“As relações como um todo estão cada vez mais líquidas, mais tóxicas e sem profundidade”, frisa Romero Ferro


Poucos dias depois de lançar o clipe ‘Fake’ que faz uma reflexão sobre sentimentos como angústia, ansiedade, insegurança, medo de não sermos aceitos, o cantor pernambucano, agora em terras cariocas, apresenta o single ‘E Se Não Era Amor’, o primeiro com a gravadora Milk Music, produzido de maneira remota com U.GOT. “A sociedade nos ensina que relação é posse, mas esquecemos que o ‘perder’ também é ‘ganhar’. Fala sobre o final de uma relação completamente desgastada, mas onde eu proponho que nós tenhamos um término sadio. É uma história real, de algo que eu vivi, e foi uma canção que escrevi agora na quarentena”, diz

Romero Ferro lança novo single escrito e gravado na quarentena: “E Se Não Era Amor” chegou às plataformas digitais

*Por Rafael Moura

O pernambucano Romero Ferro lançou seu primeiro single após o disco FERRO. “E Se Não Era Amor” é o primeiro lançamento inédito de Romero como artista do selo Milk Music. A canção fala de amor, e também do fim dele. “Escrevi essa canção inspirada no final de uma relação minha que já estava completamente desgastada. Às vezes, a gente demora a entender os ciclos. Que tudo começa, termina e transmuta. A sociedade nos ensina que relação é posse, mas esquecemos que o ‘perder’ também é ‘ganhar’. Qualquer escolha nos abre inúmeras possibilidades e é importante saber dizer ‘não'”, conta o artista.

“E Se Não Era Amor” foi produzida e gravada remotamente junto ao produtor U.GOT. “Foi um processo extremamente novo para mim, mas muito importante. Eu e o U.GOT nos encontramos algumas vezes por vídeo e até a mix nós compartilhamos. As fotos da capa, eu fiz na sala de casa, onde optamos por algo simples, mas poético. E todo esse universo balada-bolero anos 80 que ela tem está muito interligada ao contexto do meu último álbum, o FERRO.” No dia 2 de outubro, Romero lançou o clipe de “Fake”, onde trata de questões contemporâneas, das fake news à ditadura da beleza, passando pela emergência do conservadorismo no mundo. A música faz parte do seu álbum FERRO.

Durante a pandemia, o artista obteve um crescimento exponencial no digital, tanto no Spotify quanto no Instagram e demais redes. E com a recente entrada na Milk Music, Romero acaba de se mudar para o Rio de Janeiro, iniciando essa nova fase da sua carreira. “Eu conheci o Romero há alguns anos em um programa de aceleração do Youtube. Na época, ele me despertou atenção e o achei muito talentoso. Em 2019 fui a um show e fiquei ainda mais encantado, e foi quando entendi que precisava trabalhar com ele. O Romero é um artista muito comprometido e profissional, o que eu acredito ser essencial além de tudo. Portanto, tanto pelo artista que ele é, com o talento que carrega e por seu comprometimento, eu tenho um grande orgulho de trazê-lo para a o time da Milk. Tenho certeza que ele ainda vai brilhar muito”, conta o Diretor Artístico da Milk Music, Bruno Costa.

O pernambucano Romero Ferro começou a investir na música ainda em 2014 quando passou a se aperfeiçoar em suas composições próprias. Formado em produção fonográfica na universidade AESO e em canto popular no Conservatório Pernambucano de Música, encontrou nas anotações da adolescência o material suficiente para começar a carreira de músico, e assim transformou tudo que julgava importante em produto artístico. Em 2016 lançou o primeiro álbum intitulado Arsênico. Em 2017, foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira como melhor cantor popular. Também participou de importantes festivais como o Coquetel Molotov (PE), MADA (RN), Bananada (GO), RecBeat (PE), SIM SP e RIO2C (RJ). Em 2020, o seu trio elétrico no Galo da Madrugada (maior bloco de carnaval do mundo), contou com a presença da Pabllo Vittar.

Romero Ferro é o artista pop que conecta elementos da música tropical brasileira aos timbres icônicos dos anos 80, com batidas envolventes e refrães irresistíveis. Seu segundo álbum, FERRO, lançado em 2019, já soma mais 8 milhões de plays nas plataformas digitais e conta com hits como Pra Te Conquistar (TOP 50 Viral Spotify BR), Verdadeiro Amor, Tolerância Zero (feat. Hiran e Mel), Love Por Você (feat. Luiz Caldas) e Corpo Em Brasa (feat. Duda Beat).

