Na leve brisa de sua poesia, Silva navega tranquilamente pelas águas da música pop, em show no Circo Voador


Capixaba conquista, mais uma vez, público carioca, apresentando as canções de “Vista pro Mar”, seu mais recente álbum

* Por Pedro Willmersdorf

Momentos antes do início da apresentação do capixaba Silva no Circo Voador, sábado (26/4), o mundo desabou pelos arredores da Lapa, criando naqueles que já estavam à espera do show a expectativa de que as ruas do boêmio bairro se tornariam, em instantes e como de costume, um mar bem diferente daquele cantado pelo cantor/compositor em seu mais recente (e elogiado) álbum.

Mas, como mantra antipluvial, o espetáculo apresentado por Silva no palco da tradicional casa de shows carioca conseguiu espantar não somente a chuva, como também o frio repentino que se abateu sobre a Cidade Maravilhosa nos últimos dias. Foram 90 minutos ocupados por 20 faixas que contagiaram a plateia presente, agraciada com uma surpreendente execução integral das 13 canções de “Vista pro Mar”, segundo disco de estúdio do rapaz que, de forma acertada, traz ares ainda mais pop/dançantes à eletro-MPB destilada por Silva desde seu EP de estreia, em 2011, e também em “Claridão” (2012), seu álbum primogênito. Aliás, algumas pérolas intimistas de seu primeiro CD entraram no setlist, para delírio dos fãs de “longa data” do artista, como “A Visita”, “12 de Maio” e “Imergir”. Mas havia uma curiosidade maior, que transcendia qualquer impressão que o competente Silva já houvesse nos dado: saber como funcionaria “Vista pro Mar” ao vivo.

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Uma investigação baseada na necessidade de especular se Silva também funcionaria, ali, em carne, osso e poesia, como um cantor entregue ao pop, mais do que nunca. E o resultado não poderia ter sido mais positivo: faixas como “É preciso dizer”, “Okinawa”, “Universo”, “Capuba”, “Disco Novo”, “Janeiro” e a carro-chefe “Vista pro Mar”, que simbolizam muito bem a firmeza de Silva no terreno dessa música pop nacional arejada, renderam. E muito. Sintetizadores e metais se integraram muito bem durante o show, reproduzindo o casamento agradável apresentado no CD, permeado pela temática praiana, como brisa leve e sadia para o futuro da música popular brasileira.

* Aos 26 anos, o sagitariano Pedro Willmersdorf é um jornalista carioca apaixonado pelo carnaval, obsessão que ele concilia com outros amores, como a música pop, o cinema, o voleibol e a vida noturna ao lado dos amigos