Cantora Lary suspende lançamento de EP e se dispõe a ajudar vizinhos do grupo de risco de vulnerabilidade ao Covid-19


A artista se juntou a centenas de pessoas que estão dispostas a estender a mão a quem mais precisa: “Me coloquei à disposição para ir ao mercado e farmácia para os meus vizinhos que estão na faixa de risco”

*Por Felipe Rebouças

A cantora Lary, em forte ascensão na música pop brasileira, teve que cancelar o lançamento de seu quarto EP, previsto para maio até então, por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “Devido ao contágio do novo vírus tive que adiar o início da produção do meu próximo EP, além compromissos de estúdio, gravação e viagem que estavam marcados paras as próximas semanas”, relata a artista, que se juntou a centenas de pessoas que estão dispostas a ajudar quem mais precisa: “Me coloquei à disposição para ir ao mercado e farmácia para os meus vizinhos que estão na faixa de maior risco”.

Lary (Foto: Hugo Barbieri)

O período sem shows e apresentações também tem servido para compor músicas, estudar, ler livros, ver filmes, e escutar suas referências. É o caso de H.E.R, Alicia Keys, Jorja Smith e Ariana Grande. “Estou tentando me adaptar e recorrer à internet e redes sociais para interagir com as pessoas mesmo que virtualmente. Tenho feito bastante live, compartilhado minha rotina de quarentena pelos stories, dividido opiniões em grupos de WhatsApp”, afirma.“Trata-se de um momento difícil. Até porque o cancelamento não afeta só o artista, mas também toda a equipe envolvida, além dos produtores de evento e seus colaboradores. Mas, agora, é necessário. É hora de todo mundo parar, se resguardar e logo poderemos estar nos palcos cantando e levando alegria para as pessoas”, complementa.

Nascida em Niterói, Lary escolheu a música como profissão após se formar em Engenharia de Produção. “Comecei a cantar de brincadeira no karaokê, com a minha mãe, mas com público foi só em shows de amigos da faculdade. Foi paixão à primeira vista, logo percebi que era isso que eu queria fazer da vida”, conta.

“Estava flertando com o funk, escrevendo na linha do melody, mas não havia encontrado meu próprio estilo”, afirma a cantora sobre os primeiros anos de carreira (Foto: Hugo Barbieri)

Antes de dar uma pausa na carreira de engenheira de produção e começar a produzir canções, ela chegou a estagiar durante um ano e meio em uma empresa farmacêutica, na área de administração. O que lhe conferiu conhecimentos no setor e permite, hoje, que ela tome algumas decisões importantes dentro do mundo da música. “Eu uso os conhecimentos dessa época na hora de planejar ações nas redes”, exemplifica.

Seu principal cartão de visita no mundo da música foi a canção ‘Mapa Astral’, lançada em fevereiro de 2019, com o grupo 3030. “Estava flertando com o funk, escrevendo na linha do melody, mas não havia encontrado meu próprio estilo”, afirma. Depois da faixa que faz parte do álbum ‘Tropicália, Pt. 3’do grupo de rap carioca, hoje com mais de 1,5 milhão de visualizações no YouTube, a cantora conseguiu se encontrar num segmento que “reúne pop, R&B com batidas urbanas e letras sensuais e românticas”, segundo sua própria definição.

Elementos que trouxeram à tona comparações com outras cantoras brasileiras já consolidadas no mercado do entretenimento e da música como Anitta, Ludmilla, Iza, Lexa, Luísa Sonza. “Eu não quero ser a nova alguém-que-já-existe, quero conquistar meu espaço e seguir minha trajetória. Esse tipo de comparação descabida rebaixa as mulheres em geral. Devíamos nos unir contra isso pois cada uma de nós tem capacidade de brilhar e fazer sucesso”, dispara Lary.

Sua referência musical, por exemplo, Ivete Sangalo, é comparada constantemente à cantora Claudia Leitte. “Ambas ocupam lugar de destaque dentro do mesmo estilo, mas isso não significa que são rivais ou que uma vai ocupar o lugar da outra. Quem ganha sempre é o público”, diz. Ela justifica sua admiração por Ivete por conta do entusiasmo, presença de palco e potência vocal que a baiana apresenta por onde passa. E ainda exalta artistas internacionais como H.E.R, Alicia Keys, Jorja Smith e Ariana Grande. “Fazem muito meu estilo”, comenta.

“Eu não quero ser a nova alguém-que-já-existe, quero conquistar meu espaço e seguir minha trajetória. Esse tipo de comparação descabida rebaixa as mulheres em geral”, dispara (Foto: Hugo Barbieri)

Em 2017, numa das primeiras exibições do seu trabalho ao público, a música ‘Salto 15’, feita na batida do funk, foi escolhida como trilha sonora da personagem Bibi Perigosa, vivida por Juliana Paes em A Força do Querer. “Foi emocionante ver pela primeira vez meu trabalho reconhecido em cadeia nacional. Não sabia se gravava áudio, se fotografava, fazia um vídeo, foi uma loucura!”, ri.

Desde ‘Mapa Astral’, parte do EP Um Quarto, Lary é produzida pela Hitmaker. Com o auxílio dos compositores e produtores Pedro Bredder, Wallace Vianna e André Vieira, ela já lançou singles como ‘Mal Resolvido’, com participação do cantor sertanejo Gustavo Mioto, e ‘Montanha-Russa’, com o ex-integrante do The Voice, Dreicon, ambas do EP Metade. Além do recém-lançado ‘Sessão da Tarde’, do terceiro EP Quase Lá.

“Já me sinto madura e segura para alçar voos mais altos”, pontua (Foto: Hugo Barbieri)

Ao todo, a cantora já acumula números expressivos nas redes. Além de ser a imagem de capa da playlist ‘R&B Brasil’ do Spotify, Lary tem 10 milhões de plays e 250 mil ouvintes mensais na plataforma. No Instagram, a cantora tem alcance de mais de um milhão de contas. Já no YouTube, a conta ‘Lary Oficial’ registra 21 milhões de views e 116 mil inscritos.

“Consegui encontrar um segmento que reúne Pop, R&B com batidas urbanas e letras sensuais e românticas”, afirma (Foto: Hugo Barbieri)

Para ela, um trabalho que apresente o olhar do artista diante do mundo é pura sinceridade com o público. “Depois do lançamento do quarto EP (ainda sem data prevista), eu vou encerrar um ciclo na minha carreira. E, pela primeira vez, falo sobre isso abertamente: já estou preparando meu primeiro álbum”, revela Lary.