Roger Waters leva família de Marielle Franco ao palco no Rio: “Ela acreditava nos direitos humanos como eu acredito”


Para homenagear a vereadora assassinada no Rio de Janeiro, o cantor britânico ex-líder da banda Pink Floyd chamou a família da parlamentar ao palco para encerrar mais um show repleto de ativismo na turnê “Us+Them”, realizada no Brasil. “Lute como Marielle Franco”, dizia a frase estampada na camisa

Gritos de justiça ocuparam o Maracanã, no Rio de Janeiro, durante a noite de ontem (24). O cantor Roger Waters, um dos fundadores da banda Pink Floyd, continuou com o ativismo político durante shows em sua nova turnê “Us+Them”. A homenageada dessa vez era Marielle Franco, vereadora pelo PSOL assassinada a tiros na cidade. Na homenagem, Roger chamou ao palco a esposa da parlamentar, Mônica Benício, a irmã, Anielle Franco, e a filha, Luyara Santos, e juntos vestiam a camisa “Lute como Marielle Franco”, frase que virou ícone da batalha por esclarecimento do caso. Waters passou o microfone para as familiares da vereadora discursarem, recebidas com aplausos e algumas vaias. “A gente precisa de vocês com a gente, pedindo justiça”, disse Anielle.

 

Visualizar esta foto no Instagram.

 

INCREDIBLE RIO, AND THANK YOU FOR HELPING HONOR MARIELLE FEANCO

Uma publicação compartilhada por Roger Waters (@rogerwaters) em

A parlamentar nascida no Complexo da Maré foi executada em 14 de março deste ano, em um atentado ao carro em que estava, durante a volta do evento “Roda de Conversa Jovens Negras Movendo as Estruturas”. 13 Tiros atingiram o veículo, matando também o motorista Anderson Pedro Gomes. O crime, já considerado político pelas autoridades, ainda não foi solucionado. Marielle ficou popularmente conhecida por compor a Comissão dos Direitos Humanos e a Comissão da Mulher. Durante as eleições 2018, muitas mulheres negras inspiradas em Marielle se elegeram e conquistaram o espaço político, como Mônica Francisco, Dani Monteiro, Talíria Petrone e Renata Souzaeleitas para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa do Estado (ALERJ), quatro mulheres negras que vieram da periferia e eram próximas da vereadora. 

Leia mais: Sementes de Marielle: dani Monteiro, Renata Souza e Mônica Francisco fazem história com representatividade negra e feminista na bancada estadual do Rio

Desde o primeiro show da nova turnê no Brasil, Roger usou o espaço para prestar homenagens e questionar governos. Na Bahia, o cantor homenageou Moa do Katendê, assassinado na madrugada do dia 8 de outubro, por discordar de um eleitor do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). A imagem do mestre de capoeira foi exibida no telão e em seus 4 shows até o momento, trouxe manifestações políticas e palavras de ordem nos telões, enquanto chorava.

Leia mais: Na Bahia, Roger Waters faz homenagem a Moa do Katendê e se emociona: “brutalmente assassinado durante o processo eleitoral”

Roger Waters convidou ao palco a família de Marielle Franco (Foto: Reprodução/Facebook)

A manifestação política começou com seu primeiro show, 9 de outubro, em São Paulo. A politizada turnê trouxe trouxe a performance de Another Brick In The Wall, sucesso mundial da banda, e mostrou crianças com camisetas escritas “resist”, fazendo referência ao ato de resistir dos fãs, mostradas em palavras no telão, como antissemitismo, tortura e destruição do meio ambiente. Após a música, o nome do presidenciável pelo PSL, Bolsonaro, foi apontado e mostrado como neofascista. Durante a performance, Waters foi aplaudido e também vaiado, gritos de ordem das duas opiniões se misturaram na multidão. 

A apresentação no Rio é a antepenúltima da turnê ‘Us+Them’ no Brasil, que passará por Curitiba, no sábado (27) e por Porto Alegre, na terça (30). É possível prever novas manifestações políticas diferenciadas, dividindo o público novamente. No Instagram e no encerramento do show, Waters agradeceu ao público carioca. “Obrigada por ajudarem a honrar Marielle Franco”, revelou.