Roberto Carlos: Do elogio à Anitta à inutilidade das canções de protesto. Dos “medos” ao show em sua cidade Natal


Roberto Carlos fez show no cruzeiro MSC Fantasia mais um da série “Emoções em Alto Mar”. Com toda a sua versatilidade e carisma, o cantor falou, inclusive, de temas espinhosos como a ruptura com seu empresário Dody Sirena e se em alguma vez pensou sobre cargos eletivos – como o de Presidente da República. Visionário, o Rei abordou sobre a possibilidade de fazer parcerias com cantoras Anitta e Ana Castela, e declarou a saudade do amigo Erasmo Carlos. Perguntado pelo Site Heloisa Tolipan sobre qual música de sua autoria melhor o define – se trata-se de um homem “terrível” ou “amante à moda antiga”, o cantor disse acreditar ser romântico. O cantor também afirmou que em breve estará de volta à sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim (ES), fazendo um show naquele município numa data próxima à do seu aniversário, em abril.

*por Vítor Antunes

Roberto Carlos fez mais uma apresentação do “Emoções em Alto Mar“, no cruzeiro MSC Fantasia. Desde 2005 compreendido como um espaço disputado por sua exclusividade e luxo, o navio do Rei fez sua escala em Búzios (RJ), neste ano. Durante entrevista – que contou com cerca de 50 jornalistas nacionais e estrangeiros -, Roberto mostrou descontração e soltou o verbo, inclusive sobre temas delicados, como a preservação ambiental, ambições políticas e parcerias com artistas de outros segmentos musicais, como Anitta e Ana Castela. O Rei também falou sobre como lida com a solidão, diante de três anos de grandes perdas e todas em curto espaço de tempo: o filho Dudu (1968-2021), a amiga Glória Maria, que morreu há um mês, o compositor Carlos Colla (1944-2023) – autor do sucesso “Falando Sério” – e o seu amigo-de-fé-irmão-camarada Erasmo Carlos (1941-2022). Segundo o cantor, ele não consegue vislumbrar outro parceiro musical, já que escrevia com Erasmo, pelo menos desde os 17 anos. Perguntado sobre a ruptura com o seu empresário Dody Sirena, Roberto preferiu não se aprofundar no tema e destacou que tudo está sendo resolvido com tranquilidade.

Além da seara musical, Roberto Carlos assumiu, aos 81 anos, estar num relacionamento afetivo, ainda que não tenha revelado o nome da moça. Ao Site HT, confirmou, que tal como a sua música de 1967, era um jovem “terrível”. Mas que hoje, adequa-se mais à canção escrita por ele em 1980: É um “Amante à moda antiga”. Sob a calorosa presença da plateia, que também esteve na coletiva – e se manifestava a cada pergunta feita ao cantor, o que dava um clima de programa de auditório à entrevista – Roberto manifestou outro viés de sua Realeza. Aceitou pedido de casamento de fãs apaixonadas e afirmou que estará de volta ao “seu pequeno Cachoeiro” neste ano, fazendo um show celebrativo pelo seu aniversário.

Roberto Carlos: O clássico nunca sai de moda (Foto: Rogério Fidalgo/AgNews)

O DISCURSO DO REI

Retomando a temporada 2023 do “Emoções em Alto Mar”, após uma renovação em seu staff, especialmente depois da saída de Dody Sirena, Roberto Carlos disse ainda não haver pensado sobre a remontagem do projeto para o ano que vem. “Ainda não tenho planos para isso em 2024”. Quando perguntado sobre a ruptura profissional com Sirena, limitou-se a dizer que não foi ruidosa e, de forma elegante, não expôs o que motivou a quebra. Disse, outrossim, que não há ainda um novo empresário representando-o.

Dody Sirena e Tom Cavalcante no MSC Fantasia. Presentes no cruzeiro do Rei Roberto, ambos privilegiaram, também o show do cantor Mumuzinho (Foto: Rogério Fidalgo/AgNews)

Tradicional desde 1974, e suspenso de maneira episódica desde então – uma em 1999 em decorrência do falecimento da esposa do cantor, Maria Rita Simões (1961-1999) e outra em 2020 por conta da pandemia – o artista negou saber do interesse da Globo em tirar o especial de fim de ano da grade da emissora. Confidenciou, inclusive, ter o interesse em trazer para este programa, canções como “Amazônia”, gravada em 1989, e que tratava sobre a questão ambiental. Ainda que tenha sempre optado pela neutralidade política, o cantor teve algumas músicas nas quais havia uma crítica mais contundente às pautas ambientais. Uma delas, “As Baleias“, de 1981. Outra, a já citada canção sobre a floresta amazônica. Para o cantor, músicas como estas, ainda que lhe toquem o sentimento, são inúteis enquanto políticas públicas. “Não sei até que ponto há resposta junto às autoridades. Fiz uma música sobre a Amazônia há mais de 20 anos e hoje são absurdas e horríveis as coisas que estão acontecendo lá. A gente faz o que sente, acreditando que possam ter resultados e não vemos (…) ações reais”, disparou.

