A atriz e professora de interpretação Helena Varvaki reúne sua experiência e os questionamentos de 30 anos de carreira em ‘Ator: um artesão de si mesmo‘, lançamento das Edições Cândido. O livro reflete sobre a arte do ator, tendo como fio condutor o texto ‘O artista e o artesão‘ de Mário de Andrade e conversas com as atrizes Claudia Ventura, Cristina Pereira, Maria Esmeralda, Marjorie Estiano e Patrícia Pillar. O foco é como cada uma das atrizes, com seu universo e inquietudes, vive o processo de criação e lida com os desafios de seguir na profissão.
Na obra, Varvaki aborda três aspectos da criação: o artesanato, a virtuosidade e a solução pessoal. “Amo perguntas e algumas sempre me acompanham. Como posso contribuir para um pensamento sobre a atuação que seja construído por nós atrizes e atores? Como o ator pode refletir sobre o que viveu, para dele apropriar-se e construir seu caminho de maneira criativa e autônoma? Como transformar as alegrias, angústias, dúvidas, incertezas, momentos de êxtase, assombros vividos no dia a dia da profissão em um pensamento articulado? Como a prática e a lida diária podem se transformar em palavras capazes de mover esta mesma prática? Essas são algumas das questões que me moveram na escrita desse livro. O desejo não é de dar respostas, é de, através do diálogo com outras atrizes, provocar novas perguntas e fazer o pensamento desdobrar-se”, reflete a autora.
Com grande sensibilidade, a atriz trouxe a escuta que sempre buscou em cena para este encontro com suas colegas de profissão. Um diálogo que coloca para jogo suas questões e insights sobre cada trajetória e a sua própria, nos servindo de luz para o mistério que há no artesanato pessoal do ofício do ator. A leitura do livro pretende nos atravessar como se fossemos espectadores ativos de um encontro entre atrizes de diferentes gerações e estilos, expondo suas dúvidas, transformações ao longo do tempo, buscando responder como transformar as alegrias, angústias, incertezas, momentos de êxtase e assombros vividos no dia a dia da profissão em motivação criativa.
Sem a pretensão de apresentar respostas fechadas, pois é o questionamento constante que nos faz avançar, Helena Varvaki oferece uma provocação a qualquer ator engajado na sua arte, “lidando com as pressões do cotidiano e a luta pela sobrevivência sem se alienar, um ator que compreende que o trabalho sobre si é permanente, pois as mutações são constantes quando permitimos o contato com a vulnerabilidade, que nos caracteriza como seres humanos.”
Enquanto no Brasil há poucas publicações sobre a arte do ator escritas por atores, justamente por este motivo o livro de Helena Varvaki nasce pronto para se tornar uma obra de referência.
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