Arte conceitual dá sono? Heleno Bernardi exibe instalação interativa para o público cair na cama


Em Portugal, a exposição do artista plástico brasileiro criada com colchões

O artista plástico Heleno Bernardi inaugura amanhã, sábado, dia 5,  sua individual nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A expô constitui uma intervenção urbana composta por série de colchões-escultura em formato de pessoas em posição fetal, que ele chama de corpos-colchão. Heleno, que estudo arquitetura na FAU / UFRJ e foi, durante décadas, diretor de arte em agências de propaganda, afirma “ter cansado daquele tipo de vidinha onde precisava matar um leão por dia para agradar clientes”, comum no mercado publicitário. Hoje, se dedica à verve artista com muito mais prazer, curtindo dialogar com o público em obras interativas.

Desde 2007, a exposição “Enquanto Eu falo, as Horas Passam” já rodou nove cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Nova Iguaçu, Petrópolis e mesmo Lisboa, onde já havia exibido suas esculturas dorminhocas no semestre passado em vários lugares, entre eles o Hospital Psiquiátrico Julio de Matos, em uma performance que contou com a participação de dezenas de pacientes. Literalmente uma loucura!

No Grande Rio, o artista já apresentou suas intervenções urbanas em locais, no mínimo, inusitados, como o deque da Lagoa Rodrigo de Freitas, a Praça Rui Barbosa (no centro de Nova Iguaçu), o Museu Bispo do Rosário, Cinelândia (tranquilinha e bem antes dessa turbulenta onda de manifestações populares) e até a Central do Brasil, quando alguns moradores de rua se jogaram nos colchões, preferindo a ribalta aos hotéis populares da prefeitura. Quem disse que o povo só quer saber de pão e futebol? Bom, em se tratando de colchões, que seja pão dormido!

A instalação interativa Corpos-Colchão assinada por Heleno Bernardi

A instalação interativa Corpos-Colchão assinada por Heleno Bernardi

O tititi causado em Portugal durante o ano Brasil-Portugal rendeu a Heleno o super convite para transferir de mala e cuia sua instalação para o renomadíssimo Calouste Gulbenkian, que agora recebe seu trabalho nos jardins, assim como o Parque Lage, no Rio, já havia feito em 2010. E mais: enquanto os escritores nacionais se esbofeteavam para ver quem seria agraciado com uma participação no Pavilhão do Brasil, dentro da Feira do Livro de Frankfurt, Heleno já costurava sua presença neste evento no melhor estilo come-quieto. Semana que vem, de 9 a 13 de outubro durante este evento de Frankfurt, uma segunda versão da obra poderá ser conferida dentro do espaço brasileiro na feira. O artista já está fazendo detox para eliminar as gordurinhas causadas por meses a fio ingerindo doces portugueses para, agora, poder encarar os calóricos embutidos alemães!

* Por Alexandre Schnabl