Linn da Quebrada apresenta o Prêmio Multishow e diz que é preciso revisitar conceitos de representatividade


A artista estará ao lado de Gloria Groove e Marcos Mion na apresentação da 29ª edição do Prêmio Multishow, que traz novas categorias, acabando com denominação de gênero, e dando protagonismo aos fãs. Sobre representatividade, Lina reflete: “Nos colocam como música LGBT, é muito difícil nos colocar como artistas. A música da Gloria não é LGBT e a minha também não. Você não escuta a indústria falando sobre música heterossexual, música cisgênera normativa, porque existe um esforço para não nomear o centro, a norma. Então, digo: ouçam a minha música, da Gloria, da Liniker, vejam os nosso trabalhos. Entendam que nossos trabalhos têm ligações, mas cada uma está falando da sua história”

*Por Brunna Condini

Nada mais será como antes. E ainda bem! Hoje devemos falar de representatividade com o entendimento profundo do que ela significa, ampliando, jogando luz na variedade de existências humanas, entendendo que somos todos únicos, exatamente como somos. E é de olho nisso que a 29° edição do Prêmio Multishow acontece em 18 de outubro, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo, trazendo um trio inédito de apresentadores: Gloria Groove, Linn da Quebrada e Marcos Mion e prometendo um evento memorável. “Não sou eu ou Gloria estarmos aqui que constrói a diversidade do evento, todos e todas constituímos isso. Quando falamos de diversidade estamos mencionando justamente esse encontro. E, a partir daqui e de outros encontros, é que vamos construindo um mundo mais plural. É a celebração de um processo, de um caminho. A premiação não é um fim. É justamente a junção de todas essas potências que temos a agregar”, frisa Lina, sobre a premiação que passa a contar com duas novas categorias e um número maior de artistas indicados.

Linn da Quebrada, Marcos Mion e Gloria Groove vão apresentar o Prêmio Multishow (Divulgação/ Multishow)

Linn da Quebrada, Marcos Mion e Gloria Groove vão apresentar o Prêmio Multishow (Divulgação/ Multishow)

“Quando me perguntam qual é a importância do meu encontro e da Gloria Groove neste prêmio, retorno a pergunta: qual é a importância disso para vocês? Essa importância para mim é única. Digo isso, porque acho fundamental abandonar a representatividade tal qual a conhecemos hoje. Ela tem tido a sua importância para os movimentos identitários, para que estivéssemos aqui, presentes, porque através dela foi apontado o ‘arranjo’, tão bem amarrado, de uma sociedade que se põe excludente e nos manteve por tanto tempo longe desses espaços. Então, a partir das nossas identidades e do apontamento da construção desses alicerces, têm sido construídos os movimentos de representatividade para que estivéssemos aqui”, acrescenta.

Linn da Quebrada vai apresentar o Prêmio Multishow de 2022 (Divulgação/ Multishow)

Linn da Quebrada vai apresentar o Prêmio Multishow de 2022 (Divulgação/ Multishow)

Nesta 29° edição do prêmio, o tema é ‘Mais perto do que nunca‘ e celebra o retorno da plateia aos estúdios da premiação após dois anos de pandemia. A ideia é celebrar o poder dos fãs e os elevar à condição de protagonistas. “Aqui a premiação dá um salto além e traz a própria comunidade de fãs para que se apresentem, falem por si. O universo da música não é só construído por quem faz, mas pela rede que o legitima, e dentro disso estão os fãs e as fãs. Foram elas e eles que fizeram com que o mainstream virasse os olhos para mim, por exemplo. Esse público é que fez com que a minha carreira acontecesse de forma tão veemente, tão poderosa. Por isso sinto que a representatividade nesse lugar que muitos ainda a colocam, tem que ser abandonada. Estou me apresentando, ao mesmo tempo que estou apresentando as qualidades da música que será premiada, mas a representatividade tal qual um token, como tem sido instituída pela indústria, deve ser deixada para trás, senão fica apequenada, já que ela deve estar sempre ligada a um movimento”.

"Foram os fãs, as fãs que fizeram com que o mainstream virasse os olhos para mim" (Divulgação/ Multishow)

“Foram os fãs, as fãs que fizeram com que o mainstream virasse os olhos para mim” (Divulgação/ Multishow)

Após a edição passada, marcada por críticas de artistas por falta de diversidade entre os candidatos, o prêmio criou um Comitê de Diversidade. O grupo teve a missão de observar as últimas edições e sugerir transformações em diversas frentes. Levando isso em consideração, duas novas categorias passam a ser disputadas: Voz do Ano e Artista do Ano, substituindo o gênero à frente nas antigas categorias Cantor e Cantora do Ano. O evento também traz como novidade o número de indicados em cada categoria, que passa de cinco para oito nomes, abrindo possibilidades para mais artistas serem indicados.

Lina continua sua reflexão sobre rever os conceitos atuais de representatividade: “Nos colocam como a representatividade ou como música LGBT, é muito difícil nos colocar como artistas. A música da Gloria não é LGBTQIA+, e a minha também não. Você não escuta a indústria falando sobre música heterossexual, música cisgênera normativa, porque existe um esforço para não nomear o centro, a norma. Então, digo: ouçam a minha música, da Gloria, da Liniker, vejam os nosso trabalhos. Entendam que nossos trabalhos têm ligações, mas cada um está falando da sua história”.

