“Eu vou lutar para que meninas pretas tenham representatividade, algo que não senti na infância”, diz Mc Soffia


A rapper, com 16 anos, se tornou uma das grandes vozes para as adolescente na luta antiracista, espalhando mensagens de afeto, autoestima e luta em suas músicas. “No movimento hip-hop, nós usamos a arte como forma de comunicação de conhecimento para mostrar às pessoas das periferias que elas também podem conquistar o seu lugar na sociedade”

*Por Rafael Moura

MC Soffia, que viralizou na internet aos 12 anos, em 2016, com o hit ‘Menina Pretinha’, no fim de semana estremeceu rede ao fazer um show virtual na plataforma ShowLivrePlay.  Ela apresentou ao vivo ‘Empoderada’, seu novo single, além de compartilhar o making of do clipe e receber a participação de Onnika. “Foi uma energia incrível. Mesmo através de uma tela houve troca de muita energia e positividade. Usamos de muita tecnologia e ainda teve a participação da minha amiga/ irmã Onnika, que sou super fã, e sempre quis unir forças com essa mina do trap, e nós arrasamos, nessa parceria”, revela, acrescentando que depois do show ainda rolou um meet com os fãs, no Zoom.

Suas letras falam sobre a importância da autoaceitação e a falta de representatividade na vida. “Quando canto eu tento passar uma mensagem de força e esperança para as minas. O objetivo é que essas meninas se aceitem, reconheçam o seu valor e afirmem as suas identidades”, frisa.

Mc Soffia se apresentou na plataforma ShowlivrePlay, no último final de semana, com participação de Onnika (Foto: divulgação)

MC Soffia começou na música com apenas seis anos, logo após participar do projeto ‘O Futuro do Hip Hop’. A criança de rimas conscientes e flow certeiro ganhou notoriedade em todo o Brasil com faixas como ‘Menina Pretinha’, ‘Barbie Black’ e ‘Brincadeira de Menina’. Suas letras de conteúdo antirracista e contra restrições de gênero para brincadeiras infantis foi escutada por milhares de jovens e crianças. Hoje com 16 anos, a cantora paulista se tornou uma das grandes vozes para uma geração de meninas negras que nunca se sentiram representadas. Suas letras falam sobre autoestima e força para as meninas, principalmente negras. “Eu carrego uma responsabilidade sim, principalmente pela falta de referências e representatividade para as meninas pretas, algo que não tinha quando era pequena. Eu falo sempre o que penso, nunca vou deixar nada distorcer a minha verdade e invalidar minha luta e pensar sempre positivo que tudo vai dar certo, e já deu”, ressalta.

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A adolescente continua espalhando mensagens de afeto e luta mixou seu rap com uma pitada de trap e de funk. Histórias de relacionamentos agora fazem parte de seu cotidiano. ‘Empoderada’ celebra a homenagem que Soffia recebeu da World Woman Foundation, uma organização artística norte-americana sem fins lucrativos que atua pela igualdade para mulheres como um progresso para todos. A celebração aconteceu no último dia 11 de outubro, Dia Internacional da Menina, e faz parte de um projeto da ONG, intitulado “She’s My Hero”, que busca empoderar mulheres mostrando como todas são capazes de superar dificuldades a partir do exemplo das homenageadas.

Com 16 anos Mc Soffia se tornou uma das grandes vozes para uma geração e meninas pretas

Para a adolescente, a arte é uma das mais fortes ferramentas de comunicação, principalmente para conversar com o seu público. “Nas minhas letras, eu falo mensagens importantes para crianças, adultos, pais e até colégios. Eu fico muito feliz em saber que importantes autores negros como Djamila Ribeiro e professores usam o meu trabalho como ferramenta de aprendizado, isso só mostra que a minha música está no caminho certo e funciona como objeto de estudo”, explica. E completa. “No movimento hip-hop usamos a arte como forma de comunicação de conhecimento, para mostrar às pessoas das periferias que elas também podem conquistar o seu lugar na sociedade”.