46ª Francal retoma as rédeas do varejo e esquenta o verão 2015 com expositores de alta qualidade


Com as rodadas de business aquecendo o mercado após a gelada da Copa do Mundo, o salão de negócios sai na frente e apresenta moda para todos os gostos. São destaques: animal print, franjas, metalizados, etnia e cores modernas para os calçados masculino!

Após um primeiro semestre atípico, influenciado pelo resultado direto da Copa do Mundo e o desaquecimento do varejo e da produção industrial, julho encerra quente, arcado pelas feiras de moda procurando alavancar o comércio na estação  mais rentável do ano – a primavera-verão. Enquanto o Sul do Brasil se aqueceu com a Fenin e o Rio de Janeiro tem o Salão Bossa Nova em curso até esta quinta-feira (31/7), sai o balanço da Francal, a plataforma que movimentou o mercado atacadista de calçados e acessórios entre 15 e 18 de julho em São Paulo. Os números são respeitosos: segundo a assessoria do evento, passaram pelo pavilhão do Anhembi 40,8 mil visitantes profissionais, entre 17.505 compradores de todos o Brasil  e 1.015 compradores internacionais de 60 países, que conferiram as novidades de 800 expositores de calçados e acessórios de moda, entre bolsas, cintos e bijuterias.

E, se os corredores da feira não pareceram tão cheios nesta 46ª Feira Internacional de Moda em Calçados e Acessórios, a opinião de quem esteve por lá exibindo e vendendo seus produtos é quase unânime: sim, o evento teve um público qualificado e quem esteve por lá foi aquele típico comprador dirigido, que circulou pelos estandes com o objetivo de efetuar compras tendo em vista importantes datas do varejo como o Natal. “O resultado foi extremamente positivo”, afirma Marcelo Favrin Filho, supervisor comercial da West Coast e Cravo + Canela, um dos expositores, com espaço voltado para os segmentos masculino e feminino. Já para as Havaianas, estima-se que o crescimento em vendas foi 50% superior em relação ao ano passado. E Jorge Bischoff, do sul, afirma que “o estande estava tão movimentado desde o primeiro dia que parecia Fifa Fun Fest em dia de jogo de decisão. Questionado sobre o motivo de ter a casa cheia enquanto alguns concorrentes ainda amargavam a ressaca econômica mundial, ele foi categórico: “Nos preparamos para esse cenário, ampliando a coleção, mobilizando nossa estratégia de marketing e vivendo a consequência de um trabalho iniciado muito antes”.   

Para o presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala, “a feira cumpriu o papel de resgatar a confiança do mercado depois de um primeiro semestre estagnado”. E, se o baixo crescimento econômico foi decisivo para um primeiro semestre fraco, a realização da feira pode significar a retomada dos negócios. “Levando em consideração que as expectativas não eram as melhores, avaliamos o evento de forma positiva”, afirma Heitor Klein, presidente-executivo da AbicalçadosAssociação Brasileira das Indústrias de Calçados, em sintonia com Antoniel Marrachine Lordelo, presidente da Ablac – Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados, para quem “se apostou alto nas novidades para que haja neste semestre um resultado superior ao primeiro, com novidades que atrairão consumidores. Teremos um volume de vendas superior”. De fato, o investimento foi alto, a começar pela qualidade dos estandes, que surpreendeu tanto pelas coleções quanto pelo acabamento físico dos amplos espaços.  HT esteve por lá e conferiu de perto os lançamentos do setor. E, desde já, está decretado: também nos acessórios esta primavera-verão será a estação do animal print, dos metalizados, dos florais e das superfícies vazadas ou telada. Confira!             

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Fotos (Divulgação)

Para compensar o amargor pela atividade econômica prejudicada pela Copa do Mundo e com o objetivo de disputar metro a metro pela atenção dos visitantes, os expositores não mediram esforços na hora de investir em espaços amplos que valorizaram a exposição dos produtos. Desde gigantes como a Ortopé, Arezzo e Eckö até fabricantes de produtos mais segmentados para o segmento feminino de calçados, o cuidado era o mesmo. Andréia Koppe, gestora comercial da Guilhermina, empresa situada no Rio Grande do Sul que aposta na diversidade de modelos e em opções de couros e texturas, alega que “é essencial a preocupação com a ambientação, com trabalho que chame atenção pela originalidade e promova o diferencial, Por isso essa vitrine conceitual, que conversa diretamente com nossa coleção”. Nesse caminho, empresas que não são tradicionais em calçados, mas que andam apostando pesado no setor, ampliando suas coleções com mega linhas de acessórios, como Cavalera e M.Officer, marcaram presença firme na Francal.

