Carioca e setentista, Folks lança seu primeiro álbum e Kauan Calazans diz: “se você tiver algo relevante para falar, as coisas acontecem”


O vocalista da banda bateu um papo com HT sobre o atual cenário do rock nacional, dificuldades da cena e como foi gravar o primeiro disco auto-intitulado, que chega aos palcos hoje, no Imperator

Com dois anos de estrada, a banda Folks prepara-se para o lançamento de seu primeiro disco auto-intitulado nesta sexta-feira (31), com um show no Imperator Centro Cultural, no Méier. Com produção assinada por Felipe Rodarte e gravado na icônica Toca do Bandido, local onde o lendário produtor Tom Capone (1966 – 2004) – que já trabalhou com gente que vai de Maria Rita e Gilberto Gil a Skank e Legião Urbana – criava suas batidas mágicas, o disco promete revelar mais um grupo pronto para oxigenar a cena nacional do rock.

Formada por Sérgio Sessim e Paulinho Barros nas guitarras, Vitor Carvalho no baixo, Ygor Helbourn na bateria e Kauan Calazans nos vocais, a Folks pode ter apenas dois anos, seus integrantes já estão na carreira musical há mais de dez anos, cada um com um projeto paralelo diferente, o que se reflete na maneira como tocam.

Com uma pegada meio rock de garagem nos vocais e influência direta do gênero nos anos 1970, as músicas da Folks trazem composições bem estruturadas e mais elaboradas do que os clichês que são encontrados ao monte nessa geração atual, o que já faz o grupo se destacar. Junte a isso músicas com temas mais criativos, como “Carol”, que fala sobre uma garota que “desabou a chorar por uma mulher” no refrão, enquanto as cordas frenéticas aceleram o ritmo ao fundo; ou arranjos interessantes, como o psicodelismo de “A casa dos lugares” e o perigo emergente de “O Trago” quando Kauan canta “não me leve a mal”, e é possível ver porque a proposta do grupo merece ser ouvida.

HT bateu um papo com Kauan para conhecer um pouco mais da banda, suas raízes e origens antes do show que agita o Méier nesta sexta, e a conversa você lê abaixo:

Com dois anos de formação, os cariocas da Folks lançam seu primeiro álbum auto-intitulado hoje, com show no Imperator (Foto: Divulgação)

Com dois anos de formação, os cariocas da Folks lançam seu primeiro álbum auto-intitulado hoje, com show no Imperator (Foto: Divulgação)

HT: Como se conheceram e como surgiu a ideia de formarem uma banda?

KC: Sempre tivemos esse grande tesão de fazer um som, desabafar nossas idéias no palco, conseguir de alguma forma criar um movimento com a mensagem que passamos com a nossa música. Eu e Paulinho Barros estávamos tocando em uma outra banda até 2010 mais ou menos, então conhecemos o Sergio S. em um show que fizemos no extinto Canecão. Ele me chamou para fazer um som, mas naquela época acabou não rolando. Um tempo depois, chamei o Sergio, tocamos um pouco, e então surgiu a formação do Folks, que em seguida teve o Vitor Carvalho e o Ygor Helbourn.

HT: Quais foram as surpresas boas e ruins de fazer o primeiro disco?

KC: Na verdade, as surpresas ruins acabaram sendo boas no final. É o sonho de qualquer banda conseguir produzir o primeiro disco. Ficamos muito pilhados com a oportunidade de realizar esse trabalho no templo que é a Toca do Bandido, criada pelo Tom Capone. A Constança Scofield, diretora artística do disco e quem assume atualmente a Toca, abriu as portas para que a gente pudesse usufruir dos equipamentos raros que a Toca possui.

O Felipe Rodarte é peça fundamental de todo esse processo. Nós o conhecemos por acaso, quando a banda tinha apenas duas semanas de existência, e desde então ele vem nos ajudando de todas as formas. De acordo com a personalidade que o som do Folks tem, junto com o Rodarte, decidimos criar uma proposta de um disco clássico como na década de 1970, mas nos tempos atuais. Nesse processo, precisávamos de válvulas específicas para que conseguíssemos fazer o som clássico da proposta que tínhamos, e apenas fomos conseguir estas válvulas na Rússia e na Dinamarca… Por conta disso, o processo de pré-produção/gravação levou dois anos. No caso, a parte ruim foi demorar tanto, porque nós ficávamos muito aflitos. Mas, hoje em dia, temos a percepção de que esta foi a melhor coisa que aconteceu para a banda. Estamos lançando este trabalho no nosso melhor momento.

Kauan Calazans, vocalista da banda Folks, comenta: "se você tiver algo relevante para falar, as coisas vão acontecer" (Foto: Divulgação)

Kauan Calazans, vocalista da banda Folks, comenta: “se você tiver algo relevante para falar, as coisas vão acontecer” (Foto: Divulgação)

HT: Quais as influências e os artistas que admiram? Com quem gostariam de colaborar?

KC: Curtimos muito o rock clássico da década de 1970, as guitarras do Sergio S. ficam fritando o disco todo. As referências da banda vão desde o classic rock, até o som contemporâneo. Também somos muito fãs do rock brasileiro da década de 1980 e o Vitor Carvalho é amante da MPB. Gostamos das mesmas coisas, mas ao mesmo tempo somos bastante ecléticos, o que é muito bom na hora da composição. Acho que seria legal se tivéssemos a oportunidade de ter a colaboração de alguém que admiramos em qualquer vertente e pudéssemos fazer algo inusitado para sair da nossa zona de conforto.

HT: Como avaliam o atual estado do rock no Brasil?

KC: Acredito que estamos em um excelente momento. Há dois anos, começamos juntos com outras quatro bandas em um movimento chamado #ACenaVive. A ideologia do projeto é que o mais importante é você priorizar o que está à sua volta, que aí o seu individual estará incluso. Juntos, nós somos mais fortes. O movimento começou a chamar atenção, saiu em capa de jornal, teve várias matérias em sites e as bandas começaram a ganhar tamanho. Hoje, uma ideologia que começou com apenas cinco grupos, tem só no Rio mais de 100 bandas aderindo a essa linha de pensamento.

HT: Qual a maior dificuldade hoje em dia para quem está começando no cenário musical nacional?

KC: Todo começo de profissão, independente do segmento, é muito difícil. É complicado para você ser respeitado como artista e ter boas oportunidades. Acredito que o mais importante de tudo é confiar no som que você está fazendo, ter paciência, e se tiver algo de relevante para falar, as coisas vão acontecer.

 

 

Serviço:

Data: 31 de julho, às 20h

Local: Imperator – Centro Cultural João Nogueira

Endereço: Rua Dias da Cruz, 170 – Méier. RJ

Ingressos à venda no local e no site Ingresso.com