*Por Rafah Moura
O nosso encontro com Jorge Aragão foi quase como pisar no Olimpo da Música Brasileira. Afinal são 52 anos de carreira e com letras que atravessam as gerações. Poucas vezes vimos um artista cantado e celebrado por diferentes idades, exemplo de Elza Soares, que gravou uma das letras do mestre do samba ‘Malandro’, de 1976. Esse malandro, que é porta-estandarte do samba deu o papo e levou a plateia da CasaBloco, a dançar, sorrir, amar e chorar. “Quando o samba não é cartão de crédito, ele é longevo. Muitos criam sambas para morar na Barra da Tijuca, depois não conseguem nem pagar o condomínio”, frisa o cantor.
Então para entender o enredo desse samba e desfilar na passarela dos nossos corações, Aragão traz o amor como sua grande fonte de inspiração. “O amor é uma fonte de inspiração inesgotável, mas pode ser que não tenha um tempo de crescimento e maturação. Até porque quem começa de cima é buraco. A verdade é o que sempre perdura. É ela que emociona as pessoas, que faz a plateia se identificar, por isso falo sempre desse sentimento, exaltando e resgatando essa relação”, explica. E completa. “Muitos dizem que eu sou o culpado pelas trilhas sonoras de muitas dores de cotovelo (risos)”.
Aos 73 anos e cria de Padre Miguel, o artista tem no coração a Verde e Branca de Madureira, Império Serrano, e consegue atravessar diferentes gerações todas com suas letras na ponta da língua. “Eu não sei explicar isso. Veja bem, eu já cantei para os avós, pros pais, hoje eu canto para os netos. Acho muito curioso, mas isso me faz pensar que tudo acaba caindo em um ponto só: o meu lado como autor/ compositor. É daí que eu extraio tudo, que consigo me expressar, me emocionar, viver, sobreviver, subverter até as minhas crenças. Eu não sei para onde Deus vai me levar, mas eu estou feliz da vida”, destaca.
E esse coração carnavalesco, que já atravessou um grande mar de alegorias ressalta que o carnaval e o samba são manifestações orgânicas nos brasileiros, principalmente para os cariocas. “Faz parte do nosso DNA, do nosso dia a dia. O samba fala de amor, dor, brigas, do nosso cotidiano. Quando algo é feito com verdade entra na nossa pele, por isso se torna orgânico. Quando não injetamos verdade é preciso de um fator mantenedor muito forte, então a verdade é o caminho para a vida”.
Uma grande surpresa na vinheta do Carnaval de 2022, da TV Globo foi a ‘passada de bastão’ de Jorge Aragão para Teresa Cristina, que canta a canção ‘Globeleza’, sucesso desde 1993. Para o gigante foi um grande acerto da emissora colocar uma mulher preta, sambista para ser essa nova representando e extinguir a imagem sexualizada da mulher e do carnaval. “Fiquei muito feliz com essa escolha. Eu conversei com a Teresa e acho que a Globo não poderia ter feito uma escolha melhor”, comemora.
A CasaBloco continua até o dia 24 de abril de 2022, no Clube Monte Líbano, na Lagoa, Zona Sul, do Rio de Janeiro. Confira abaixo a agenda completa:
QUINTA-FEIRA, 21 de abril:
Elba Ramalho, Mariana Aydar, Almério & Martins, Bloco da Terreirada, Gabriel Gabriel e Tropicals.
SEXTA-FEIRA, 22 de abril:
Sidney Magal, Dona Onete ft. Bangalafumenga, Fogo & Paixão, Charanga Talismã e DJ Tata Ogan.
SÁBADO, 23 de abril:
Johnny Hooker, Baby do Brasil, Cortejo Afro, Agytoê, Bloco 442 e Odara Ôdesce com DJ’s Lala K e Allana Marques.
DOMINGO, 24 de abril:
Diogo Nogueira, Velha Guarda da Portela, Cacique de Ramos + Leci Brandão, Samba Queixinho e DJ Cris Panttoja.
Serviço:
CasaBloco
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