“Quando puder ver mulheres pretas saindo da base da pirâmide, o modelo atual de sociedade vai desmoronar”, diz Xênia


Depois do pernambucano Siba e a turma do Ceará Rayane Fortes + Camila Marieta e Beat In Jazz, a baiana Xênia França pousa sua nave e com uma energia arrebatadora, nos arrepia com seu afro-jazz-cósmico encerrando a programação musical do DFB Digifest,em Fortaleza, de forma virtual. “Mesmo de longe eu sinto vocês bem perto de mim. O momento que estamos passando é bastante complexo. Tem gente vivendo uma negação. Precisamos de mais bom senso para que isso possa logo passar. Por isso quero pedir a todos que fechem os olhos e mentalizem uma energia de cura para o nosso corpo, espírito e para o mundo. É preciso acreditar que sempre podemos ser melhores”, reflete

A baiana Xênia França encerrou a programação do DFB Digifest 2020, dentro do DFB Live Música

*Por Rafael Moura

Rápida como a velocidade da luz e marcante como um abraço caloroso, a primeira live com banda da cantora Xênia França, que durou 1h15 ficou com um gostinho de ‘quero mais’. A diva chegou ao estúdio Pá Virada, diretamente para os nossos corações e para o Youtube, encerrando o DFB Live Música, a parte musical do DFB Digifest 2020, evento realizado por Claudio Silveira, em Fortaleza (CE), de forma virtual este ano, como parte das comemorações do Dia da Mulher Negra Americana-Latina e Caribenha, no #JulhodasPretas, tem a curadoria do Sesc Ceará e apresentação de Niara Meireles.

“No dia em que eu puder ver as mulheres pretas saindo da base da pirâmide e  ascender esse modelo atual de sociedade vai desmoronar”, pontua. A transmissão apoiou o projeto Mesa Brasil Sesc, uma rede solidária que busca alimentos onde sobra e leva aonde falta, transformando a vida de muita gente! “O Youtube é o que tem de mais contemporâneo em termos de música no mundo. Nem as barreiras linguísticas são capazes de limitar o ressoar da música brasileira no exterior. Eu nunca toquei no Ceará, mas hoje nós podemos viajar para qualquer lugar com uma câmera”, frisa Xênia, que em sua plateia virtual tinha espectadores do Brasil, França e do continente africano.

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‘Ela vai te seduzir, lhe tirar para dançar
Elevar a dimensões, vai mobilizar, fazer clarão
Vocação para misturar, força para transcender
Almas para elevar, Preta Yayá, devo tudo a você’, diz os primeiros versos de ‘Preta Yayá’, dando as boas vindas e saudando os ancestrais para começar essa transmissão cheia de axé e boas vibrações. Com sua sonoridade afro-jazz-cósmica em sua primeira live com banda. Essa Deusa que respira ancestralidade se transformou em símbolo referência de empoderamento feminino, principalmente para as mulheres negras. Misturando afeto, saberes ancestrais a baiana reverencia o som que vem da diáspora negra, em uma sonoridade pop com música eletrônica, jazz, sambareggae, rock e R&B. “A nossa arte é a nossa forma de contribuir e ajudar nesse momento em que estamos passando por muitas transformação”, enfatiza.

Com uma voz rasgada de muito sentimento, essa verdadeira força da natureza iluminou a noite com 11 canções, e mesmo de forma virtual dava para sentir sua energia por meio da tela da televisão, que fez muita gente vibrar como esse repórter. “Mesmo de longe eu sinto vocês bem perto de mim. O momento que estamos passando é bastante complexo. Tem gente vivendo uma negação. Precisamos de mais bom senso para que isso possa logo passar. Por isso quero pedir a todos que fechem os olhos e mentalizem uma energia de cura para o nosso corpo, espírito e para o mundo. É preciso acreditar que sempre podemos ser melhores”, reflete. O setlist trouxe ‘Preta Yayá’, ‘Minha história’, ‘Miragem’, ‘Tereza Guerreira’, ‘Perfeita pra você’, ‘Destino’, ‘Reach the stars’, ‘Pra que me chamas’, ‘Respeitem’, ‘A Nave’ e ‘A Paixão’.

“Música preta, sou teu instrumento, vim pra te servir’, a estrela se utiliza da arte como um portal para expressão de seus sentimentos e pensamentos sobre si mesma e sobre a sociedade, é um processo de ressignificação de sua minha existência. “Eu não estou aqui para dar shade em ninguém, mas cada vez mais acredito em um trabalho interno de ser plena sozinha”, reflete. Precisamos lembrar que o isolamento social causa uma euforia e crises de ansiedade, mas é um ótimo momento para praticar o autoconhecimento. Xênia é a primeira pessoa de sua família “a fazer escolhas pautadas em seus sentimentos e sua visão de mundo”. A cantora rende muitos elogios a sua tripulação Felipe Pizzutielo (baixo), Ricardo Braga (percussão), Pipo Pegoraro (guitarra), Vitor Cabral (bateria) e Fábio Leandro (teclado) durante a faixa ‘Nave’ e se despede ao som de ‘A Paixão’ deixando sua plateia querendo mais… A musa aproveita para contar que ela e Lourenço Rebetez, que produziu seu primeiro disco estão preparando um próximo. #Ansiosos. Esperamos em breve poder compartilhar pessoalmente a energia dessa verdadeira Rainha da Nova Música Popular Preta. Evoé!

O site Heloisa Tolipan vai te contar uma novidade em primeira mão. No próximo dia 31, sábado, a Mastercard promove mais um grande encontro entre ícones da música brasileira. Desta vez, Liniker e Xênia França se reúnem com Milton Nascimento para cantar sucessos do mineiro que é um dos grandes poetas da nossa cultura. A live terá início às 21h, e será transmitida no canal do YouTube da marca e também nos canais dos artistas, além do Multishow.

Setlist

1 – Preta Yayá
2 – Minha história
3 – Miragem
4 – Tereza Guerreira
5 – Perfeita pra você
6 – Destino
7 – Reach the stars
8 – PQMC
9 – Respeitem
10 – A Nave
11 – A Paixão

Confira a apresentação na íntegra…