A indústria têxtil e de confecção se reinventou durante a pandemia para atender a uma nova demanda: a fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). E o SENAI CETIQT ofereceu total apoio e o conhecimento técnico que permite migrar processos e colocar as máquinas a serviço da guerra contra a Covid-19, suprindo a necessidade de máscaras cirúrgicas, protetores faciais (face shields), luvas e vestimentas para os profissionais da saúde, além de máscaras caseiras para toda a população. De acordo com um levantamento do SENAI Nacional já foram produzidas mais de 170 mil vestimentas, doadas para instituições de saúde, e mais de 24 milhões de máscaras. A live “A retomada eficiente da indústria têxtil e de confecção”, contou com moderação de Rodrigo Kurek, gerente de Relações com o Mercado do SENAI CETIQT, e participação de Vanessa Canhiete, gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI Nacional, Erasmo Fernandes, consultor técnico do Instituto SENAI de Tecnologia (IST), Nelson Pereira, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (APTT), Phelipe Mansur, sócio da indústria e comércio Tropical Land, e Camila Borelli, consultora do SENAI CETIQT. Eles avaliaram os pontos principais para organizar desde a pequena confecção até a grande indústria de forma eficiente para a retomada da produção.
A primeira providência a ser adotada é otimizar fluxos e processos. A medida ajuda não apenas ajuda a atravessar o período de turbulência, mas também proporciona saúde financeira para depois que passar o momento crítico da Covid-19. “Cada empresa deve também adotar seu protocolo interno a partir de orientações. É preciso rever processos que oferecem risco de contaminação, como o uso do ponto eletrônico com leitura de digital ou o compartilhamento de materiais, como tesouras. É preciso pensar na saúde in totum”, diz o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (APTT), Nelson Pereira. “Devemos olhar para dentro, corrigir as falhas e tentar sair dessa crise de forma bem estruturada, conhecendo bastante o produto e seus custos fixos”, acrescenta Erasmo Fernandes.
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Os especialistas reconhecem a gravidade do momento vivido no Brasil, mas seguem otimistas em relação ao futuro. “Estamos diante de uma crise sem precedentes e sem fronteiras, que traz desafios inéditos e impactos ainda incalculáveis em todas as dimensões de negócios. Quem melhor se adaptar a todas essas mudanças vai sair na frente”, afirma o consultor do IST Erasmo Fernandes. “Temos expertise em passar por crises políticas e econômicas, mas na área de saúde é a primeira vez. A retomada terá de seguir protocolos e cuidados com a saúde de profissionais. A parte comercial tem que começar a ser trabalhada e com diversas estratégias”, garante o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (APTT), Nelson Pereira. “Ninguém imaginaria que pudéssemos passar por essa situação que requer tantas adaptações. Cuidar da qualidade é uma maneira de superar a crise”, acrescenta Camila Borelli.
Erasmo Fernandes lembra que o SENAI CETIQT tem abrangência nacional de vários serviços, tanto na área de estudo quanto em pesquisa – através do Instituto SENAI de Tecnologia (IST) e Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) -, que estão disponíveis para gestores e equipes. “Todo o corpo técnico do SENAI CETIQT está apto a dar consultorias nas áreas de moda, confecção, têxteis e normalização, por exemplo”, pontua. Em moda, são analisadas as etapas de planejamento, pesquisa e criação, visando reduzir custos e prazos na entrega de valor para o consumidor. No caso da confecção, aplicação de ferramentas ágeis e customizáveis no suporte à gestão de toda a cadeia produtiva do vestuário, fornecendo soluções específicas para cada setor do bureau de confecção. A consultoria em têxteis prevê gerar os resultados em alto grau de excelência de prestação de serviço integrado que visa a elevação da competitividade das empresas têxteis. E a consultoria em normalização orienta o desenvolvimento de modelagem, produção de peças piloto, análises de custos e aprovação de produtos.
