Exclusivo! Dan Torres lança disco com hits que embalaram folhetins: “Se não fossem as novelas, minha carreira teria tomado outro rumo”


Também compositor, Dan falou ao HT sobre o advento dos serviços de streaming musical e as respectivas interferências no mercado fonográfico: “Temos que achar uma maneira de agir com justiça em relação aos músicos, autores, intérpretes, e ao mesmo tempo deixar que a tecnologia ajude a levar a música a mais gente, como e quando quiserem ouvi-lá”

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Se você, caro leitor, é fã de novelas, com certeza já ouviu algum dos hits do cantor, intérprete e compositor, Dan Torres. Entre as músicas mais conhecidas, “Blowin’ in the Wind”, releitura de Bob Dylan, para “Sete Vidas”; e a conhecida “Lucy in the sky with Diamonds”, tema de abertura de “Império”. Não estamos certos? Pois Dan acabou de lançar uma coletânea com 14 faixas que marcaram folhetins globais, sendo que, destas, três são de sua própria autoria. Em bate-papo exclusivo com o HT, ele falou sobre a força das novelas (“é um veículo muito forte de divulgação”), analisou – enquanto ex participante de reality – o ostracismo pós programas de calouros e nos adiantou: está gravando seu terceiro disco. Um álbum regado a pop rock internacional. Só descer.

 HT: Você organizou o disco com as músicas das novelas em comemoração aos seus 10 anos de carreira. Como foi essa experiência?

Dan Torres: A ideia foi reunir as músicas para meus fãs e os das novelas e fazer um registro do meu período como intérprete, de várias músicas que eu gravei em períodos diferentes. Como eu já havia produzido muitas músicas em trilhas, os fãs começaram a sugerir, e com o sucesso de “Império”, achei que seria um bom momento.

HT: Qual é a força das novelas no que diz respeito ao mercado fonográfico?

DT: A força das novelas está justamente no seu alcance. O fato do Brasil ser um país tão grande, e a novela todo dia leva a história, leva as imagens, leva as músicas…é um veículo muito forte de divulgação. Mas eu acho possível, claro, lançar uma música sem usar uma novela, talvez a maioria das músicas funcionem desse jeito, temos aí a rádio, a internet, as mídias sociais. Então assim, eu acho que depende muito do que o artista está buscando e como ele vai usar essas ferramentas para lançar sua obra.

HT: Você não pensa, às vezes, que se acomodou por causa do campo “música de novela”? Tem vontade de se reinventar?

DT: Sempre acho um prazer muito grande fazer músicas para novelas, então não vejo como se eu estivesse acomodado. Eu fico grato por ser lembrado nesses momentos. A cada novo trabalho é uma reinvenção. Estou gravando o meu terceiro disco autoral agora, e certamente vai ser diferente do primeiro e do segundo. Esse é o crescimento normal de todo compositor.

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HT: Qual é a sua novela favorita de todos os tempos?

DT: Talvez a próprio “Império”. O fato de estar na trilha sonora da novela fez com que eu acompanhasse tudo de perto para ver como estava indo.

HT: Se não fossem as novelas, você acha que estaria no mesmo lugar?

DT: Certamente se não fosse para as novelas, a minha carreira teria tomado outro rumo. Não posso negar essa ligação, porque já se vão mais de 10 anos e foram 19 músicas em novelas, então realmente teve um impacto muito grande na minha vida, de maneira positiva. Não costumo olhar muito pra trás e imaginar como poderia ter acontecido, eu costumo olhar mais pra frente e aguardar novas possibilidades.

HT: Você também é compositor. De onde você tira inspiração?

DT: Inspiração a gente busca em todos os aspectos da vida, com experiências, e em outras pessoas. Ser compositor é isso, conseguir expressar em palavras e músicas o que sentimos e o que pensamos.

HT: Como foi crescer na Inglaterra? 

DT: Crescer na Inglaterra é muito diferente de crescer no Brasil, principalmente por causa do frio. Os jeitos do inglês e do brasileiro são muito diferentes, mas eu costumo dizer que, mesmo nascido em Londres, eu acabei sendo criado em uma “embaixada brasileira”, que era o restaurante da minha família brasileira, sempre cercado de parentes e amigos falando português. Acho que a minha criação foi bastante misturada com as duas culturas, as duas línguas, então não foi uma típica, da Inglaterra.

HT: Por que você veio para o Brasil?

DT: Na época, eu tinha 24 anos e já tinha conhecido o país e passado um período aqui, e eu estava num momento que eu estava afim de uma nova fase, uma nova aventura, foi simples assim. Eu tinha vontade de conhecer o Brasil mais de perto. Sempre senti que mesmo nascendo em Londres, o fato do meu pai ser brasileiro, senti que o Brasil também era o meu país e quis me conectar com esse meu lado.

HT: Você, enquanto participante do “Fama”, acha que faz sentido existirem programas de descobertas de músicos (aka “The Voice Brasil” e “Superstar”) hoje em dia, quando quase ninguém ganha espaço depois do fim da disputa?

DT: Acho esses programas muito válidos sim. Para muitos, é uma oportunidade única de mostrar o seu trabalho para os jurados e para o grande público. Mas eu sempre falava, quando participei no “Fama”, que eu julgo que tudo começa depois que o programa termina. Não é apenas ganhar o programa, mas depois vira um grande jogo. Você entra para o mercado fonográfico e está “competindo” com artistas consagrados do mercado, então o trabalho não pode parar nunca. Você tem que aprender tudo que você pode dentro do programa e continuar trabalhando, sujeito às mesmas coisas que os artistas vivem no país. Viver da música não é fácil, mas você tem que fazer com amor, dedicação, e se o público gosta ou não, não é algo que você decide. Você tem que trilhar o caminho que têm pela frente.

HT: Como você vê a discussão dos direitos autorais nas novas plataformas de música?

DT: Com as mudanças no mundo tecnológico e da musica, é uma discussão importante. Temos que achar uma maneira de ser justo com os músicos, autores, intérpretes, e ao mesmo tempo deixar que a tecnologia ajude a levar a música a mais gente, como e quando quiserem ouvi-la. É um desafio muito grande, mas eu espero que a gente consiga encontrar um acordo justo para todos os lados.

HT: E o que você acha do momento político brasileiro?

DT: Como todo mundo, eu acredito que estou assistindo o momento político brasileiro com muita tristeza pelos problemas que estamos passando, mas como eu sempre busco ter um olhar positivo, acho que, de certo modo, temos que passar por esses problemas se for pra consertar tudo e ter um futuro melhor. Costumo dizer que o fato de eu ser inglês, um país com muita história, com uma idade superior ao Brasil, que já passou por situações muito complicados ao longo das centenas de anos… A Inglaterra teve que passar por grandes desafios e problemas para chegar aonde chegou hoje, e eu acredito que o Brasil está passando pelo mesmo processo.

HT: O que podemos esperar do futuro de Dan Torres?

DT: Estou gravando o meu terceiro disco, que vai ser um pop rock internacional, uma continuação do que eu venho fazendo. São 10 faixas criadas por mim. Estou super animado, já que faz um tempo que eu fiz meu último CD autoral. Também é o primeiro disco que estou lançando desde o nascimento do meu filho, e representa um período de composições inspiradas pela chegada dele e as mudanças que isso trouxe na minha vida. Disco feliz com músicas bem pessoais pra mim. Estou no meio do processo de gravação e eu estou muito feliz com a direção que ele esta tomando.