Périples fala sobre canção ‘O mundo parou’, em collab com músicos, e as ações de solidariedade nas favelas


O cantor e a diretora da Central Única das Favelas (Cufa) no Rio de Janeiro, Elaine Caccavo, vêm ao Site Heloisa Tolipan falar sobre a gravação da música ‘O Mundo Parou’, com participação de diversos cantores da música popular, e da importância do trabalho da instituição neste momento de calamidade pública decretado pelo Estado brasileiro. Somente nesta quinta-feira (26), a Cufa do Rio entregou mais de 130 cestas básicas em 9 comunidades do município de Duque de Caxias através da ação #favelacontraovirus. Vem conferir.

*Por Felipe Rebouças

No combate ao novo coronavírus (Covid-19), as organizações sociais com capilaridade em favelas e comunidades de todo Brasil têm se movimentado em busca de soluções e alternativas para atender as pessoas em condições de vulnerabilidade durante a pandemia. É o que a Central Única das Favelas (Cufa), há vinte anos ativa no exercício social, faz neste momento. No último domingo, a música ‘O Mundo Parou’, gravada em parceria com diversos cantores renomados, foi lançada com a #favelacontraovirus, a fim de divulgar o trabalho de captação e destinação de donativos realizado pela Cufa.

“Lave bem as mãos, as maçanetas, os móveis e fique em casa. Cuide dos seus e ajude quem estiver por perto e precisa de auxílio”, afirma o cantor (Foto: Divulgação)

Ouvido pelo site HT, o cantor Péricles reitera a importância do trabalho realizado pela central. “A Cufa trabalha para tirar o olhar preconceituoso que impede de ver talento dentro de favela. É um projeto social importante e lindo, feito por gente da favela e para gente da favela”, afirma o cantor. Ele só lamenta que não tenhamos construído uma rede de solidariedade e empatia antes da chegada do vírus. “Infelizmente precisamos de uma pandemia para falar em amor e partilha. Acredito que teremos muita lição para aprender depois dessa crise”, projeta.

A canção que diz que “poderosos e ignorantes vão pedir socorro, imagine o povão lá do morro passando mais fome e necessidade” conta com a participação de Alcione, Ferrugem, Mumuzinho, Péricles, Xande de Pilares, entre outros. O cantor Dudu Nobre, participante da iniciativa, ficou responsável por recolher as gravações dos cantores e editar o vídeo final em seu estúdio, dentro de casa, seguindo a recomendação de quarentena. “Cada cantor mandou seu vídeo e no final o resultado foi esse. Nós da Cufa ficamos muito felizes”, afirma Elaine Caccavo, diretora da Cufa no Rio de Janeiro.

Ela relata que o trabalho de recolhimento de donativos, especialmente material de higiene e alimentos, segue acontecendo nas favelas e na internet. O crowdfounding ‘Ajude a Cufa Ampliar Seu Combate Ao Coronavírus’ foi montado para levantar fundos. Até agora, apenas metade do valor estimado como meta foi alcançado. De acordo com a diretora, no Rio, 50 voluntários estão trabalhando neste momento para atender cerca de 150 favelas cadastradas pela Cufa. “Os colaboradores que fazem parte do grupo de risco, como eu, trabalham home office, monitorando o crowdfunding, os demais estão na rua realizando o recolhimento com os doadores”, afirma.

PARA DOAR: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-a-cufa-a-ampliar-seu-combate-ao-coronavirus

“O mais especial desse trabalho é se sentir útil no meio de tudo isso, além de uma diretora de instituição sou uma cidadã ajudando o próximo. Já trabalho olhando para os menos favorecidos há muitos anos, mas como o meio ao meu redor sofreu uma alteração brusca, com a chegada do vírus, o desafio tornou-se ainda maior. A gente trabalha para minimizar o sofrimento que nesse cenário virá de uma forma ou de outra aos menos favorecidos”, comenta.

“O mais especial desse trabalho é se sentir útil no meio de tudo isso, além de uma diretora de instituição sou uma cidadã ajudando o próximo”, afirma a diretora da Cufa do Rio, Elaine Caccavo (Reprodução/Internet)

A entrega mais recente foi feita na manhã desta quinta (26). Os voluntários da Cufa entregaram 135 cestas básicas em nove comunidades do município de Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio. Ainda segundo a diretora, o serviço funciona baseado em dois pilares. O primeiro é focado no acolhimento de demandas dos moradores mais necessitados das favelas e na divulgação de conteúdos e mensagens, como a música ‘O Mundo Parou’, na intenção de “fazer barulho até chegar às pessoas que tem condição de ajudar”, afirma. O segundo é a parte de captação e destinação dos recursos doados. “Trabalhamos para que em cada favela assistida pela Cufa haja alguém à vista para ajudar, oferecer informação e servir como ponto de coleta”, explica.

O sambista Péricles ainda reforça o papel de vanguarda da música em momentos de crise como esse em que o isolamento social afasta as pessoas e aumenta o anseio por lideranças. “A música sempre esteve na linha de frente nesses momentos, mostrando um posicionamento, o lado a seguir, e agora não será diferente”, garante. “Esse momento está sendo difícil para todos os sambistas, para quem toca para 100 mil até para quem toca para 15, ninguém saiu ileso. Mas acredito que seja um período voltado justamente para repensarmos nossas ações no dia a dia”, diz.

“Não deixemos de demonstrar amor ao próximo”, reforça Péricles (Foto: Divulgação)

Em sua mensagem final, o cantor afirma que tem utilizado o tempo em casa para cuidar de si e da família e reforça que “não deixemos de demonstrar amor ao próximo”. “Lave bem as mãos, as maçanetas, os móveis e fique em casa. Cuide dos seus e ajude quem estiver por perto e precisa de auxílio”, finaliza.