Ana Schurmann: a brasileira que viralizou na Europa com sua música e entrou para a playlist da BBC de Londres


Radicada na Europa e, desde os 13 anos, trabalhando como modelo para grifes de luxo, a também cantora criou o seu espaço no cenário da música internacional com um hit na playlist da rádio BBC. Entre os fãs de sua música estão Ian Griffiths, diretor-criativo da Max Mara, e Remo Ruffini, diretor da Moncler. Segundo ela, a moda foi um dos elementos essenciais ao decorrer de sua trajetória musical: “A minha carreira enquanto modelo me proporcionou muito material criativo para poder me expressar na música”

Ana Schurmann por Gosha Pavlenko

Ana Schurmann, a catarinense que está sob os holofotes na Europa (Foto: Gosha Pavlenko)

*Com Bell Magalhães

Mais um talento brasileiro que está nos deixando orgulhosos fazendo sucesso mundo afora. Depois de emplacar o hit “Tell Me” na playlist da rádio BBC de Londres, a brasileira Ana Schurmann lançou “Your Voice”, seu mais novo single, cujo clipe foi gravado no Isaac Royal Theatre, em Christchurch, Nova Zelândia. Na letra, solidão e perseverança criam uma dualidade que reflete dores atuais. A experiência, segundo Ana, foi memorável. “Gravar naquele teatro foi algo que ficará para sempre na memória. Quis fazer algo que comovesse, abordando sonhos e a luta para alcançá-los”. No caminho inverso de muitos cantores, que levam anos para conquistar um espaço no cenário internacional, Ana viu uma oportunidade fora do Brasil para firmar seu espaço. No decorrer de sua carreira musical, recebeu elogios de grandes nomes, como o premiado ator Billy Porter, Ian Griffiths, diretor-criativo da Max Mara, e Remo Ruffini, diretor da Moncler. 

Ainda este mês, Ana lançará mais dois singles: o alegre ‘Wish Me Luck’ e ‘Dark Room’, com uma pegada mais poética, um dos traços marcantes da sua música, e já adianta que o primeiro álbum da carreira está sendo alinhavado: “Sou uma artista romântica. Sempre uso a base na filosofia, nas entrelinhas e que fazem o público pensar. Para mim, o meu forte é a letra. Além disso, este ano vou lançar vários singles até outubro para fechar o álbum. Será uma música por mês”. Fora o projeto inicial do disco, Ana diz que pretende se arriscar em outros ritmos e nos dá mais uma dica do que podemos esperar dos próximos trabalhos: “Vocês vão encontrar rap, reggaeton, música em português e em outras línguas”, comenta.  

Fora o canto, Ana toca e estuda piano, violão, violino e o tar, um instrumento musical de cordas utilizado no Irã, Azerbaijão, Geórgia, Armênia e outras áreas próximas. A variedade de estilos e equipamentos são essenciais para a expressão artística da cantora. “Posso mudar de gênero musical, mas sempre tenho a minha identidade em qualquer um deles. A cada música lançada, tenho a certeza de que sou eu mesma. Lembro das memórias e dos sentimentos durante a composição. Isso sempre me faz pensar em ser fiel à minha identidade”. No decorrer do processo, a artista valoriza as opiniões do público, sejam elas boas ou ruins: “Gosto de saber o que as pessoas interpretam das minhas músicas. Cada um vive sob uma ótica diferente e temos muito o que aprender com outros pontos de vista. Muitas vezes, a interpretação de alguém sobre a minha música pode ser algo inesperado ou inimaginável para mim. A crítica, construtiva ou não, mostra que estão prestando atenção no que digo, então busco ouvir desde a melhor até a pior para saber se aquilo pode me passar alguma perspectiva ou conhecimento diferentes”.

"Posso mudar de gênero musical, mas sempre tenho a minha identidade. A cada música lançada, tenho a certeza de que sou eu mesma" (Reprodução Instagram)

“Posso mudar de gênero musical, mas sempre tenho a minha identidade. A cada música lançada, tenho a certeza de que sou eu mesma” (Reprodução Instagram)

O conhecimento é algo que Ana busca com avidez. Influenciada pelo avô, o escritor e filósofo José Curi, a cantora sempre foi questionadora e tem uma paixão pelo estudo. A primeira parada foi a Filosofia, depois, a linguagem. Neste ano, inclusive, a catarinense viralizou na internet com a divulgação do single ‘Tell Me‘ no qual fala em inglês, italiano, francês, espanhol, japonês, alemão, chinês e hindi. Hoje, faz o terceiro ciclo do curso de Neurociências, em Harvard. E como áreas tão diversas despertaram o seu interesse? “Nunca deixei de estudar, mesmo quando comecei a minha carreira de modelo aos 13 anos. Nos primeiros momentos em que você se interessa por um assunto, eles vão puxando outros. E posso dizer, quanto mais a gente aprende, mais temos certeza de que não sabemos de nada”, pontua. 

