A carta aberta de Lucinha Araújo em repúdio à forma como a transmissão do vírus HIV foi abordada na novela “Malhação”, da TV Globo, continua rendendo discussão e fez com que o autor Emanuel Jacobina a convidasse para uma participação na trama. Explicamos: em uma das cenas, o personagem Henrique (Thales Cavalcanti), que é soropositivo, bateu com a cabeça em Luciana, vivida por Marina Moschen, o que acabou fazendo com que a protagonista tivesse contato com o sangue do rapaz e gerou uma enorme repercussão nas telinhas e fora delas. A mãe de Cazuza (que faleceu vítima de complicações do mesmo vírus), que também é fundadora da Sociedade Viva Cazuza, fez questão de se pronunciar e classificou o episódio como um “desserviço à saúde pública”: “Depois de 30 anos de trabalho para combater o preconceito e informar corretamente as formas de transmissão do HIV, vemos um programa destinado ao público jovem aconselhar soropositivos a não praticar esportes, a mostrar um médico receitar medicamento antirretroviral numa situação onde dois jovens dão uma cabeçada é no mínimo de chorar”, chegou a escrever nas redes sociais.
Essa semana, porém, o autor respondeu às críticas em relação à história e, em entrevista ao jornal Extra, contou que foi ele quem tratou do assunto do mesmo assunto na sexta temporada da novelinha, em 1999. “Pensei muito nas consequências que o tema poderia causar, sim, quando escrevi a história. Inclusive, há 15 anos, fui eu quem tratei do assunto AIDS em ‘Malhação’ com a personagem Érica (Samara Felippo). Lógico que vou levar em conta a crítica. O fato é que não existe consenso entre os médicos para os casos em que há necessidade do coquetel. É uma discussão em andamento no meio”, explicou ele, emendando que a crítica de Lucinha foi construtiva. “Acho que a crítica que a Sociedade Viva Cazuza me fez foi uma contribuição ao debate. Uma pessoa soropositiva oferece risco quase nulo de infecção a quem pratique esporte com ela. Porém, se não falarmos sobre esse risco mínimo, o preconceito vai continuar”, afirmou.
Emanuel Jacobina contou ainda que consultou outros órgãos para ter maior embasamento técnico no tema. “Tenho mantido contato com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) e, depois da repercussão das cenas do basquete, pelas quais a entidade não tem nenhuma responsabilidade, eles têm me oferecido colaboração técnica”, disse ele, que foi além e convidou a mãe de Cazuza para participar da temporada. Ela, por sua vez, já respondeu: “Se for necessário, vou falar o que puder”.
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