Por Pedro Willmersdorf
Fãs de heavy metal são figuras que prezam pela lealdade. Podem conferir o show de sua banda preferida uma, duas, cinco, mil vezes. Mas a dedicação diante de seus ídolos, a cada vez que eles passam diante de seus olhos, é sempre a mesma. E assim, dois anos após incendiarem a última edição do Rock in Rio, o Metallica voltou ao Palco Mundo para encerrar os trabalhos no quarto dia de festival. Aliás, que encerramento…
Mais uma vez, James Hetfield transformou a apresentação da banda em um verdadeiro desfile de alegorias que representam a transformação do Metallica em ícone do gênero que elevou a outro patamar, com sua grandiosidade não somente sonora, como também cênica (com uma pirotecnia constante) e performática, uma vez que Hetfield interage com a plateia como um verdadeiro mestre-de-cerimônia, comandando coros e instigando o público, como ao perguntar “Estamos alto o suficiente para vocês?”.
No repertório, que durou 2h40, faixas de diversas fases do grupo: do início promissor na década de 80 (com os álbuns “Kill ‘Em All”, de 83, “Ride the Lightning”, de 84, e “Master of Puppets”, de 86″), passando pela consagração com o álbum homônimo da banda (o ‘álbum preto’), de 91, chegando a produções recentes, como ‘Death Magnetic’, de 2008.
Uma viagem por cada trecho da história da banda que sintetiza de forma consolidada (de certa forma até elegante) não somente um gênero musical, como também a relação entre seus representantes e seus representados. Uma prova? A permanência do público até o “Metallica te ama, Rio” disparado por Hetfield ao fim do show, ponto de dispersão para uma multidão que esteve de pé até o desfecho apoteótico (com a obrigatória ‘Seek and Destroy’) da ópera trash construída mais uma vez pelo Metallica.
O quarto dia de Rock in Rio
No Palco Sunset, Sebastian Bach levou ao público a uma viagem pelo passado de glória que viveu à época de sua passagem pela banda Skid Row. E, apesar de alguns problemas técnicos, sua performance teve a empatia do público, à espera dos sucessos que marcaram sua trajetória como vocalista do grupo de hard rock.
Já no Palco Mundo, os trabalhos começaram com a ‘vingança’ do Sepultura, novamente escalado para o festival em uma performance ao lado do grupo de percussão francês Les Tambours du Bronx. Desta vez, alocados no espaço principal do evento, diferente do ocorrido há dois anos, quando se apresentaram no Palco Sunset, gerando uma pequena polêmica.
Em seguida, a performance exótica dos suecos do Ghost B.C. com sua proposta visual macabra, liderados por um ‘pontífice zumbi’. Nas caixas de som, letras satanistas moldadas por um vocal suave e arranjos quase comerciais, com destaque para os tecladinhos oitentistas. Uma mistura inusitada que não agradou o público.
Diferente do Alice in Chains, que trouxe ao Palco Mundo sua história de sucesso à época do surgimento do grunge, no início da década de 90. Com seu rock deprê, a banda fez uma apresentação carregada de afeto ao passado, com um vocalista eficiente diante da missão árdua de substituir o lendário Layne Staley, morto em 2012.
Fotos: Vinícius Pereira
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