Exclusivo! Bethany Cosentino, do duo californiano Best Coast, fala com HT sobre novo disco: “É o meu trabalho mais confiante”


Terceiro álbum da dupla chega no próximo mês e traz influências de Led Zeppelin a Gwen Stefani. Bethany Cosentino, a vocalista, explica melhor tudo isso

Já se passaram três anos desde que a dupla formada pelos californianos Bethany Cosentino e Bobbs Bruno subiu ao palco do Planeta Terra, em São Paulo, e arrancou elogios da crítica e da plateia com sua performance. Anos esses que foram fundamentais para o Best Coast amadurecer seu som e se encontrar na cena alternativa de Los Angeles. Prestes a lançar o seu terceiro álbum de estúdio, “California Nights”, com data de estreia marcada para 4 de maio, eles agora mergulham de cabeça nas influências do rock noventista, como Bethany conta em entrevista exclusiva ao HT: “Eu definitivamente senti que após estar na estrada por mais ou menos quatro anos, eu precisava de um tempo sozinha para diminuir o ritmo dos acontecimentos e ficar um pouco em casa fazendo coisas normais”.

Ela, responsável pelas letras e vocais da Best Coast, juntamente com Bobbs, guitarrista e multi-instrumentista, se conheceram há cerca de dez anos na cena noturna de LA, através de amigos em comum. Acabaram descobrindo que, além das companhias, eles também compartilhavam o mesmo gosto em músicas, filmes, séries e “esse tipo de coisa”, acabaram se aproximando e resolveram criar a dupla musical. O primeiro álbum, “Crazy For You”, lançado em 2010, teve relativo sucesso na blogosfera e atraiu interesse suficiente para eles, que logo estavam colaborando até com Drew Barrymore e Chloë Grace Moretz no vídeo de “Our Deal”, do mesmo disco.

Vídeo de “Our Deal”, dirigido por Drew Barrymore e estrelado por Chloë Grace Moretz

A superexposição criou uma demanda por novos lançamentos da dupla, que acabou liberando outro disco em 2012, até que, no ano seguinte, Bethany sentiu a necessidade de se afastar um pouco dos holofotes. “Fazer exercícios, cuidar melhor de mim e ter hábitos mais saudáveis definitivamente me ajudou a pensar um pouco sobre mim mesma. Quando eu escrevia músicas antes, ficava em um lugar por apenas dois ou três dias. Dessa vez não houve limites de tempo ou o de o que poderíamos ou não fazer. Fui capaz de focar meu tempo em compor e em descobrir o que eu queria, sem forçar nada . É meu disco mais confiante até agora”, diz com a voz firme, acrescentando que se sente influenciada por “Return of Saturn”, lançado pelo No Doubt em 2000.  “Simplesmente a ideia do álbum e o que Gwen [Stefani] diz têm muito a ver com o que eu estou passando agora”, comenta a mulher de 28 anos.

Bethany e Bobb Bruno, o duo de Best Coast (Foto: Divulgação)

Bethany Cosentino e Bobb Bruno, o duo de Best Coast (Foto: Divulgação)

HT teve acesso prévio e exclusivo ao álbum, e pode dizer que o resultado desse processo e auto-imersão sofridos por Bethany fazem com que “California Nights” traga em grande parte do tempo uma textura pesada, sim, mas com variações entre uma faixa e outra que, de tão diferentes, nem parecem ser do mesmo álbum. O trabalho abre com “Feeling OK”, cheia de uma positividade crítica e auto-depreciativa que relembra as composições e vocais de Courtney Love no comando do Hole na década de 1990. Mais à frente, “Jealousy” traz a mesma sensação, até que o próximo momento quebra no psicodelismo etéreo da faixa que dá título ao disco.

Best Coast – “California Nights”

“Esse foi meio que o nosso objetivo com esse álbum: fazer com que cada música não soasse necessariamente como a anterior. Eu já recebi muitas críticas em relação a isso e às minhas composições no passado, de pessoas dizendo que eu escrevo a mesma canção repetidas vezes. Não que eu estivesse tentando provar que eles estavam errados, mas foi algo que aconteceu naturalmente”, Bethany comenta sobre o provável efeito colateral da sua folga para autoconhecimento. As inspirações que ela cita são facilmente perceptíveis ali: “[A música] ‘California Nights’ tem meio que uma influência de Led Zeppelin e Oasis, com um pouco do hip hop. Eu queria ter algo que fosse como uma experiência. Quando fiz essa música, fiquei super ansiosa e não sabia se alguém iria gostar dela. Ela poderia até não se encaixar no disco, mas todo mundo curtiu e acabou sendo a mais forte do álbum”.

Confirmando que o projeto inteiro é também bastante inspirado em “Celebrity Skin”, álbum lançado em 1998 pela banda de Courtney Love, Bethany prossegue e explica a faixa “Jealousy”: “Eu queria escrever uma música que falasse sobre essas pessoas que odeiam as outras sem nenhum  motivo, algo pelo qual eu mesma já passei. É aquela sensação com a qual todos podem se identificar. Por quê odiamos pessoas de quem sentimos inveja? Eu acho esse sentimento tão curioso…”.

Vídeo de “Heaven Sent”, primeiro single do “California Nights”

O primeiro gosto que os fãs tiveram de “California Nights” foi durante o festival SWSX, que rolou em março, no Texas (sim, é o mesmo em que Lady Gaga vomitou neon no ano passado). Na ocasião, Bill Murray compareceu ao show dos californianos e ainda disse que era fã do duo. Bethany, claro, se sentiu honrada: “É ótimo quando você descobre que pessoas de quem é fã e respeita o trabalho também admiram a sua arte. Não apenas alguém como o Bill Murray, mas todas as pessoas ao redor do mundo”, diz a moça de Los Angeles, completando que quer voltar logo ao Brasil. Estamos no aguardo, Bethany!