Na Cidade das Artes, Fernanda Montenegro celebra a Mangueira, em projeto que traz o mainstream à Barra sob novo olhar


Na quinta edição de “Inusitado”, a dama do teatro brasileiro declamou sambas do repertório da agremiação, na companhia do baluarte Nelson Sargento, da bateria e de mulatas que não estão no mapa

Enquanto a ArtRio tomava conta do Píer Mauá com o badalo privê que deu início à sua quarta edição, na outra ponta da metrópole tropical, a Cidade das Artes celebrava outra espécie de arte, o samba, na companhia ilustre de Fernanda Montenegro nesta noite de quarta-feira (10/9). Era a quinta edição do projeto “Inusitado”, criado por André Midani que, com sua curadoria, reforça o aspecto peculiar dessa empreitada que procura trazer um pouco de cultura mainstream aos domínios da Barra da Tijuca, mas sob uma ótica diferenciada: “A liberdade criativa e rebelde de cada artista deve ser incentivada. Se ele quiser pintar em vez de cantar, que pinte como um pintor. Ou então, que cante e faça, no transcurso de duas noites, o que ele sempre quis fazer e nunca fez, seja um número de circo, de magia ou um recital de poesia”. Dessa vez, Fernanda fez uma leitura musicada de sambas da Estação Primeira da Mangueira, na presença charmosíssima de Nelson Sargento, hoje presidente de honra desta agremiação.

Nem é preciso dizer que os integrantes da escola compareceram em peso, tanto no palco quanto na plateia, para a alegria geral de Chiquinho Nery, presidente da escola, e Emílio Kalil, o presidente da Fundação Cidade das Artes. No palco, a Mangueira recriou o ambiente das rodas da velha guarda, reunindo sambas de terreiro, sambas-exaltação, sambas-canção e até sambas-enredo. celebrando composições da prata da casa, como Nelson Cavaquinho, Cartola, Tantinho (presente na confraternização) de chapeu branco), Padeirinho e o próprio Nelson Sargento.

Nesse repertório clássico, rolou de “Folhas Secas” (Nelson Cavaquinho) a “Agoniza, mas não morre” (Nelson Sargento), provando que, em se tratando de samba, a confraria dos Nelsons domina o pedaço. Sim, está tudo dominado. Basta ver a alegria do Cônsul Interino do Japão, Tadayoshi Mochizuki, e do presidente da Associação Brasil-Japão, ambos deslumbrados com a passista Janete. Sim, quem disse que japonês só gosta de sushi e faz arakiri?

Fernanda, antes de declamar os versos, disse: “Já que essa cidade custou tão caro, vamos fazer todo mundo conhecer o lugar. Aqui é a Cidade das Artes, e todo tipo de teatro, do popular ao erudito, precisa valer cada centavo gasto. Que venham mais encontros como esse pra que a população tenha o prazer de degustar”. Confira as fotos de Zeca Santos.                      

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