O Festival Visões Periféricas está rolando no Rio até domingo. Único do gênero no Brasil e referência na América Latina, esse ano, em sua 9ª edição, o evento homenageará o funk carioca em 81 filmes selecionados e distribuídos em mostras competitivas e informativas. O Visões Periféricas representa a noção de periferia e, através de produções audiovisuais construídas em diferentes plataformas, formatos, linguagens e narrativas estéticas, traz ao público o tamanho e a diversidade do Brasil. Quem está no comando do festival são os diretores Emílio Domingos, da “Batalha do Passinho”, e André Sandino, cineclubista e curador de diversos festivais de cinema.
Geralmente, o Visões Periféricas escolhe uma personalidade para ser homenageada, mas, esse ano, os organizadores decidiram representar a evolução de uma expressão cultural. “O funk carioca, como uma legítima expressão da cultura da periferia, sofreu muito preconceito ao longo dos anos e hoje é patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. Ele rompeu barreiras sociais, é produzido no Brasil inteiro e pode ser ouvido até na novela das nove. Nada mais justo do que valorizar este movimento de resistência, que representa a legítima cultura da periferia”, disse Marcio Blanco, idealizador do festival. “É a manifestação popular mais expressiva do Rio de Janeiro, com 45 anos de história”, completou Emílio Domingos. Os DJS Marcão e Batutinha receberam os troféus no primeiro dia do evento. Marcão é um dos fundadores da equipe Cash Box e Batutinha é produtor de celebridades do funk moderno, como a Anitta. “O DJ Marcão tem 40 anos de história, é uma pessoa que trabalhando com o funk há muito tempo, já o Batutinha é mais novo, produz para uma nova geração e tem aumentado sua dimensão”, explicou Emilio, sobre os homenageados.
Os documentários estão sendo exibidos em 15 diferentes salas, como o cinema Oi Futuro, em Ipanema, o Centro Cultural da Justiça Federal, pontos da Baixada Fluminense e interior do estado. As mostras competitivas são “Tudojuntoemisturado”, de filmes de até cinco minutos produzidos por meio de dispositivos móveis e em formatos inovadores; “Visorama”, que são filmes de até 30 minutos produzidos por alunos de oficinas, escolas livres e projetos de formação audiovisual em todo Brasil; “Fronteiras Imaginárias”, produções de até 30 minutos produzidos por realizadores independentes; e “Cinema da Gema”, filmes realizados por diretores cariocas e fluminenses. As mostras informativas são a “Panorâmica”, de média e longa-metragens com duração de pelo menos 40 minutos; “Lugar Incomum”, películas que mostram lugares do país registrados por moradores com o objetivo de fazer com que o público conheça cada recanto do Brasil; e “Singular Periferia”, produtos com personagens inusitados que fazem parte e compõem suas cidades. “É engraçado que tem o nome periferia, mas os filmes são feitos em todo o Brasil. O festival tem uma diversidade enorme. São diversos assuntos, locais e olhares. É um panorama de produção gigante”, garantiu o curador Emílio Domingos.
Diversos estados do Brasil como Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Amazonas, Alagoas, Bahia, Sergipe e Paraíba estão representados nessa edição, o que mostra a diversidade e importância do Visões Periféricas em todo país. Além disso, o festival contará com a presença da “Mostra Colômbia”, em que serão exibidos curtas produzidos nas periferias colombianas e contará com 18 produtores de audiovisual da cidade de Medellín. Emílio Domingos e André Sandino foram os responsáveis pela seleção de cada um dos participantes e acompanharam de perto todo o processo. “São muitos filmes escolhidos e tentamos prezar pela qualidade e pela diversidade regional. Além da enorme produção, a qualidade vem aumentado, porque as pessoas têm tido mais acesso à tecnologia e conseguem produzir mais e melhor. A bagagem do festival cresce na mesma proporção”, explicou Emílio, que já está à frente do processo há três anos consecutivos.
O festival marca ainda a estreia nacional do documentário “Funk Brasil”, composto por cinco episódios dirigidos por Luciano Vidigal, Júlio Pecly, Paulo Silva, Marcelo Gularte, Rodrigo Felha, Christian Caselli e Cavi Borges. Além de cinema, haverá também espaço para reflexões, debates e seminários sobre diferentes temas, que vão desde o universo do funk até as formas de produção audiovisual na periferia. “O festival gera reflexões que aumentam a cada ano. O público é formado por pessoas que usam o espaço para debates que vão além dos filmes. Acredito que o Visões Periféricas virou também um fórum de debate para o cinema brasileiro ultimamente”, contou Emílio Domingos.
O Festival Visões Periféricas 2015 conta com o patrocínio do Governo do Rio de Janeiro, da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura, pela Lei de Incentivo à Cultura, com apoio cultural do Oi Futuro. “O Visões Periféricas é o único com este perfil no Brasil e é realizado com regularidade há quase uma década, o que não é algo trivial. Ele mostra a produção destes territórios e valoriza os realizadores, independente de onde sejam. Nosso interesse é visibilizar uma estética viva, real e íntima das periferias e isto acaba sendo o nosso diferencial”, avalia Marcio. Além das salas de cinema disponíveis, os filmes e seminários do Festival Visões Periféricas 2015 também poderão ser vistos pelo site oficial.
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