Espetáculo “Crime e Castigo, 11:45 – um recorte” comemora bicentenário de Dostoiévski


Mestre em denunciar as injustiças sociais e o perigo do individualismo exacerbado, o escritor Fiódor Dostoiévski, que nasceu em 1821, continua atual no ano…

Mestre em denunciar as injustiças sociais e o perigo do individualismo exacerbado, o escritor Fiódor Dostoiévski, que nasceu em 1821, continua atual no ano em que completa o seu bicentenário. Para marcar a data, a atriz e produtora Liliane Rovaris estreia a peça “Crime e Castigo, 11: 45 – um recorte”, nesta quinta-feira (22), pelo Sympla.

O espetáculo narra a história do encontro de dois personagens do livro icônico do escritor. Raskólnikov, cada vez mais isolado e perturbado, acaba por cometer um crime que tentará justificar por uma estranha e perigosa teoria: se grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História por que eu não posso matar uma velha usurária, que maltrata todos e não serve pra nada com o intuito de melhorar a vida de muitas pessoas? “Na luta interna com sua consciência e sem conseguir utilizar os bens que roubou, ele encontra com Sônia, filha de um amigo seu, que é levada a prostituir-se para evitar que as crianças de sua madrasta morram de fome. Quando os dois se encontram, ele pede a Sônia que leia a passagem bíblica sobre a ressurreição de Lázaro, o capítulo 11, versículo 1 a 45 do livro de João, daí o título do espetáculo”, esclarece Liliane.

“Sua leitura revela a Raskólnikov algo de muito íntimo, aquilo que lhe sustenta, uma fé em algo que ele não compreende e não aceita. No impulso de concretizar o laço entre os dois, Raskólnikov é tomado pela necessidade de confessar seu crime a ela. A montagem se inspira em trabalhos performáticos como o do The Wooster Group, companhia sediada em Nova York, conhecida por criar inúmeras obras que investigam a relação entre teatro e cinema”, conclui. E se Dostoiévski nos traz a previsão do que poderia acontecer devido ao individualismo exacerbado que apenas se iniciava em sua época, nos traz também a esperança de um mundo em comunhão. Em “Crime e Castigo”, é através da figura de Sônia que isso se dá. Sônia no pensamento russo é Sophia, o feliz encontro com a natureza, entre criador e criatura.

Ficha técnica
Dramaturgia : Liliane Rovaris a partir da obra de Fiódor Dostoiévski
Direção e atuação: Liliane Rovaris
colaboração artística : Areas Coletivo (Miwa Yanagizawa , Camila Márdila e Maria Silvia Siqueira Campos), Adriano Guimarães e Rodrigo Carvalho
Assistência de direção: Leo Biachi
Direção de fotografia: Tatiana Devos Gentili
Tradução de Crime e castigo: Paulo Bezerra e Rubens Figueiredo
Produção: Liliane Rovaris

Serviço
Dias 22, 23, 24 e 25 de abril, às 20h
Grátis / 16 anos / 90 min
https://www.sympla.com.br/produtor/crimeecastigo1145