Depois de muito disse me disse, a cantora Paula Fernandes abriu o coração para a coluna do jornalista Bruno Astuto, na revista “Época”, na qual falou sobre as recentes polêmicas que envolveram seu nome durante um dueto com o tenor italiano Andrea Bocelli, na última quinta-feira, em São Paulo. No palco, os artistas dividiram a canção “Vivo Por Ella”, e tudo corria bem, até que em um determinado momento Paula parou de cantar ocasionando um enorme buraco na apresentação. Não demorou muito para que o vídeo fosse compartilhado por milhões de pessoas na internet e junto com ele uma enxurrada de críticas à cantora sertaneja. Ainda abalada com o acontecimento, ela aproveitou a entrevista para se defender.
“Vou ser bem honesta. Rola uma perseguição pesada comigo. Eu sou daquelas que tropeçam na rua e falam que eu pulei. Fiquei muito chateada, porque eu sou muito profissional, dou sempre o meu melhor. E, desta vez, pegaram muito pesado. Foi uma bomba atômica. Me sinto injustiçada. Eu estava plena e preparada para fazer a minha parte. Se eu tivesse esquecido a letra ou travado, errar é humano. Mas não foi o caso”, revelou. “Naquela tarde, eu havia ensaiado com o maestro três canções, uma minha, uma com ele, ‘Canção da Terra’, e, na hora do ‘Vivo Por Ella’, era impossível eu fazer a parte aguda, porque sou contralto. Então o produtor do espetáculo separou os dois primeiros versos para eu cantar, e me disse que a soprano faria a parte mais aguda”, explicou.
Logo após o fatídico acontecimento, Paula chegou a comentar por meio de sua assessoria que a soprano Maria Aleida seria a responsável por cantar no momento do “apagão”, no entanto, por motivos de saúde, a cantora lírica não pôde subir no palco. “Na hora em que eu estava na coxia, praticamente entrando no palco, alguém me disse que a soprano estava com dor de garganta e não poderia cantar. Eu perguntei: ‘O Andrea está sabendo?’. Disseram que sim, mas ele não sabia. Na hora H, eu cantei os dois versos, ele não sabia, e ficou aquele silêncio. Ou seja, o que aconteceu foi uma desorganização da produção. Nem sei se ela estava doente, estou relatando o que me foi passado. O que eu vi é que ela pronta, arrumada, foi lá para trabalhar. Mas não subiu ao palco”, relatou.
Apesar disso, recentemente Maria Aleida desmentiu a versão de Fernandes. Em uma publicação nas redes sociais, a artista afirmou que não estava escalada para participar da apresentação. “Minha consciência está limpa, eu nunca abandonei o palco ou não cumpri com meu dever. Essa canção é um dueto e, não, um trio. Quem disse a senhorita Fernandes que a música seria cantada por três pessoas mentiu”, escreveu Maria Aleida. “Não tenho nada a ver com o fato dela ter paralisado! Ela não sabia a música. Nem ela e nem a outra (Anitta). Chegaram no ensaio lendo a letra da música no papel. Uma total falta de respeito com Andrea”, desabafou. Na noite anterior, Bocelli ainda dividiu o palco com Anitta e o cantor Daniel.
Mesmo após às críticas de Aleida, Paula Fernandes ainda descartou ter ficado paralisada durante o dueto. De acordo com ela, as pessoas estão sendo injustas em seus posicionamentos críticos. “É claro que eu estava emocionada, afinal estava cantando ao lado de um grande ídolo. Mas me preparei muito para aquele momento, estava muito feliz de estar naquele palco. Já fiz, graças a Deus, muitos duetos que me emocionaram, com pessoas maravilhosas, mas sou profissional. Acho injusto ter sido atacada dessa forma”, disse. “Algumas pessoas superdimensionam ou distorcem o que eu faço; o que eu não faço, inventam. Já não é de hoje. Aquele foi um acontecimento isolado, eu fui crucificada como se tivesse dado um vexame. Num show, tudo pode acontecer. Nas duas primeiras músicas, tudo correu muito bem, mas disso ninguém fala, não é?”, questionou.
Com mais de dois milhões de seguidores em sua conta no Instagram, a artista confessou que gosta de dividir sua via particular e profissional com os fãs, mas nem sempre os comentários são positivos. “Normalmente, eu não reajo, mas li coisas muito cruéis e acho que é um momento oportuno de levantar esse debate. Os haters estão aí para todos, infelizmente, e eu sei que não dá para agradar a todo mundo. Mas o que eu percebo é uma perseguição”, disse, que ainda acredita viver em um ambiente machista.
“Olhando para trás, vejo que entrei num meio muito masculino, o sertanejo. Quando comecei, por exemplo, alguns palcos tinham muitos buracos de divisórias e eu pedia para cobrir. Sabe como é, mulher usa saltão, não usa bota de caubói (risos). Mas levavam para o lado de que eu fazia mil exigências, aquelas coisas. A verdade é que para nós, mulheres, tudo é muito mais difícil. Eu abri uma clareira para as minhas colegas, e isso às vezes traz um ônus difícil. Mas sempre digo para as minhas fãs para não se intimidarem, então estamos aí, vamos seguir em frente”, completou.
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