IZA lança ‘Gueto’ e diz: ‘Nós podemos não nos ver na TV, mas o que as pessoas têm consumido vem desses lugares’

IZA nos bastidores de ‘Gueto’ por Rodolfo Magalhães

*Com Bell Magalhães

Apontada como uma das líderes da nova geração pela revista norte americana Time, a cantora IZA lança nesta sexta-feira o clipe de ‘Gueto’, o mais novo single da cantora. A música estará presente em seu segundo álbum, com o lançamento previsto para o próximo semestre. Tanto a letra quanto o vídeo fazem uma ode às raízes da artista, que nasceu em Olaria, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. “Queria desenhar um gueto colorido que lembro de cabeça e que, de fato, existe. É realmente um gueto colorido e bem cuidado, no qual não tínhamos medo de andar pelas ruas e que fechamos as nossas ruas aos domingos para o lazer”, conta. IZA assina a composição de Pablo Bispo, Ruxell e Sergio Santos, com quem já trabalhou anteriormente. A música caminha pelo pop referências de dancehall, afrobeat e tem momentos com o BPM mais elevado.

Capa de ‘Gueto’ (Divulgação)

Sobre a estética do clipe, a cantora afirmou que a intenção é criar um espaço comum que encontre a memória de todas as pessoas que têm uma relação de afeto com os seus respectivos bairros. “Quero mostrar esse lugar e torná-lo lúdico e editorial. Ao mesmo tempo que eu venho de Olaria, queria que as pessoas enxergassem as suas origens, então não caracterizei muito como o meu bairro, mas trazendo elementos que trouxesse essas lembranças para as pessoas que cresceram nos seus próprios bairros”. Para IZA, música passa uma mensagem clara para ela mesma: a de nunca se esquecer das origens e de onde veio e para celebrar as próprias conquistas e a representatividade que as cercam: “‘Gueto’ é uma celebração de tudo o que está acontecendo na minha vida, apesar dos problemas que estamos enfrentando desde 2020 até hoje. A música é uma forma de celebrar de onde eu vim e as conquistas”. 

“‘Gueto’ é uma celebração de tudo o que está acontecendo na minha vida. A música é uma forma de celebrar de onde eu vim e as conquistas” (Foto: Rodolfo Magalhães)

Com roupas de ‘label’ e frases como ‘mais um contrato para eu assinar’, a artista deixa claro que o ponto central não é se exibir, mas mostrar que, com ela, muitas portas foram abertas. “Não é sobre ostentação, mas sobre ocupação. É sobre eu ser uma menina preta retinta, da Zona Norte estampando vários comerciais onde eu nunca tinha visto uma mulher preta antes. É sobre uma alegria muito grande de tudo o que está acontecendo sabendo de onde eu vim e como o lugar que eu vim é especial, e pretendo levar esse sentimento de pertencimento para outras pessoas”. E o que significa para você falar da carreira em um momento que seu alcance está cada vez maior? “Significa muito abrir os olhos das pessoas que vem desse lugar também. Significa trazer o sentimento de pertencimento, ter orgulho de onde vim, que brota ouro de onde eu saí e o que mais faz sucesso nesse país vem do gueto sim. Nós podemos não nos ver na TV, mas as coisas que as pessoas têm consumido vem desses lugares. Fazemos parte e somos base de tudo e, com certeza, deveríamos ocupar mais”, afirma. 

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