Assim, a extensão do conceito de moda que algumas empresas têm no segmento de vestuário foi reverberado nos estandes da feira. Praticamente o caso da Havaianas, mas que faz o caminho inverso, agora produzindo roupas a partir da sua linha de sandálias rasteiras consolidada no mundo inteiro. A Alpargatas, conglomerado que detém a marca, aposta desde o final de maio em coleções de roupas, tendo realizado recentemente um super desfile para formadores de opinião para alavancar essa operação nas novas flagship stores no Rio e em São Paulo. “Esse investimento que fizemos, com o evento de lançamento e a repaginação da loja da Oscar Freire, nos Jardins, teve desdobramento aqui na Francal. A atmosfera de mercado de rua que decora nossas novas lojas é a mesma do espaço aqui da feira”, explica Cristina Dell’Amore, assessora de imprensa da marca. “A consequência pode ser vista no ótimo desempenho que tivemos nestes quatro dias de evento”.     

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Fotos (Divulgação) 

Entre as principais tendências vistas na feira, etnia, candy colors (tons suaves ou pastel),  metalizados que vão do ouro ao prata, superfícies teladas ou vazadas, ítens nas cores laranja e azul klein, animal print (tanto onça quanto a cobra, que sai na largada) e franjas estiveram presentes nas coleções de quase todos os expositores.

A Cavalera foi uma que focou na etnia para impressionar os compradores. A linha de vans masculinos nesse caminho foi uma das que mais fizeram sucesso durante o evento. “Estamos cada vez mais presentes nas feiras atacadistas de calçados de todo o Brasil”, brada em coro a equipe de vendas, animada.

Nesse caminho, marcas tradicionais do segmento calçadista como a Bottero preferiram surfar nessa levada étnica, com padronagens africanas e pegada folk. Houve até quem seguisse essa tendência, acrescentando pastilhas sobre tiras e cabedais ou ainda desenvolvendo linhas inteiras na bola da vez – a cobra – ou nos tais acabamentos franjados, como ArezzoRaphaella Booz e Cravo e Canela. De fato, impressionou a presença ainda significativa desse efeito em quase todas as coleções femininas. “Não dá para abrir mão das franjas, elas continuam fortes em sapatos e bolsas”, afirma Marcelo Albretch, estilista da M.Officer na linha de calçados produzida em Novo Hamburgo. Ele chama atenção também para a série de escarpins em cobra colorida e para os composês de sandália com bolsa em pegada náutica. “Não dá pra esquecer essas listras e as peças em duas cores, outras fortes influências internacionais que vão acabar parando nas vitrines em sintonia com os desfiles e editoriais de moda”, ressalta.

“O consumidor ainda não se cansou das franjas, esse tema ainda é forte”, fala Andréia Koppe, da Guilhermina, outra que vê nos onipresentes franjados uma forma de fazer bons negócios. Mas ela não para por aí, se arriscando também em estampas exclusivas artsy, com pinceladas, para evitar que sua coleção fique pasteurizada. “È uma forma de me destacar, sobretudo entre aqueles lojistas mais exigentes, que querem comprar aquilo que é venda certa, mas também pretendem oferecer à sua clientela opções mais personalizadas, em grade mais exclusiva”. Por isso, ganharam prateleiras inteiras em seu estande linhas de sandálias com telas aplicadas ou arabescos bordados com efeito vazado.

Luiza Macedo, da coordenadora de vendas Fuseco, empresa sediada na Moóca, São Paulo, concorda com Andréia Koppe e explica que as peças com decorações especiais são o carro-chefe: “Fabricamos na China e, diante do volume de negócios, não podemos errar. Sim, a franja ainda tá de pé, continua vendendo, assim como alguns detalhes em spikes e tachas, de forma mais discreta. Mas o que mais está saindo mesmo são as peças vazadas e teladas, sobretudo as em cores suaves. Já o póa caiu mesmo. Trouxemos para cá porque já tínhamos, era da coleção passada, mas dessa vez não pegou”.

Em outra direção, Marcelo Albretch comemora o sucesso da linha de tênis femininos que misturam onça com detalhes metalizados. “O ouro continua forte, apesar de a moda estar entrando cada vez mais na releitura dos anos 1990 e, assim, o prata estar começando a ganhar relevância. Para não passar do ponto, estamos misturando os dois metais, senão assustamos o cliente”.  

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Pioneira no conceito worker no Brasil e famosa pelos seus boots de solado tracker, a West Coast foi outra que fez barulho na feira, intensificando a leitura de moda em sua coleção masculina. O resultado desse esforço pode ser conferido pelos visitantes na coleção Moderna Cultura Worker, que estabelece a aproximação da marca com a música, cultura e os esportes. Marcelo Favrin Filho ressalta a importância de ir de encontro ao lifestyle desse homem  atual, apresentando modelos que atendam a estes novos anseios. “O brasileiro está se modernizando, está menos clássico e mais na moda, mais ousado. Daí o crescimento da linha que desenvolvemos junto com o João Pimenta, um designer contemporâneo que investiga os caminhos do estilo masculino em seus desfiles na São Paulo Fashion Week“. Por isso mesmo, uma das linhas que mais impressionou os visitantes da Francal foi o mix Hot, em com  calçados em cores fortes que iluminam o verão. “Até algum tempo atrás, esses drivers e mocassins em cores vibrantes só eram encontrados lá fora em grifes como Hush Puppies. Mas está em expansão no Brasil o público que consome esse tipo de calçado em gamas tão modernas. A cada estação até a coleção de abotinados fica mais urbana”, completa.       

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