Qinho, o queridinho da MPB carioca, lança novo show e admite: “Fazer arte sempre foi político!”


Finalmente, o show do disco “Qinho canta Marina” chega aos palcos do Rio de Janeiro, na noite desta sexta

Depois de uma ótima estreia em São Paulo, com a participação de Marina Lima, Qinho seguiu para Curitiba e agora, apresenta em terras cariocas as canções que integram o álbum lançado pela “Biscoito Fino”. O cantor e compositor conversou com a gente sobre o lançamento, a paixão pelo trabalho de Marina, a nova geração da MPB e projetos futuros.

Muito seguro com a estreia no Rio, Qinho afirmou que as expectativas são as melhores. (FOTO: Meduzza Filmes)

Nascido em 1984, ano em que Marina Lima lançava o álbum “Fullgás”, Qinho é um dos artistas mais representativos na nova cena musical brasileira. O que muitos não sabem é que inicialmente sua relação com a música era sobretudo de ouvinte e apreciador. “Eu comprava vinil, pesquisava sobre música brasileira, música negra americana, jazz. Foi só com 19 anos que eu passei a levar a sério a ideia de tocar e ser músico”, contou.  O artista, que já colaborou com grandes nomes, como Luiz Melodia, Adriana Calcanhotto e Mart’nalia, encara sua carreira como um processo de aprendizado repleto de desafios. “É uma eterna reconstrução, desconstrução e construção. É uma batalha muito dura, principalmente no Brasil”, admitiu.

Qinho (Foto: Gabriela Perez)

A paixão pelo trabalho de Marina começou em 2014, em um tributo à cantora em São Paulo. Ele afirmou que foi um espanto reconhecer várias músicas que fizeram parte de sua vida como sendo um trabalho autoral de Marina. “Me bateu uma paixão imediata e depois disso eu comecei a pensar que seria bacana fazer um show com esse repertório”, explicou Qinho. Para ele, o maior desafio foi preservar a autenticidade das músicas, colocando toques pessoais: “Eu me preocupei muito em manter a estrutura dessas canções da forma como elas são para manter a beleza delas. Não quis tentar descontruir. Então, a forma que a gente encontrou de dar o nosso toque foi mais na questão dos arranjos, na parte de escolha de timbre, na forma como criamos a batida da música, como montamos os instrumentos ao redor dessas canções.”.

Apesar de revisitar as composições de Marina, Qinho é um grande amante das suas músicas autorais. O cantor, que se declarou inspirado por nomes como Jorge Ben, afirmou captar referências de todos os lugares. “Eu gosto muito de estar aberto, de poder receber influência de todos os lados, todos os tipos, de artistas mais novos e mais antigos”, disse o compositor, que também é grande fã das parceiras que estarão ao seu lado no palco hoje, Duda Beat e Mahmundi. Para ele, a grande novidade desse show, que vem sendo feito há dois anos, é a presença dessas artistas.

Em parceria com Duda Beat, Qinho admitiu que se inspira na colega. (FOTO: Reprodução pessoal)

Nesse contexto, Qinho também desenvolve projetos dentro do ativismo cultural, como o Festival Dia da Rua. O evento, que é pioneiro no conceito de ocupação urbana no Brasil, teve sua primeira edição em 2008. Segundo o cantor, esse ativismo é muito relevante em nosso atual cenário: “É uma tentativa de união dessa cena para que fiquemos mais fortes politicamente e culturalmente”. Ele, que também é conhecido no Rio como o queridinho da nova cena da MPB carioca, demonstrou bastante apreço pelos seus companheiros da atual geração. “Eu vejo duas coisas. Primeiro, a diversidade. É uma geração muito diversa, com estilos e propostas diferentes. Cada um constrói um som e vai indo. Eu vejo isso como algo super potente. Ao mesmo tempo também colocam para quebrar, muitas vezes sozinhos, sempre de forma autônoma, sem depender de gravadora. É uma cultura do ‘faça você mesmo’. Essas duas características juntas criam toda uma questão de identidade. É uma abertura de poder ser o que quiser, o que se quer ser”, explicou.

Quando questionado sobre ser um artista nos tempos atuais, Qinho afirmou ver uma intrínseca relação entre arte e política. “No momento, estamos sendo colocados em xeque, com ideias completamente tortas e formadas por falta de informações. As pessoas criticam a lei rouanet, por exemplo, mas não sabem do que estão falando. Acho que mais do que nunca temos que estar muito atentos e muito firmes no nosso propósito para não abrir espaço para esse tipo de leitura equivocada de gente que mal consome cultura. Fazer arte sempre é político, agora mais do que nunca”, opinou.

 

QINHO CANTA MARINA 

Participações: Duda Beat e Mahmundi

Sexta, 23 de Novembro de 2018 | Horário: 20h Duração: 80 minutos
Ingressos: R$40 Inteira, R$20 Meia Capacidade: 130 lugares

Classificação: 14 anos