*Por Rafael Moura
O lixo cada vez mais é um problema mundial. A cantora e compositora Adriana Cacanhotto nos contou sobre esse grande caos. Mais de 50% das cidades brasileiros descartam o lixo de modo incorreto. Uma realidade documentada desde 1989, no curta metragem que foi gravado, em Porto Alegre, na Ilha das Flores. Apesar do filme ter 30 anos, essa situação permanece até o dia de hoje nas mais diversas esferas e interpretações. O vídeo com apenas 13 minutos, mas são alguns dos minutos mais chocantes do cinema brasileiro. Uma referências nas últimas três décadas, em todas as escolas e universidades do país, nas aulas de biologia, consciência ambiental, comunicação social e cinema, o curta-metragem documental de Jorge Furtado enfim ganhou oficialmente um título que já carregava no boca-a-boca: o de ‘melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos’. O título veio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema – Abraccine, que realizou uma votação entre críticos, professores e pesquisadores de diversas regiões do país como parte de um projeto que culminará no livro Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais, produzido em parceria com o Canal Brasil e a editora Letramento.
O livro, organizado por Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva, está previsto para o segundo semestre de 2019 e será distribuído em formato de luxo, com ensaios detalhando sobre cada um dos filmes, além de 20 artigos sobre a história do curta-metragem no Brasil. O estudo sobre filmes curtos completa a coleção 100 Melhores Filmes, que já conta com exemplares sobre o cinema brasileiro em geral, o documentário e a animação nacionais. Ilha das Flores, foi vencedor do Urso de Prata, em Berlim, em 1990, e ocupa o primeiro lugar contando a história de um aterro sanitário em Porto Alegre, desde o comércio de legumes até o consumo, o descarte e o destino do lixo doméstico entre porcos e pessoas que vivem às margens do ‘lixão’.
https://www.youtube.com/watch?v=bVjhNaX57iA&t=463s
A lista também contempla nomes como Glauber Rocha, com o curta ‘Di’, 1977, e Andrea Tonacci, com seu ‘Blablablá’, de 1968. A obra mais recente no compilado de 100 títulos é ‘Guaxuma’, de Nara Normande, lançado em 2018.
No Brasil, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular, sem tratamento e, em muitos casos, em lixões a céu aberto. A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global. Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que os diretamente afetados são os setores pesqueiro, de comércio marítimo e turismo.
O diretor executivo do WWF no Brasil, Mauricio Voivodic, alertou em entrevista à Agência Brasil, sobre a necessidade de adotar medidas urgentes para reverter a situação. “O próximo passo para que haja soluções concretas é trabalharmos juntos, por meio de marcos legais, que convoquem à ação os responsáveis pelo lixo gerado. Só assim haverá mudanças urgentes na cadeia de produção de tudo o que consumimos”. Já o diretor-geral do WWF Internacional, Marco Lambertini, afirmou que o sistema atual de produção, uso e descarte de lixo está “falido” e que é necessário mudar o comportamento. “É um sistema sem responsabilidade e, atualmente, opera de uma maneira que praticamente garante que volumes cada vez maiores de plástico vazem para a natureza”.
De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), no ano passado, mais de 41% dos 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados no país tiveram como destino lixões e aterros controlados e 3.334 dos 5.570 municípios brasileiros ainda mantêm lixões. A maioria deles, pequenas e médias cidades, mas há também cidades grandes, como Brasília.
Cerca de 75 milhões de brasileiros usam, provavelmente sem saber, os 3.000 lixões ou aterros inadequados ativos no país e são afetados pelos danos ambientais causados por eles: contaminação do ar, da água, do solo, da fauna e da flora por substâncias tóxicas e cancerígenas. Um novo estudo fez a conta do impacto do problema no sistema de saúde do país: R$ 1,5 bilhão por ano. Se os lixões continuarem abertos, em cinco anos, o custo chegará a R$ 7,4 bilhões.
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