Vitor diCastro lança clipe e critica Carlinhos Maia: “Péssimo exemplo de festa com aglomeração e o impacto disso”


O ator e youtuber, conhecido pelo canal Deboche Astral, aposta em clipe divertido, que estreia hoje, para fechar 2020 com alguma leveza. Likes à parte (que ele adora, claro), Vitor também analisa o alcance deste tipo de atividade: “Eu acredito que todos os influenciadores precisam entender que o trabalho que a gente faz exige responsabilidade. Eu não influencio apenas que meu público compre um sabonete de determinada marca, eu posso influenciar atitudes, pensamentos. Por isso critiquei o Carlinhos e criticaria qualquer pessoa pública que faltasse com essa responsabilidade. Ele deu uma festa “com a galera testada negativo para a Covid”, mas mesmo que os testes fossem totalmente eficazes, quantos dos 21 milhões de seguidores dele têm grana para testar todo mundo antes de aglomerar? E quantos ficaram com vontade e se sentiram livres para fazer isso depois de ver que ele reuniu centenas de pessoas em um mesmo lugar, todo mundo sem máscara e etc? Não é só sobre o que ele fez e sim sobre o impacto que isso pode gerar no seu público, e no caso da pandemia, no impacto que isso gera no número de casos e mortes”

*Por Brunna Condini

Produzindo vídeos de humor na internet desde 2014 o ator, escritor e youtuber Vitor diCastro encontrou uma audiência fiel quando se aventurou a falar dos signos com irreverência, e há um ano criou o canal Deboche Astral, no qual produz vídeos e memes sobres os signos do zodíaco. E, durante 2020, com a pandemia e tempos tão pesados, Vitor seguiu desenvolvendo conteúdo para oferecer momentos de ‘respiro’. Deu certo, e tanto, que ganhou 1 milhão e meio de seguidores no período. “Percebi a diferença que meu trabalho faz e isso também me ajudou a lidar com esse barulho todo da pandemia com o foco em trabalhar mais para me entreter e entreter o público”.

Agora, para dar vazão ao seu ‘deboche’, criatividade e aproveitando a ‘viagem’ para fazer como artista um pouco de tudo que sempre quis, ele lança nesta terça-feira (22) o videoclipe ‘Reggaeton dos signos’ em parceria com Bruno Sperança, diretor e roteirista do clipe, que também dirige o canal do artista.

Vitor lança nesta terça-feira (22) o videoclipe ‘Reggaeton dos signos’ em parceria com Bruno Sperança (Divulgação)

Apesar do humor ser sua especialidade, atuar como influenciador para ele é coisa séria. Vitor tem consciência que foi a internet que ampliou sua voz na luta LGBTQIA+ e em outros temas. E durante a pandemia do novo coronavírus não tem sido diferente. Ele vem falando exaustivamente sobre os cuidados no período e destacando que o perigo não acabou. O influenciador não se faz de rogado quando precisa chamar atenção para os assuntos que acredita serem importantes e precisarem de mobilização. Inclusive, ‘dando nome aos bois’, ou seja, aos envolvidos na questão. Como foi o caso de uma postagem neste final de semana, em que Vitor dizia ter ficado indignado com a festa que o também influenciador Carlinhos Maia deu, com direito a muitos convidados e aglomeração.

Carlinhos já teve outras situações em que foi criticado por suas atitudes e posicionamento. Na sua visão, qual o perigo de um influenciador com o alcance que ele tem nas redes fazer e postar esse tipo de coisa? “Eu acredito que todos os influenciadores precisam entender que o trabalho que a gente faz exige responsabilidade. Eu não influencio apenas que meu público compre um sabonete de determinada marca, eu posso influenciar atitudes, pensamentos. Por isso critiquei o Carlinhos e criticaria qualquer pessoa pública que faltasse com essa responsabilidade. Ele deu uma festa “com a galera testada negativo para a Covid”, mas mesmo que os testes fossem totalmente eficazes, quantos dos 21 milhões de seguidores dele têm grana para testar todo mundo antes de aglomerar? E quantos ficaram com vontade e se sentiram livres para fazer isso depois de ver que ele reuniu centenas de pessoas em um mesmo lugar, todo mundo sem máscara e etc? Não é só sobre o que ele fez e sim sobre o impacto que isso pode gerar no seu público, e no caso da pandemia, no impacto que isso gera no número de casos e mortes”.

