Querendo exorcizar as querelas de 2013 e, quem sabe, ainda apelar para um arrudão básico no caso daqueles cramulhões que andam assombrando a capital federal? Então, vamos começar pela ficção, já que a vida imita arte. A Editora Évora acaba de lançar, pelo selo Generale, o “Diário de um Exorcista”, a primeira narração do gênero no Brasil, que traz a luta de um padre contra a rapaziada coisa ruim que insiste em pegar carona nos desavisados. Faz sentido: em um país onde o transporte público é uma piada, o melhor meio de locomoção pode ser transportando o espírito corpo a corpo. No mínimo, dá para chegar ao destino rapidinho, sem super lotação no metrô, e ainda organizar umas festinhas meio parada dura.
Foto: Divulgação
O exorcismo é um assunto que desperta a curiosidade do grande público pelo menos há quarenta anos, quando o livro de William Peter Blatty chegou às telonas pelas competentes mãos de William Friedkin em 1973. Quem nunca tomou um susto ao ver a menina Regan (Linda Blair) rodando sua cabecinha 180º enquanto “batizava” todos com golfadas de líquido cenográfico verde? Ou descendo as escadas em posições capazes de deixar o melhor contorcionista do Circo de Pequim estupefato? A verdade é que o tema tem lá sua legião de seguidores, sejam lá eles céticos ou não e, recentemente, houve rumores de que até o Papa Francisco, ao abençoar os fieis que assistiam a missa de Pentecostes, em maio passado, se deparou com um jovem que dizia palavras desconexas de forma bruta, realizando, em seguida, uma prece de libertação. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, negou tudo, mas é sabido que a Igreja Católica evita falar muito a respeito.
Assim, chega no mercado o primeiro livro de exorcismo genuinamente brasileiro, “Diário de um exorcista – Como lutar contra as trevas, quando elas se escondem dentro de você?” de Luciano Milici e Renato Siqueira. Segundo eles, trata-se de uma história real, narrada por personagens fictícios, dois estudantes de cinema que, ao buscar um tema para seu projeto de conclusão de curso, optam por narrar a saga de um sacerdote brasileiro, o padre Lucas Vidal, e dos exorcismos do qual participa. “Confesso que desde o dia em que decidi me dedicar a Cristo, não houve um só segundo em que eu não pensasse em tudo o que vi, ouvi e vivenciei naqueles dias atribulados de meus doze anos”, narra o clérigo sobre fatos que mudaram sua vida quando ele era pré-adolescente.
Já está programado para 2014 o filme homônimo do livro, que traz um CD com a trilha sonora e o trailer do filme. Tudo cheio de bossa, pelo jeito. Os autores, aliás, parecem fazer parte dessa turma de nerds que curte coisa caprichada e geralmente consome este tipo de produto, demonstrando familiariedade com o assunto. O paulista Luciano Milici, autor de “A página perdida de Camões”, é publicitário com MBA em comércio eletrônico, além de cofundador do site Boca do Inferno, escrevendo contos de fantasia e horror desde os seis anos de idade. Precoce, hein?
Já o cineasta Renato Siqueira, de 33 anos, é especializado em direção para atores, efeitos especiais e edição para tevê. Até agora, já produziu 14 filmes, sendo 11 curtas, 2 média-metragens e 1 longa, sendo conhecido pelos book trailers encontrados no YouTube, entre eles, o que dirigiu para “Apocalipse zumbi 2 – inferno na Terra”, o primeiro livro do mortos-vivos escrito por um brasileiro, Alexandre Callari. Robert Kirkman e seu “The Walking Dead” que se preparem.
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