Apesar de toda trajetória e dedicação à carreira artística, além do ativismo, sendo considerada inspiração pela comunidade LGBTQIA+ do Brasil, Linn diz que há um ano atrás não imaginava que estaria vivendo o momento atual. “Talvez não imaginasse, mas projetava estar neste lugar. Penso que é justo e motivo de agradecimento para mim, mas de celebração para todas nós. Estamos multiplicando vidas, riqueza, que vem da possibilidade de fazer com que coisas importantes aconteçam. Projetava esse momento, mas não sonhava. Digo isso com um certo pesar, já que eu não sonhava muito. Acho que fiz isso inconscientemente para não me frustrar. As coisas foram acontecendo e aí sonhei…isso aqui é um sonho que aconteceu até antes que eu tivesse a possibilidade de sonhar. É como se fosse possível regar antes de plantar”.

"Eu projetava esse momento, mas nem sonhava. E digo isso com um certo pesar, já que eu não sonhava muito" (Foto: Gabriel Renné)

“Eu projetava esse momento, mas nem sonhava. E digo isso com um certo pesar, já que eu não sonhava muito” (Foto: Gabriel Renné)

Cerimônia

 As aberturas dos envelopes serão costuradas por performances de grandes nomes da música. Thiaguinho fará um medley em homenagem aos seus 20 anos de carreira, enquanto Ludmilla vai cantar alguns de seus maiores sucessos  e sua nova música, “Tic-Tac”, em uma apresentação que promete impactar o público. Iza vai levar para o palco da premiação uma releitura visual do curta “Três”, seu mais recente lançamento. Jão é outro nome confirmado, assim como a dupla sertaneja Diego & Victor Hugo. Luisa Sonza está preparando um musical com uma nova estética e estará acompanhada de um balé, além de receber o rapper Xamã para uma participação especial.

Um dos maiores hits dos últimos tempos não poderia ficar de fora do Prêmio Multishow. L7nnon vai se juntar a Biel do Furduncinho e Bianca para cantarem “Ai Preto”. E Gloria Groove trará alguns dos maiores hits de seu álbum Lady Leste para o palco. Liniker estará no palco para fazer uma participação especial na apresentação de Dona Onete, a Rainha do Carimbó. O Planet Hemp, que acaba de anunciar seu retorno após um hiato de 22 anos, também está confirmado. A banda vai receber Criolo para juntos apresentarem a recém-lançada “Distopia”.

MC Soffia e MC Estudante também participarão da cerimônia, em uma ação especial para o Movimento LED, iniciativa da Globo com o propósito de iluminar práticas inovadoras na educação brasileira. Eles estarão vestidos com figurinos iluminados e farão uma batalha de rimas mediada por Marcos Mion. O objetivo é que os dois artistas, referências do rap para a juventude, mostrem a importância da educação através da música e como ela pode ser uma ferramenta de transformação.

Digital

 Blogueirinha, Nicole Bahls, Pequena Lô e Priscilla Alcantara são as responsáveis por levar o público de casa para dentro de tudo que rola nos bastidores da premiação no digital. A noite já com uma performance exclusiva para o canal Música Multishow de Priscilla Alcantara no palco Unicórnio, e promete ousar no quesito interatividade com o público. Na apresentação, a cantora fará uma homenagem a mulheres que marcaram a história do Prêmio Multishow, como Marisa Monte, Ivete Sangalo, Pitty, Anitta, Marilia Mendonça e Ludmilla, entre outras.

Nicole Bahls e Blogueirinha estarão em contato com os fãs de carteirinha dos artistas indicados no tapete vermelho ao vivo no canal Humor Multishow, fazendo entrevistas com as celebridades que chegam para o evento. Priscilla Alcantara e Blogueirinha também comandam a disputa de fãs no canal Música Multishow no Youtube. Nessa competição, 32 fãs dos cantores indicados a Artista do Ano vão se espalhar na arquibancada do evento e serão convocados para diferentes dinâmicas durante a noite, entre disputas de conhecimentos sobre o artista, roleta de sucessos, qual é música e muito mais. Tudo que acontece ao longo do prêmio também tem influência no placar geral da disputa. Nicole Bahls será a correspondente dos fãs, invadindo as arquibancadas e fazendo dinâmicas e entrevistas de lá.

A Pequena Lô fará um tour pelos corredores do evento, com a passadinha no camarim dos artistas no pré-show e conteúdos exclusivos para que os fãs que assistem de casa não percam nenhum detalhe da maior celebração. Ela também terá seu próprio QG, a “Garagem da Pequena Lô” – que remete a uma garagem típica de banda em início de carreira -, de onde vai entrevistar os grandes vencedores da noite, com transmissão ao vivo pelo canal Humor Multishow. E quem vai comandar as redes sociais do Multishow são os fãs. Eles vão assumir o comando das plataformas e dar spoilers dos ensaios de seus ídolos.