Ele reconhece a responsabilidade de se comunicar nas redes e a validação que o público pode dar ou não aos influenciadores. Mas não defende ou ‘ame-o ou cancele-o’. “Acho a cultura do cancelamento uó. A gente tem que questionar tudo e todos, sim, cada passo em falso deve ser levantado, não só para que a pessoa evolua, mas pra que a discussão evolua junto. Porém, há regras. Existe um limite, uma linha tênue entre “quero que você aprenda e não erre mais”, e “quero que você perca todos os seus trabalhos porque você é uma pessoa nojenta”. A gente tem que tomar cuidado para que não vire uma inquisição, que não vire um ‘fazer justiça com as próprias mãos’, porque ninguém tem esse direito”.

“Acho a cultura do cancelamento uó. A gente tem que questionar tudo e todos, sim, cada passo em falso deve ser levantado, não só para que a pessoa evolua, mas pra que a discussão evolua junto” (Divulgação)

Criando o espaço

 Aos 31 anos, ele conta que trabalhou em teatro durante 10 anos até começar a fazer seus vídeos, sem muitas expectativas, mas foi entendendo que aquele seria um espaço importante para realizar o seu trabalho, se comunicar e experimentar. Essa liberdade seduziu Vitor. Ele até brinca que no clipe ‘Reggaeton dos signos’, dá vazão ao seu lado ‘diva pop’. Ser cantor já foi um sonho? “Na verdade, ser cantor é meu grande sonho, o problema é que eu não vim com aquele negócio que cantor tem, como é que chama? Ah é, talento (risos). Cantar não é o meu forte, então eu aceitei que o máximo que chegarei perto disso é atuando, e o clipe é uma brincadeira minha como ator vivendo um sonho de Beyoncé”, diverte-se o artista. “O clipe está ba-ba-do! Cheio de referências astrológicas e artísticas e do universo pop para causar um impacto positivo e também divertir todo mundo que assistir. E tem minha bundinha à mostra também, caso alguém se interesse”.

 

“Na verdade, ser cantor é meu grande sonho, o problema é que eu não vim com aquele negócio que cantor tem, como é que chama? Ah é, talento” (Divulgação)

Quando começou imaginou que fosse bombar tanto falando desse ‘lado b’ dos signos? De onde veio essa ideia? “Fui muito inspirado pelo meu próprio mapa astral, por eu ser câncer com ascendente e lua em câncer, mas como eu sou humorista, sempre percebi que a galera gostava de se ver “zoada” com relação ao próprio signo. Menos os leoninos, eles detestam, mas eles que lutem. Quando eu comecei senti uma energia muito boa e um campo de trabalho muito vasto para explorar, e me juntando com a equipe certa e incrível que reunimos no canal, foi um casamento que dá frutos até hoje”.

O youtuber também afirma que a internet foi o lugar que melhor recebeu o seu lado ator. “Ocupei esse espaço porque não se abria lugar para atores gays afeminados, então eu fui lá fazer eu mesmo as oportunidades de trabalho”. E acrescenta: “Eu morro de vontade de fazer TV, de fazer novela, série, apresentar programa. A TV te lança para novos lugares, faz você chegar em públicos que você jamais chegará na internet, então tudo me interessa”.

E embora esse universo digital tenha possibilitado seu crescimento profissional, ele não se deixa pressionar pela cobrança dos seguidores e ataques dos haters. “Eu uso minhas redes para falar o que eu penso sobre as coisas e nem sempre ouvir questionamentos é prazeroso, então eu costumo me manter unido a todos os meus seguidores exatamente por saber que eu os influencio, mas eu mantenho uma distância segura por saber que ali é meu trabalho, então qualquer ofensa não é (ou não deveria ser) pessoal”, analisa. “O pior da exposição nas redes é ser cobrado de uma perfeição que nunca vai existir”.

“O pior da exposição nas redes é ser cobrado de uma perfeição que nunca vai existir” (Reprodução)

Hoje já dá para ter uma vida confortável com seu trabalho? “Super! O que mais me empolga nesse trabalho é que além de eu conseguir impactar a sociedade positivamente eu ainda consigo dinheiro o suficiente para ter uma vida confortável. Eu mereço isso. Porque tudo que eu faço na internet dá muito trabalho, é tudo muuito cansativo (um beijo para a saúde mental) e eu ralei muito na vida, passei fome, comi o pão amassado no inferno, mas isso é para outra entrevista”.

A grande conjunção entre Saturno e Júpiter da última segunda-feira (21), trouxe um marco para a astrologia contemporânea, anunciando a libertária e humanista Era de Aquário. Pedimos ao Vitor para fazer uma ‘previsão debochada’ do que esta era prenuncia: “O ano de 2021 vai ter muita energia aquariana, então a gente pode esperar muito debate, muitas ideias novas chegando e muita razão, tudo que a gente precisa depois de 2020 tão intenso, socorro”.