Cresceu, cresceu! Com barrigão à mostra, Sandy, enfim, é uma mulher balzaquiana cheia de energia!


Para quem não se desprende do estereótipo criado para “a virgem do Brasil”, Sandy faz show no Vivo Rio com barrigão de grávida e a delicadeza de um mulherão no corpo de menina

Sandy nunca vai ser uma unanimidade. Mesmo fazendo campanha da cervejaria Devassa e mostrando seu amadurecimento no cinema como uma das protagonistas do longa “Quando Eu Era Vivo”, contracenando com o ator Antônio Fagundes. A moça é mesmo delicadinha e fofa, uma mulher, sim, no corpo de menina. Mesmo grávida. Aceitem, ela cresceu, casou-se, fez trinta anos e será mãe daqui a três meses. Portanto qualquer piadinha preconceituosa e rotuladora já passou do nível do aceitável. Ela continua cantando com a grandeza de alguém que nasceu e cresceu estudando música, com uma voz incrível, sem nenhum repertório genial, mas que agrada a milhares de fãs que curtem sua delicadeza e doçura. E ponto. Sandy cantou neste sábado no Vivo Rio como uma verdadeira diva esperada e aclamada. Para quem curte toda aquela meiguice, aquele clima floral, com cheiro de lavanda no ar, que é a atmosfera do espetáculo, ou ao menos conseguir se desprender de rótulos, vai ver um show de uma bela cantora com uma grande percepção musical. Se não consegue fazer isso, vai apenas levar um tapa com uma luva de material rosa chá, mais leve que pelica, nas músicas “Saudade”, do músico Denis Nassar, e “Angel”, de Sarah Mclachlan, onde ela mostra o que sabe fazer com a voz e a sensibilidade.

Mesmo que você se questione “por que um repertório tão simplório com uma voz tão boa e afinada? Para que tanto esforço se ela poderia aproveitar melhor esse potencial e tremer o chão?” Entenda que Sandy escolheu. E faz bem o que escolheu. Ela escolheu usar esta voz para uma música carregada no romantismo, ela escolheu ser fofinha, e ainda mais: escolheu fazer um estilo para show com 2 mil pessoas e um tipo de música que vende no máximo 100 mil cópias, depois de fazer shows para 1,2 milhão e vender 3 milhões de cópias. Ela cresceu no sucesso absoluto e hoje consegue exercer com maestria o desejo de ser intimista e conceitual. Afinal são mais de 20 anos de carreira, mais de 17 milhões de discos vendidos, quase 2 mil shows, cerca de 1300 fã-clubes e mais de 500 participações em programas de TV. É uma carreira de alguém no mínimo profissional. Mesmo que no início tenha sido moldada para o sucesso, hoje tem vida própria e quer conforto. E tudo isso sem enlouquecer como a maioria dos fenômenos mirins.

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A turnê “Sim” ganhou apresentações extras e únicas no Rio e SP e tem produção executiva da Live Talentos, empresa responsável pela gestão da carreira da artista. Na divulgação desse trabalho, Sandy passou, logo no início, por Vitória, Rio de Janeiro, Goiânia, Uberlândia, Curitiba e Paulínia, no interior paulista, seguindo depois para shows em praticamente todas as grandes cidades brasileiras. Mesmo cuidando pessoalmente de tudo a cantora, assim como a família, sempre gostou de chamar os melhores profissionais do mercado para perto e, para a turnê convocou a experiente Romi Atarashi (que já trabalhou com Lenine, Lulu Santos, Marcelo D2, NXZero, Ira!, Sandy e Junior, entre outros) para a direção geral da turnê, que também tem Isabelle Bittencourt escalada para a direção de arte e cenografia. O músico, compositor e produtor musical Lucas Lima repetiu a parceria de sucesso com a artista e assumiu novamente a direção musical do espetáculo. Sandy também segue com sua jovem e talentosa banda, que apresenta Alex Heinrich no baixo, Delino Costa na bateria, Eloá Gonçalves nos teclados e Edu Tedeschi e Maurício Caruso nas guitarras e violões. A cenografia compõe o clima meigo e floral com tecidos fluidos, leves, transparentes e sobrepostos, acompanhados de móbiles num cenário que ganha força por meio de um cuidadoso e belíssimo projeto luminotécnico. Em um ambiente que remete à primavera em tons de verde, azul, lilás, lavanda, cinza e prata.

Com set list baseado no álbum homônimo à turnê “Sim”, ao abrir o show, quase não se ouve a voz da cantora de tão forte que é o coro da plateia em “Aquela dos 30”, “Quem Eu Sou” e “Escolho Você” (esta famosa pelo clipe com o humorista Marcelo Adnet), somado a releituras de grandes clássicos da música nacional e internacional (“All Star”, “Angel”, “Ben”, entre outros). Depois abre espaço para o romantismo tão presente em tudo o que a menina de Campinas faz nas mais de duas décadas de carreira, como “Lenda”.  Histeria é pouco nestas horas. Gritos de “diva”, “linda” e “eu te amo!” provam que Sandy é uma diva nata! Além disso, cresceu e está perto de amadurecer, já deu todas as provas disso, mostrando que está cheia de gás agora que é “balzaca”, como revela: “Que começo de ano! Estou feliz da vida com a repercussão do filme, honrada com a escolha de “Morada” como parte da trilha da novela. Estou ótima, passando muito bem e pretendo fazer shows até a reta final da gestação. Seguramente são shows incríveis e marcantes nessa minha trajetória de mais de vinte anos de estrada”.