*por Vítor Antunes
Em 2023, a Portela celebrou os seus 100 anos e usou da sua própria história como eixo para o enredo. A escola de Madureira encontrou problemas de toda ordem e em vários quesitos, o que pode comprometer o resultado final da águia altaneira na busca do campeonato. Em pelo menos outras quatro ocasiões, escolas cariocas não encontraram bons resultados quando homenagearam a sua própria história. Recentemente, em 2019, a Beija-Flor quase foi rebaixada à Série Ouro por conta de um desfile muito abaixo da crítica. A Soberana manteve-se no grupo principal por haver sido bem avaliada no quesito Mestre-Sala e Porta Bandeira e isto fez diferença no cômpito geral. Vinte anos atrás, 2003, portanto, Salgueiro fez um desfile em homenagem aos seus 50 anos de carreira e também encontrou grandes problemas durante seu cortejo, ficando com o sétimo lugar. Em 1992, logo após passar por seu primeiro rebaixamento ao então grupo de Acesso, o Império Serrano homenageou a sua história achando-se injustiçado por estar na segunda divisão do carnaval e não conseguiu voltar ao Grupo Especial naquele ano. Em 1980, a Unidos de São Carlos, que hoje é a Estácio de Sá, fez um enredo em homenagem a si. Muito pobre e com dificuldades, a escola foi rebaixada à segunda divisão. Além disso, ficou histórico o fato de que um dos destaques de alegoria, Mauro Rosas (1934-1992), caiu do alto do carro e foi internado em estado grave após sofrer politraumatismos.
Portela, 2023
Um desfile problemático em vários quesitos. Assim poderia ser resumida a passagem da Portela pela Sapucaí, no Carnaval 23. Com problemas inequívocos em Evolução, além de ter Alegorias e Adereços e Harmonia questionados, a Altaneira enfrentou problemas também com o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, quando uma parte da fantasia de Lucinha Nobre voou diante de um dos módulos de julgamento. O centenário da agremiação de Madureira será de triste memória para o torcedor portelense e a escola estará longe de disputar o título.
Beija-Flor, 2019
A Beija-Flor, em 2019, trouxe um enredo que celebrava os seus 70 anos, e, além disto, vinha de um campeonato. A nilopolitana foi campeã do carnaval de 2018, com um enredo que trazia uma forte crítica social e promoveu uma grande revolução estética, ainda que muito questionada. Por haver tido um bom resultado no ano anterior com soluções mais baratas e inventivas, a escola resolveu repetir a dose em 2019, mas no entanto foi muito mal sucedida, com o enredo “Quem não viu vai ver… As fábulas do Beija-Flor“. O abre alas apequenado e uma sequencia de fantasias que referenciava aos seus enredos como a uma fábula de La Fontaine (1621 – 1695) gerou críticas tanto do público como dos jurados. A escola ficou com o 11º lugar, num ano em que havia catorze escolas no Grupo Especial. O bom rendimento do casal de Mestre Sala e Porta Bandeira assegurou a presença dos nilopolitanos na divisão principal daquele ano.
Salgueiro, 2003
Com projetos alegóricos imponentes, um samba popular e boas fantasias o Salgueiro tentou conquistar o título do Grupo Especial no ano de seu cinquentenário, 2003. O enredo era “Salgueiro, minha paixão, minha raiz – 50 anos de glória“. Porém, com 5.500 componentes, não foi possível dar vazão a tanta gente assim e a escola precisou apertar o passo para não estourar o tempo. Não conseguiu, atrasando-se em quatro minutos e sendo penalizada em 0,8 décimos. Além disso houve a quebra do abre-alas na altura do setor 9, dificultando a evolução da escola da Tijuca, que ficou com a sétima posição.
Império Serrano, 1992
Em 1991, o Império Serrano foi rebaixado ao então Grupo de Acesso, quando trouxe um enredo que tratava sobre os caminhoneiros. No ano seguinte, em 1992, fez uma auto-homenagem dizendo-se injustiçado por não estar entre as grandes escola. O enredo era “Fala Serrinha, a Voz do Samba Sou Eu Mesmo, Sim Senhor”. Ainda que tenha feito um desfile elogiado pela garra dos componentes, a falta de verba era patente e a escola do Morro da Serrinha passou com muita humildade plástica pela Sapucaí. Até mesmo os carnavalescos Luiz Rangel, Paulo Resende e Wanderley Silva eram improvisados na função. Naquela época, duas escolas subiam para o Grupo Especial. O Império ficou em terceiro lugar, amargando mais um ano na segunda divisão, da qual só sairia em 1993.
Estácio de Sá (Unidos de São Carlos), 1980
Em 1980, a Estácio de Sá atendia por outro nome, Unidos de São Carlos. Naquela ocasião, a São Carlos fez um desfile sobre a sua própria história, referenciando-se à Deixa Falar, escola de samba pioneira do carnaval carioca, que mais tarde uniria-se ao bloco Paraíso das Morenas e daria origem à atual escola de samba. Em face da importância da “Deixa Falar” , o enredo de 1980 tinha o mesmo nome da extinta agremiação. A antiga São Carlos passou por muitos problemas de pista, além de uma claríssima falta de verba. Além disso, um acidente grave marcou aquele ano, quando um componente, o destaque Mauro Rosas (1934-1992) caiu do alto da alegoria, durante o desfile, que já acontecia na Marquês de Sapucaí, ainda que antes da construção do Sambódromo. Pesando 110 quilos e com uma fantasia de mais de 70, Rosas se desequilibrou do carro alegórico ao cumprimentar o apresentador Chacrinha, que estava num camarote. O artista fraturou nove costelas e uma delas perfurou o pulmão direito. A São Carlos foi rebaixada ao então Grupo 1-B, equivalente à atual Série Ouro. A São Carlos passou a chamar-se Estácio de Sá em 1984.
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