Moda panfletária: na SPFW, personalidades fashion comentam a reeleição de Dilma e o que se deve (ou deveria) esperar dela em relação à indústria têxtil


Regina Guerreiro, Costanza, Ronaldo Fraga, Maria Prata, Alicia Kuczman, Bruna Tenório, Arlindo Grund, Talytha Pugliesi. Nomes de peso no universo da moda – e até alguns novatos – fazem suas previsões para os próximos quatro anos de PT no trono

*por João Ker

Para o bem ou para o mal, o resultado das eleições presidenciais de 2014 descambou em mais quatro anos com Dilma no poder, o que totalizará 16 anos de PT no Planalto, goste-se ou não. A vitória acirrada da soberana do terninho vermelho com talho demodê e lapelas de Bozo se reflete no fato de que grande parte do Brasil não está satisfeita com os resultado obtido pelo seu partido nas urnas e traz a reboque uma onda de opiniões contrárias e desgostosas, que podem ser facilmente encontradas pelos quatro cantos do mundinho online. Apesar de parecer frívola, a moda nunca deixou de dar seu parecer político, deguste quem degustar. Tanto que, durantes a edição verão das semanas de moda, alguns exemplos puderam ser vistos, tanto nas passarelas nacionais de marcas como a Cavalera e a Ellus 2nd Floor, quanto no manifesto multi temático que Karl Lagerfeld apresentou pela Chanel durante a Semana de Moda de Paris. Nesse espírito panfletário, mas muito elegante, e tendo em mente o aviltante monopólio presidencial exercido pelo Partido dos Trabalhadores, HT tem percorrido os corredores da São Paulo Fashion Week para descobrir o que a nata fashion espera para os próximos quatro anos no setor têxtil e na indústria da moda. De Thairine Garcia e Regina Guerreiro a Ronaldo Fraga e Arlindo Grung, abaixo você lê as melhores e piores previsões para o período que vem pela frente:

A super top e apresentadora Talytha Pugliesi diz que não sabe muito bem o que esperar desse momento: “Não faço ideia, como eu vou saber? Agora, quer cuidar da moda? Acho muito bom. Mas na lista de prioridades dela, isso tem que estar lá embaixo, bem depois de coisas como saúde e educação”.

Talytha Pugliesi (Foto: Gustavo Chams)

Talytha Pugliesi (Foto: Gustavo Chams)

A consultora de moda e empresária Costanza Pascolato, conhecida por não medir gentilezas, faz a linha desentendida quando se retira da linha de fogo: “Eu não espero nada! Espero estar viva, isso sim. A Dilma foi reeleita? Mesmo? Surprise, darling!”

Costanza Pascolato (Foto: Gustavo Chams)

Costanza Pascolato (Foto: Gustavo Chams)

Quando perguntada sobre política, Mayara Rubik coloca a mão na testa, arregala os olhos e começa a gesticular: “Eu não espero nada, eu estou desesperada. Você pode reparar que quando o Aécio estava indo bem nas pesquisas, a economia melhorava, a inflação caía etc. Agora, parece que ninguém se preocupa com nada, nem com a economia. Eu estou ficando em Noa York agora e, enquanto eu ia encontrando as pessoas e comentando, ninguém sabia de nada. Nem as brasileiras! Isso sem falar que tem muita gente insatisfeita por aqui. Eu tenho medo até de uma guerra civil, sei lá. A gente nunca sabe, né? Mas de qualquer forma, eu continuo orando pelo bem de tudo”.

Mayara Rubik (Foto: Gustavo Chams)

Mayara Rubik (Foto: Gustavo Chams)

Apesar de ter entrado recentemente no meio, o new face paranaense René Ainati confessa que precisou pesquisar um pouco mais sobre dados concretos antes das eleições: “Eu vi que os impostos no meio da moda subiram e, com isso, os cachês foram reduzidos, dentre várias outras coisas. Estava conversando com um booker de Belo Horizonte e ele me disse que, por lá, o Aécio Neves ajudou bastante a indústria têxtil a se desenvolver. Acho que se ele tivesse sido eleito, poderia esperar melhores coisas da política. Agora não sei não”.

