*Por Felipe Rebouças
O sol há de brilhar mais uma vez. Nessa sentença a cantora Alcione quer acreditar e se apegar nesse momento. Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), ela está reclusa, em casa, acompanhada da família, e seguindo as recomendações médicas internacionais de isolamento social e exercício higiênico constante e diário para conter o avanço da doença. Assim como seus colegas de profissão, Alcione está utilizando as ferramentas de comunicação ao alcance durante a quarentena, para divulgar seu trabalho e movimentar o público com conteúdos audiovisuais.
Sentada diante da câmera, com os braços apoiados numa mesa, ela canta a música escolhida por parte de um milhão de seus seguidores no Instagram, através de enquetes divulgadas no story. “É uma ferramenta incrível que me permite estar em contato com o público apesar do confinamento”, comenta a cantora. Na última publicação, com mais de 100 mil visualizações, Alcione canta ‘Você Me Vira A Cabeça’, que superou ‘Meu Ébano’ na votação.
“A música é uma companhia para todos os momentos e como diz o ditado, quem canta seus males espanta”, diz Alcione. “O papel dos artistas é tentar, através das canções, levar um alento às pessoas que estão nesse confinamento. É muito bonito ver esse movimento mundial, com artistas profissionais e amadores, cantando e tocando nas janelas dos prédios e casas. A música ajuda, dá suporte, distrai, faz o tempo passar mais depressa”, exalta.
Na semana passada, Marrom participou da música ‘O Mundo Parou’, composta por Dudu Nobre, Edi Rock (Racionais MC’s), Dexter e Ivo Meirelles, em nome da campanha ‘Favela Contra O Vírus’, lançada pela Central Única das Favelas (Cufa). Organização que convidou Alcione para se apresentar em 2011, no 1º Prêmio ANU, cujo intuito é premiar ações realizadas em favelas, ocorrido no Teatro Municipal do Rio à época.
“Essa última parceria [da canção ‘O Mundo Parou’] foi um convite do Celso Athayde (diretor da Cufa) e cada músico gravou de sua casa”, conta. A iniciativa, como diversas outras implementadas na sociedade civil, tem como objetivo assistir as pessoas mais vulneráveis durante a crise sanitária e econômica impostas pela chegada do vírus ao país.
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“As pessoas mais carentes são as que necessitam de maior proteção e amparo legal. São as mais frágeis, vulneráveis e precisam de auxílio. É hora de todos, sem exceção, autoridades e entidades, fazerem um imenso mutirão para socorrer nosso povo”, afirma a cantora.
Segundo dados do Censo 2010, último realizado no país, 11,4 milhões de pessoas viviam em 6.329 aglomerados considerados subnormais – do ponto de vista das condições de higiene e de construção civil. Em 2018, com base na Síntese de Indicadores Sociais, o IBGE apurou que 35,7% dos lares brasileiros não possuem acesso a saneamento básico. Entre o conjunto de pessoas abaixo da linha da pobreza, o índice aumenta para 56,2%.
Single, documentário e participação no ‘Música Boa Ao Vivo’
Apesar da quarentena, Alcione segue no batente. A produção mais recente foi lançada no dia 13 de março. O single ‘Fascínio’, assinado Toninho Geraes e Paulinho Rezende, faz parte do álbum ‘Tijolo por Tijolo’, que será lançado nos próximos meses, segundo a cantora. A médio prazo, aguardando a resolução da crise do coronavírus para ser lançado, está o documentário biográfico ‘Marrom, O Musical’, que será dirigido por Miguel Fallabella.
A cantora também rasgou elogios à Iza, com quem formou dupla no palco Sunset do Rock In Rio 2019 e na estreia do programa ‘Música Boa Ao Vivo’, ambos no ano passado. “Todo mundo sabe que admiro muito a Iza, desde que surgiu no cenário musical. É sempre um prazer estar ao lado dessa grande artista que, além de tudo, é uma pessoa maravilhosa”, afirma.
“No mais é lembrar que isso vai passar! E que, conforme dizia Neoci de Bonsucesso: “Depois de meia-noite tem que clarear””, conclui.
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