Durante a pandemia, Romero tem marcado presença em eventos onlines importantes e de visibilidade internacional, como PopLine Masks 4All (Portal PopLine), Festival Fico em Casa BR, Parada LGBTQIA+ de SP, o Festival Juntos Pela Música, da UBC/Spotify, Sala de Casa da Natura Musical e Festival Coquetel Molotov .EXE, onde lançou show novo com luzes e projeções criadas por ele.

Para além da música, ainda em 2020 o cantor lançou em seu canal do IGTV e Youtube o programa Eita FERRO!, onde recebe convidados especiais para conversas sobre pautas indenitárias, preconceito e outros tópicos. Nomes como Johnny Hooker, Tiê, Drik Barbosa já participaram desse bate papo. No canal também é possível ter acesso a clipes, shows, making of e músicas do artista.

SERVIÇO:

Link para single: http://milkdigital.lnk.to/ESeNaoEraAmor

Em tempos de lançamentos de singles avulsos, Romero Ferro vai na contramão da maioria e lança o sexto videoclipe do álbum FERRO. A nova música de trabalho, “Fake” faz referência a sentimentos como angústia, ansiedade, insegurança, medo de não sermos aceitos, de viramos fantoches. Além disso, toca na questão da toxicidade que as redes sociais podem trazer às pessoas e aproveita para provocar Bolsonaro, Trump, Flordelis e Gabriela Pugliesi.

Heloisa Tolipan – Você acabou de lançar Fake, que faz uma crítica à toxicidade da vida atual. Acredita que falta mais vida real nas relações atualmente?

Romero Ferro – Eu acho que a gente está perdendo o termômetro do que é real, ou não, há muito tempo. As relações como um todo estão cada vez mais líquidas, mais tóxicas e sem profundidade. E isso é muito ruim, porque embora eu ache que todo esse mundo das redes sociais tenha o seu lado positivo, os seus benefícios, nós precisamos viver o momento, a manhã, o domingo com a família, sentir o que está a nossa volta e deixar o celular de lado.

HT – A música traz um clima bem new wave, assim como outras do próprio álbum FERRO. Como é esse seu caso de amor com o ritmo?

RF – Eu amo a new wave e queria explorá-la mais fortemente nesse disco. Misturei com o brega e a música tropical e deu no que deu. Mas ainda estou explorando a música dos anos 80, e, agora, que ela está voltando ao mercado internacional fico entusiasmado.

HT – Você é um dos artistas que trazem uma renovação para a música feita no Nordeste, trazendo um olhar global e contemporâneo. Quais são suas influências/ inspirações?

RF – Minhas influências estão no próprio Nordeste. De artistas que levaram e globalizaram o que tem lá em décadas passadas: Dominguinhos (da minha cidade Garanhuns), Alceu Valença, Lenine, Geraldo Azevedo, Reginaldo Rossi, Naná Vasconcelos, Elba Ramalho, Luiz Caldas, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. Eles transcenderam o regionalismo com a arte, eu quero fazer isso também. E tenho ídolos internacionais como o David Bowie, Madonna, Beyoncé, The Weekend, Tame Impala. Tudo acaba influenciando um pouco.

HT – Na sexta-feira, você lançou seu primeiro single após o FERRO, ‘E se não era amor’. A faixa fala sobre…

RF – “E Se Não Era Amor” fala sobre o final de uma relação completamente desgastada, mas onde eu proponho que nós tenhamos um término sadio. É uma história real, de algo que eu vivi, e foi uma canção que escrevi agora na quarentena.

HT – Ferreira Gullar dizia que ‘A arte só existe porque a vida não basta’. Você concorda? Discorda? Qual é o papel das artes nas nossas vidas?

RF – Eu concordo completamente, e tenho pensado muito nisso ultimamente. Eu diria que arte é o nosso respiro, o nosso oxigênio, o nosso brilho especial na vida. Há quem se engane, acha que vive sem arte, mas está equivocado! A arte está em tudo, e quando você deixa ela adentrar, a vida toma um outro patamar. A arte nos faz questionar, inquietar, (des) construir. Por isso, a arte e os artistas precisam ser cada vez mais valorizados, principalmente os que a levam de forma independente.