes do segmento calçado”, acrescentou o gerente comercial da Cavalera.
Paralelamente ao mergulho no mundo dos vulcanizados, destaque da próxima estação da Cavalera, Carlos me mostrou as linhas de botas e sapatos com a pegada bem urbana da marca com solados com tecnologia específica, proporcionando moda e conforto, respectivamente. Na linha de montados, os nossos conhecidos sapatênis, a novidade é o solado caixa alta, ou seja, bem mais largo. “Revisitando a tendência dos sneakers e o lançamento da sola com a águia street, símbolo da marca, o calçado fica com um shape mais justo e bem urbano”, disse Carlos.
Como eu já contei para vocês, os novos vulcanizados apresentam, além da clássica borracha que sustenta a sola do tênis, tons naturais, caramelos e total block, que são os modelos em uma variante de cor única. Também dentro desta linha há um modelo batizado surf, que é com uma vira mais baixa, palmilha conformada (uma palmilha que proporciona melhor amortecimento e conforto ao caminhar) e visual um pouco mais despojado, focando no público que curte o lifestyle à beira-mar. A equipe de designers da Cavalera faz pesquisas das tendências mundiais de streetstyle, tanto em cores como materiais e, em cada modelo desenvolvido, as questões de tecnologia, comportamentais e ergonômicas são priorizadas para completar a qualidade do produto. Em muitos deles, a sola tem um desenho que remete à imagem das calçadas de grandes capitais brasileiras.
Como frisei em diversas matérias, a Cavalera tem apostado no étnico. Ficou bem evidente na coleção apresentada na São Paulo Fashion Week (e que você confere os bastidores aqui). É preciso lembrar que a grife foi capaz de promover um espetáculo no universo da moda, unindo conceito, tecnologia têxtil e reforçando o ideal de uma coleção refletir, de maneira singular, um comportamento cultural. Depois de uma experiência na Amazônia, Alberto Hiar, o dono da marca, convidou os índios da tribo Mutum, da etnia dos Yawanawá, para realizar – a céu aberto no Parque Villa-Lobos – o ritual Vekushide purificação e proteção, enquanto modelos e até o ator Reynaldo Gianecchini desfilavam peças da coleção batizada Kenes. Em Gramado, eu vi a tendência étnica ou tribal na linha de cintos. Os tons remetem aos de utensílios indígenas, lembrando até a corda das cestas confeccionadas pelos índios.
Em total sinergia com o tema da coleção, os chinelos by Cavalera vêm com as estampas das camisas desfiladas na São Paulo Fashion Week. No momento em que eu estava no lounge da marca, foram vendidos 6 mil pares de chinelos para um único lojista. “O balanço geral é o amadurecimento da marca no segmento e a possibilidade de melhorar, sempre. A consolidação da forma plural de ser Cavalera”, frisou Carlos Gimenes.
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