* Com Lucas Rezende
O forró é mais internacional do que se possa imaginar. Danças que originaram seu remelexo característico, como o xote e o xaxado têm origens lusitanas e holandesas, respectivamente, por exemplo. Já foi o tempo em que era apenas solo de acordeão e arrasta-pé em chão batido. O ritmo, que ficou consagrado por meio de nomes como Luiz Gonzaga, Marinês e Genival Lacerda, ultrapassou – não há muito tempo – as fronteiras do Nordeste e alçou novos vôos, assim como sua origem já indicava. E grande responsabilidade desse feito está nas mãos do grupo Aviões do Forró, comandado por Xand Avião e Sol Almeida.
“A nossa grande contribuição neste processo de expansão foi através do nosso ritmo. Nossos arranjos e metais juntamente com as músicas lançadas tiveram papel fundamental. O trabalho de interpretação também teve peso devido ao nosso timbre diferenciado”, contou Xand – que acaba de completar 33 anos – em conversa exclusiva com HT. Ter um diferencial, aliás, é trunfo na visão de Sol. “Costumamos brincar que Aviões pode até não ser a melhor banda, mas sem dúvida é a mais diferente”, ri.
Esse trabalho de expansão do ritmo, tornando-se a maior banda do gênero, e mostrando para as regiões mais distantes do Nordeste que o forró pode ser comercial sem perder a essência, é comprovado por números bem animadores. Já são três turnês internacionais, singles no top 100 da Billboard, 4 ,5 milhões de fãs virtuais, 11 CD’s e quatro DVD’s lançados. E quando a gente fala de não perder a essência, até o sotaque da terra está incluído. “O sotaque é algo que representa a nossa identidade -Xand é Potiguar e eu sou baiana -, bem como um conjunto de características regionalistas que a banda tem orgulho em levar pelo país”, falou Sol.
Recentemente, três singles foram lançados: “Eu Tava te Amando” “Dói né” e “Lei da Vida”. Essa terceira é a atual música de trabalho e está há 16 semanas integrando o top 100 da Billboard, fruto, segundo eles de muito “planejamento e marketing”. A música, por mais que esteja na cadência do forró, foi, curiosamente, produzida por Dudu Borges (que já produziu Dulce María, Lucas Lucco e Michel Teló), considerado o maior produtor sertanejo da contemporaneidade. O motivo? HT quis saber, of course. “A escolha de Dudu Borges na produção deste single se deu pela nossa busca em aprimorar constantemente o trabalho do Aviões. Dudu é responsável por emplacar grandes trabalhos junto a muitos outros artistas atuais”, explicou Xand.
O “Aviões”, que é chamado assim devido ao porte físico das oito dançarinas, vem fazendo uma série de 20 shows mensais. Nesse périplo, 52 pessoas, entre técnicos, produtores, iluminadores, viajam juntos. Com tantas apresentações, não há convivência que aguente. Ou há? “Em alguns períodos, como é o caso do São João, a banda passa muito tempo convivendo diariamente. Temos nossas divergências de opiniões”, se diverte Sol. Aproveitando a oportunidade, HT colocou a dupla frente à frente para saber: qual o maior defeito de cada um que eles tem que engolir nesses mais de dez anos. Xand é o primeiro. “Sem dúvida a personalidade forte. Com todo o tempo de convivência aprendi a saber como falar com ela, que horas ela está de bom humor ou não”, entrega. E o dele, Solange? “Ah, a timidez. Costumo dizer que existe um Xand do palco e outro fora dele. Algumas pessoas não acreditam que ele é tímido e acabam tendo impressão errada sobre ele. Mas é um ser humano de coração puro”, diz.
O próximo roteiro do Aviões para divulgar “Dói né” e “Lei da Vida” passa pelo festival “Festeja Brasília”, que acontece no próximo sábado (28), no Pavilhão do Parque da Cidade de Brasília, e com um show próprio na Ilha de Vitória, no Ilha Shows, no dia 17 de abril.
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