Rene Ainati (Foto: Gustavo Chams)

Rene Ainati (Foto: Gustavo Chams)

Regina Guerreiro, a estrela absoluta da websérie “Enjoy!”, ex-editora da Vogue Brasil e detentora de personalidade tanto efusiva quanto atirada, a par de qualquer assunto e sem medo algum de opinar, é direta e categórica: “Eu espero que piore, porque odiei ela ganhar. A Dilma é um grande mal entendido, na verdade. Ela pode ter lá os seus ideais, mas governar um país do tamanho de um continente é algo complicado. Depende de mil fios e é algo muito complexo. Ela já teve a chance dela de mudar esse cenário e não fez isso, então não vejo o motivo algum para que ela continue”.

Regina Guerreiro esperando o desfile de Alexandre Herchcovitch começar (Foto: João Ker)

Regina Guerreiro esperando o desfile de Alexandre Herchcovitch começar (Foto: João Ker)

Apesar de passar bastante tempo no exterior, Bruna Tenório ainda mantém o otimismo brasileiro e declara, ufanista: “Eu espero que eles ajudem os menos favorecidos. Acredito e tenho esperanças para o Brasil, independente do partido que esteja no poder”, diz, saindo pela tangente.

Bruna Tenório  (Foto: Gustavo Chams)

Bruna Tenório (Foto: Gustavo Chams)

Logo após apresentar sua coleção repleta de vermelho na passarela, que bem poderia parecer aos desavisados uma referência ao partido de Dilma – mas que HT se encarrega de adiantar que não foi -, o estilista Ronaldo Fraga comenta que espera da presidente a devida atenção à indústria têxtil: “O que move a economia do país sempre foi a micro e pequena  empresa, mas elas têm sucumbido em função de uma política desastrosa, estão caminhando por um fio. Parece que está existindo um olhar míope em relação à economia”. HT pergunta se isso significa que a representante do PT que ama se sentir soberana precisaria de um par extra de olhos, assim como os do make up que as modelos de seu desfile usaram em cena. O artista responde: “Sim, por favor, deem mais olhos a Dilma!”, ri o mineiro.

Ronaldo Fraga (Foto: Gustavo Chams)

Ronaldo Fraga (Foto: Gustavo Chams)

O apresentador e jornalista Arlindo Grund chega a oferecer os seus serviços para a presidente: “Deveriam dar mais atenção para moda. É uma indústria que gera bastante emprego e renda, mas na maioria das vezes as pessoas encaram como se fosse apenas futilidade. Talvez um pouco de incentivo fiscal e apoio aos profissionais… Se o governo quiser, eu me predisponho a prestar um serviço de consultoria”, diz rindo e enfatizando que a líder do poder executivo se veste muito mal, mas deixando entrever nas entrelinhas que toparia o jabá sem pestanejar.

Arlindo Grund (Foto: Gustavo Chams)

Arlindo Grund (Foto: Gustavo Chams)

Apesar de ser novinha e não precisar votar obrigatoriamente (tem 17 anos), Thairine Garcia afirma que ficou chateada com o resultado: “Eu acho que já não deu certo da primeira vez, então não tinha por quê continuar tentando. Depois das manifestações, parece que as pessoas estão insistindo no mesmo erro, em um looping sem fim”.

Pat Bo (9 de 18)

Thairine Garcia (Foto: Gustavo Chams)

Atualmente longe da editoria da Harper’s Bazaar Brasil e apresentando um programa na Globo News, Maria Prata concorda com Arlindo Grund e acredita que muitas pessoas não enxergam a verdadeira importância da indústria têxtil, entre elas a alta cúpula do governo: “Essa é uma indústria com um potencial enorme, mas que ainda não recebeu sua devida atenção. E não é apenas neste governo Dilma, é desde sempre. Para você ver, o SPFW existe há 20 anos e por todo esse tempo o mercado vem pedindo um incentivo extra que nunca foi dado. Uma lástima. Por isso que a moda está assim: morrendo”.

Maria Prata (Foto: Gustavo Chams)

Maria Prata (Foto: Gustavo Chams)

Alicia Kuczman parece ser uma das pouquíssimas criaturas no Sistema Solar que reconhece os pontos positivos da atual presidente: “Espero um governo com apelo social, até porque ela começou a dar uma nivelada no poder de compra das pessoas, né? Eu admiro e bato palmas. O PT rouba? Sim. Mas só temos ladrão no poder, a única diferença é que antes não havia tanto research. Eu só não gosto dessa coisa de ficar muito tempo no poder e manter esse monopólio”, afirma, deixando transparecer que, para ela, a política “do rouba, mas faz” talvez fosse tolerável em alguma patamar, caso o governo promovesse melhorias sociais de fato. Hum…

Alicia Kuczman (Foto: Gustavo Chams)

Alicia Kuczman (Foto: Gustavo Chams)