Pelo país com “Nômades”, que tem a perda como fio condutor, Malu Galli filosofa com HT: “não há como pensar a morte sem falar da vida”

*Com Lucas Rezende

O elenco da peça “Nômades” é o que a gente pode chamar de trio parada dura. Pela primeira vez atuando juntas, Malu Galli, Andréa Beltrão e Mariana Lima estão rodando o país em um espetáculo dirigido por Marcio Abreu. As meninas encarnam três atrizes – aí a arte imitando a vida! -, que tem que conviver com a morte precoce de uma amiga de profissão. Com o acontecimento, elas passam a questionar quanto tempo ainda temos, e o que fazer nele.

O projeto nasceu de um encontro de duas do trio. “Mariana me procurou para desenvolvermos algo, mas não sabíamos sobre o que seria ainda. Aí convidamos o Marcio Abreu pra dirigir e começamos a conversar”, conta Malu em entrevista ao HT. Na seqüência, chegou Andréa, e o texto foi concebido durante os ensaios. Aliás, Beltrão nos confessou que pediu para entrar na peça. “A dramaturgia solta me encanta”, comenta.

O trio de “Nômades”: Malu, Andréa e Mariana. (Foto: Divulgação)

Já para Malu, a atração por “Nômades” vem da chance de se expressar de múltiplas maneiras. “A peça passeia por muitas atmosferas e nós fazemos diversas coisas em cena: rimos, choramos, cantamos, dançamos”, entrega ela que também curte o efeito que o texto causa nos espectadores. “As pessoas saem inspiradas, com desejo de criar, dançar, procurar alguém que não vêem há algum tempo, ou fazer algo que têm vontade, mas que vêm adiando”, nos conta.

A atriz, no entanto, confessa que não perdeu muitas pessoas na vida, mas que foi o suficiente para a fazer refletir que “não há como pensar a morte sem falar da vida”. Encarando nosso tempo em terra como um antídoto para todas as angústias que o fim pode nos causar, Galli considera que, após conviver com a morte, o que nos move é a urgência da vida. “Acho que o que bate imediatamente depois da morte de alguém é a vontade de fazer seus sonhos acontecerem e de ser feliz agora, não daqui a pouco”, filosofa.

Já a colega de cena Andréa Beltrão leva a situação da forma mais sóbria possível. “Temos que aproveitar a vida não esperando muito de nada, suportando o vazio e o silêncio, sabendo valorizar os momentos felizes e principalmente não dando conselhos a ninguém”, dá a dica, mas dando o braço a torcer: “ a morte é sempre dura e cruel. Machuca muito. É um abismo enorme”.

As atrizes precisam lidar com a perda recente de uma amiga. (Foto: Reprodução)

No palco, o trio chega a soltar a voz com canções de Donna Summer, Maria Bethânia, Amy Winehouse, Tom Jobim, Kurt Kobain, Jennifer Beals e Michael Jackson; deixando qualquer cantora profissional morrendo de inveja. O resultado, segundo Beltrão, é resultado de muito treino. “Faço aula de canto há muitos e muitos anos, então foi natural pra mim. Mas nem em sonho me vejo como cantora, sou uma atriz que às vezes se arrisca a cantar. Mas tenho que ter cuidado pra não machucar os ouvidos do público…”, brinca.

Por fim, enquanto se prepara para pousar em Vitória, onde baixa para curta temporada no Teatro da UFES nos dias 17, 18 e 19, Malu Galli encerra esse papo meio macabro sobre superação e aproveitamento da vida, com um conselho que HT compartilha: “nem tudo acontece quando queremos. Às vezes temos que esperar e ter paciência. O que procuro fazer é não perder tempo com o que não vale à pena, com o que só tira energia e não constrói nada. Temos que tentar fazer aquilo que temos muita vontade”. Anotou?

Serviço

7º Circuito Banescard de Teatro com a peça “Nômades”

Data: 17 a 19 de abril

Horário: Sexta (21h), sábado (21h) e domingo (18h).

Local: Teatro Universitário da Ufes, em Vitória.

Ingressos: 30,00 (meia, Mezanino), R$ 50,00 (meia, Setor B) e R$ 60,00 (meia, Setor A)