"Nunca deixei de estudar, mesmo quando comecei a minha carreira de modelo aos 13 anos" (Reprodução Instagram)

“Nunca deixei de estudar, mesmo quando comecei a minha carreira de modelo aos 13 anos” (Reprodução Instagram)

Ana tem recebido inúmeras mensagens com elogios, mas outras são preocupantes: “Algumas pessoas me mandam mensagens dizendo que querem que os filhos sejam iguais a mim, e não pode ser assim. As crianças devem seguir os próprios caminhos. Fico feliz que posso ser um bom exemplo, mas você não pode forçar o seu filho a aprender e ter fluência em várias línguas em menos de um ano. Cada um tem o tempo, o conhecimento e qualidades próprios. Com paciência, todo o esforço é bem aproveitado”, alerta.

Segundo ela, a maior ferramenta para poder alcançar os objetivos a longo prazo é o equilíbrio. “Sei que pode parecer clichê, mas a simplicidade da vida está em momentos muito pequenos. Eu amo o estudo, mas também amo poder sentar em um jardim, apreciar a natureza e respirar o ar puro. Temos que ter o equilíbrio e dividir as prioridades em nossas vidas”.

Caminhos cruzados

A música foi uma consequência da primeira profissão de Ana Schurmann. Radicada na Europa há dois anos, ela também atua enquanto modelo para grifes como Dior, Calvin Klein, Tommy Hilfiger, BCBG MaxAzria e Iceberg, e emprestando a sua beleza em editoriais e revistas como Elle, Vogue, Harper’s Bazaar, L’Officiel e Marie Claire. Segundo a cantora, a moda foi um dos elementos essenciais durante a sua trajetória musical, principalmente na produção e parte técnica: “A moda criou a minha identidade. Sem ela, não teria conseguido a música. Fazendo um vídeo musical, por exemplo, todas as ideias que tenho derivam da moda. A minha carreira enquanto modelo me proporcionou muito material criativo para poder me expressar na música”.

 A flexibilidade da rotina enquanto modelo criou um espaço para que pudesse compor e criar a própria identidade enquanto artista, buscando referências e fazendo contatos com pessoas importantes para o seu crescimento. “A moda abre portas e me traz conexões que podem ser importantes futuramente. Quando fotografamos em Dubai, aprendi muito com a equipe. O fotógrafo era turco e me mandou um artista local que poderia me ajudar nas composições. Em outra ocasião, o Ian Griffiths gostou tanto das minhas músicas que ele me ajuda no processo da produção do meu material até hoje.

"A moda criou a minha identidade. Sem ela, não teria conseguido a música" (Reprodução Instagram)

“A moda criou a minha identidade. Sem ela, não teria conseguido a música” (Reprodução Instagram)  

Viagens e rotina

Depois da Nova Zelândia, Ana foi para os Emirados Árabes a trabalho e, agora, está se preparando para os próximos lançamentos do ano na Itália, onde está há um pouco mais de duas semanas. Como se acostumar com o fuso horário e manter a rotina? “É bem difícil, na realidade. Por viajar muito, criei uma rotina e estabeleci um horário fixo para acordar, independente do fuso horário de onde estou. Também tenho o hábito de escrever em um caderno no qual pontuo os afazeres do meu dia a dia”.

E Ana se cerca prazeres, como preparar uma comida brasileira, seus livros, instrumentos e materiais de pintura. “Posso estar em um quarto de hotel em qualquer lugar do mundo, mas a minha rotina e meus objetos pessoais me acompanham e criam esse espaço confortável. Sinto que estou em casa em qualquer lugar”. A compositora diz que é uma espécie de ‘orientação pessoal’, que a faz lembrar das próprias raízes, origens e individualidade. Acredito que a identidade é algo que não podemos perder. Os gostos podem mudar ao longo do tempo, mas existe um momento no qual a personalidade está tão solidificada que não podemos deixar nada interferir nela. Luto muito para não perder as minhas referências”, afirma. 

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