Documentário mistura ficção e realidade para retratar questões vividas pelos LGBTQIA+


O curta-metragem ‘Homo Doc’ dirigido por Julio Wenceslau, pretende promover a reflexão acerca dos dramas que marcam toda uma comunidade, composta pelos mais diversos tipos e histórias

O que você tem medo de perder? Eis a pergunta que permeia diariamente as histórias de pessoas que compõem a sigla LGBTQIA+ e que é o mote para o documentário ‘Homo Doc que estreia no dia nesta terça-feira (dia 30) às 16h no canal do YouTube – https://www.youtube.com/channel/UCNqLixtpRgTKB7y7FEUYC8w e também pelo Instagram @homo.doc. Histórias ficcionais, criadas pelo roteirista Jozias Benedicto, depoimentos reais e fatos históricos se entrelaçam nas vozes dos quatro atores que compõem o elenco e que trazem à tona temas como união civil, família, luta, HIV/AIDS, representatividade política, racismo, transfobia e censura.

O documentário foi realizado com recursos do Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Aldir Blanc, e surge do encontro dos artistas envolvidos com a ficção e com personagens da vida real. Além das histórias e personagens criados por Benedicto, o projeto ainda contou com entrevistas e depoimentos realizados a partir de questões vividas dentro da comunidade LGBTQIA+, da qual inclusive maior parte do elenco faz parte.

O projeto conta com entrevistas e depoimentos realizados a partir de questões vividas dentro da comunidade LGBTQIA+, da qual inclusive maior parte do elenco faz parte (Divulgação)

O projeto conta com entrevistas e depoimentos realizados a partir de questões vividas dentro da comunidade LGBTQIA+, da qual inclusive maior parte do elenco faz parte (Divulgação)

“Percebemos que trazer fatos reais e pessoas em seu local de fala auxiliaria na identificação da população através do que chamamos de ‘efeito espelho’. A realidade narrada, através de depoimentos e contextualização histórica, sendo espelhada nos personagens. E dessa forma atravessam a tela, estabelecendo esse efeito refletido entre o espectador e a obra, mostrando que ficção e realidade caminham juntas. As histórias que ouvimos, lemos e contamos, estão acontecendo por aí, em toda parte”, explica Jozias.

O elenco do curta que levanta questões de representatividade LGBTQ (Divulgação)

O elenco do curta/doc. que levanta questões de representatividade LGBTQ (Divulgação)

Para todos, todas e todes

Se a proposta é refletir sobre inclusão social, o curta-metragem estará disponível com legendas e linguagens em libras, bem como legendas em inglês e espanhol. Tudo para que a reflexão atinja o maior número possível de pessoas. Afinal de contas, como o diretor do documentário, Julio Wenceslau, destaca, “a relevância do debate e desse projeto não está pautada somente para a classe LGBTQIA+, mas igualmente para a sociedade em geral”.

Um dos personagens retratados no curta é representado pelo ator Angelo Mayerhofer. A partir dele, se discute os direitos dos gays que mantém uma união estável durante anos. Quando um dos companheiros morre, contaminado pela Covid-19, os familiares excluem o que ficou de qualquer tipo de partilha. Algo recorrente na vida de casais LGBTQIA+, visto que muitas famílias se recusam a aceitar a orientação sexual de seus filhos e filhas. “A extinção da homofobia e qualquer tipo de preconceito é uma luta que precisa cada vez mais ser levada a sério. E, sendo assim, a família possui um lugar de destaque nessa luta, haja visto que ela ocupa um papel importantíssimo na formação de todo e qualquer cidadão. O convívio familiar, local onde se deveria promover segurança e respeito é, muitas vezes, cenário de relações conflituosas e palco de agressões físicas e morais. Ou seja, se dentro de casa o desrespeito é rotineiro o que esperar dessa sociedade perversa, cruel e aterradora? Esse é um dos motivos pelos quais acredito que tais reflexões são pertinentes e fundamentais”, completa Wenceslau.

O público poderá conferir todo o processo de criação do documentário via internet (Divulgação)

O público poderá conferir todo o processo de criação do documentário via internet (Divulgação)

Outros personagens se destacam no documentário: o gay enrustido, vivido pelo ator Anderson Nuud, que não se sente parte de uma comunidade e renega sua sexualidade vivendo na chama “fachada” heterossexual; o soropositivo interpretado por Daniel Vaz, que critica o conservadorismo vigente e a consequente desunião dos LGBTQIA+; e um artista representado por Felipe Gouvea, que vê seu trabalho censurado e sofre ataques de conservadores na internet. Assuntos bastante atuais no Brasil de 2021.

Bastidores e lives

O público ainda poderá conferir todo o processo de criação do documentário via internet. Ações audiovisuais com relatos e apresentação de toda a equipe, bem como os depoimentos recolhidos também poderão ser assistidos nas plataformas digitais (YouTube e Instagram). E, para fechar, será realizada uma live, amanhã, às 20h, para que os membros da equipe possam interagir com o público.