Decididamente, o cuidado com a floresta pulmão do mundo é algo que sensibiliza o artista. Perguntado sobre quais os seus medos, retomou a questão ambiental: “Não que me atemorize, mas é algo que me assusta essa questão da Amazônia, além, da violência que vemos acontecer. Somos obrigados a ver essas coisas com coragem , mas é algo assustador”, ratificou.

Conhecido pela temperança, Roberto Carlos foi alvo das manchetes em julho de 2022, justamente por haver perdido a paciência com um fã que colocava-se de maneira excessivamente emocionada, o que valeu um pedido de silêncio bem ríspido do cantor, que nunca foi visto falando palavras de baixo calão. Diante do fã descontrolado, Roberto bradou um “cala essa boca, $%&*@!”. Ele explica: “Eu estava cantando uma das músicas que mais me concentro e que mais gosto de cantar em meu repertório, “Como é Grande o Meu Amor Por Você“, e ele não parava de gritar. Até que acabei (soltando) o ‘cala a boca, *&$#%!’ Mas ao fim do show, desculpei-me com ele e dei até mais que uma rosa”, ponderou .

O REI ESTÁ SÓ (OU NÃO?)

Nos últimos anos, RC teve perdas pessoais. Faleceu seu filho Dudu (1968-2021), além de Erasmo Carlos e sua amiga Glória Maria. Outra perda significativa foi a do diretor Breno Silveira (1964-2022), que faria-lhe um filme biográfico. O artista disse como lida com o fato de sentir-se só: “Tenho que lidar com a solidão, que tenho enfrentado em um espaço de tempo curto. É algo inevitável”. Quanto à Gloria Maria disse ser ela uma pessoa “maravilhosa, linda e de um grande coração. Eu AMO Gloria Maria. Há uma coisa boa entre nós, que não nos víamos sempre, mas quando estávamos juntos era uma festa”, disse, intencionalmente misturando o passado e o futuro, não reconhecendo a partida da jornalista. Outro ao qual não admite a despedida é a de Erasmo Carlos. “Não me vejo compondo com outra pessoa. Erasmo era meu parceiro desde os 18 anos. Era algo que ia além da parceria artística. Era uma coisa de irmandade, muito acima da questão profissional. Um irmão que escolhi e quando escolhemos, optamos sempre pelo melhor”.

Não tenho pretensão de gravar com um ou outro compositor. Penso muito no Erasmo. É muito difícil – Roberto Carlos

Ainda que tenha subido ao altar três vezes, o cantor não descartou a possibilidade de casar-se de novo. Segundo ele, “casamento é uma coisa saudável”. Neste momento foi pedido em casamento por uma fã mas afoita e assumiu estar num novo relacionamento, ainda que não tenha falado o nome da felizarda.

“Sou um amante à moda antiga” (Foto: Rogério Fidalgo/AgNews)

O REI É POP. O REI É PRESIDENTE?

Surpreendentemente, o cantor revelou-se um fã do reality Big Brother. “Sempre que posso vejo, acompanho, torço sempre por quem joga melhor, mas não ouso dizer para quem torço. BBB envolve emoção. Ainda é cedo para dizer quem deve ganhar”. Além desse mergulho no universo pop, afirmou que torce por uma parceria para breve com Anitta “É uma pessoa que admiro. Não sei se saberia compor coisas ao estilo dela, é uma incógnita. Pode acontecer. É alguém que gosto”, disse. Assim como não descartou a presença dela e da sertaneja Ana Castela em seu especial de fim de ano. “Gosto de trazer ao programa quem está fazendo sucesso”,  falou o cantor, que sonha fazer dueto com Andrea Bocelli, Michal Bublé, e Paul Mccartney.

Presidente da República? Jamais! (Foto: Rogério Fidalgo/AgNews)

O BRILHO DA REALEZA

Perguntado sobre qual álbum mais gosta, disse que todos foram feitos com muito esmero e cuidado, mas, da carreira,, um momento especial, diz ser quando ouviu-se no rádio pela primeira vez, em 1959, com a música “João e Maria“, um samba, gravado em 1959, fruto de uma parceria dele com Carlos Imperial (1935-1992). O disco é um item raríssimo de colecionador. Rei intitulado, o artista negou ter intenções políticas ou ser em algum momento ser Presidente da República. “Não saberia fazer isso. É um tipo de coisa que eu não saberia fazer mesmo”. E assumiu ao Site Heloisa Tolipan que, teve , na juventude, uma fase “terrível”, como sugere sua música autoral de 1967. “Eu era terrivelzinho mas não como diz a musica. Aquilo era só uma força de expressão. Mas, com certeza, sou um amante à moda antiga”, afirmou, para o delírio das fãs.

Neste encontro que tivera com o público e os jornalistas, disse “O amor me inspira e ele faz parte da vida”. Sua presença no MSC Fantasia, dialoga com o samba – campeão – da Beija-Flor de Nilópolis, de 2011, feito em sua homenagem: “Quando o amor invade a alma, é magia. E o beijo na flor é só para dizer como  é grande o meu amor por você”.

O Beijo na flor do artista enredo da Beija Flor (Foto: Rogério Fidalgo/AgNews)