Ele ressalta que o SENAI CETIQT também está preparando um protocolo com orientações técnicas e dicas para a proteção de todos dentro do ambiente de fábrica. “Todas as empresas estão se reinventando e sendo criativas para proteger seus funcionários e tentar retomar as atividades. Pensamos, por exemplo, em um modelo estudado e desenvolvido para o posto de trabalho da costureira, evitando que tenha contato com aerossóis em sua direção e mantendo a estrutura do layout compacto, que é muito difundido na confecção. Foi planejada até um layout em acrílico ou PVC”, observa.
O empresário Phelipe Mansur revela que a Tropical Land já fazia a lição de casa desde antes de o coronavírus aparecer. “Nossos métodos são bem estruturados. Estudamos cuidadosamente as etapas do produto e todo o planejamento é baseado no tempo padrão de cada peça. Dessa forma, chegamos a um preço correto e garantimos a produtividade no dia a dia”, explica. “Fornecemos para grandes magazines e somos bem pontuais em relação a entregas”, comentou.
Para Phelipe, todos os negócios sofreram em maior ou menor grau o impacto do coronavírus e a indústria têxtil e de confecção também. “Nosso segmento ainda vai sofrer bastante, mas na Tropical Land buscamos ao máximo evitar demissões, mantivemos essa taxa em torno de 10%. Nosso fluxo de entrega está muito menor que antes, na ordem de 40% do que vínhamos fazendo até meados de março. Felizmente, não tivemos cancelamentos de pedidos”, conta. “Vamos observar uma nova normalidade, mas não será imediata. Os cuidados com a prevenção continuarão a fazer parte do nosso dia a dia. Acredito que exista uma retomada forte do setor, mais para a frente”, frisa.
Diferentemente de muitas empresas do setor, a Tropical Land não substituiu sua produção regular pela de EPIs. Ainda assim, segundo Phelipe, foram fabricadas 30 mil máscaras de pano, todas doadas. “A intenção é produzir, pelo menos, 50 mil”, adianta. Ele credita ao planejamento a situação de sua empresa, que pode ser considerada boa em meio ao cenário de pandemia. “O controle do caixa é a principal ferramenta para passar por esse momento da melhor forma possível. A fim de enfrentar essa situação com um caixa robusto, usamos muito nosso estoque”, assegura.
Erasmo Fernandes também é um defensor entusiasmado do plano de negócios. “Planejamento é uma palavra muito importante, especialmente para as pequenas e médias empresas, que costumam ter dificuldade em relação à administração estratégica. Vão vivendo o dia a dia, não olham para o futuro. Uma pequena confecção tem que ter seus custos muito bem amarrados para ter lucro”, aponta. “A pandemia pode ser um marco para mudanças. Precisamos fazer a gestão permanente do nosso negócio. Não adianta querer descobrir um novo mercado sem saber qual é”, alerta Nelson Pereira.
No que diz respeito à estratégia, Camila Borelli frisa que é hora de abrir a mente para seguir adiante. “A melhoria contínua é mais importante do que nunca. Qualidade é o produto, no mínimo, cumprir a função para a qual foi projetado. Mas é preciso ir além do controle da qualidade e levar em conta todo o sistema, focando em cada etapa do processo de fabricação, sem desperdiçar tempo e matéria-prima”, descreve.
Na parte de verificação do processo, Camila cita que o SENAI CETIQT tem vários laboratórios: Flamabilidade, Calibração, Microbiologia, Químico, Toxidade, Colorimetria, Ensaios Físicos, por exemplo. E ainda o de Metrologia, que pode ajudar a entender os problemas encontrados na produção, a fim de que não se repitam, ou para certificar alguns produtos. “Os laboratórios de toxicidade, colorimetria e ensaios físicos, por exemplo, têm colaborado muito nessa fase de fabricação de produtos médico-hospitalares e verificado a qualidade para poder atender a essa demanda”, diz.
“A indústria 4.0 também traz essa oportunidade de repensar nossos processos e está bem ao alcance da indústria têxtil e de confecção, trazendo automação dos processos com eficiência e monitoramento total, entre outras vantagens”, aponta. O SENAI CETIQT também tem uma planta de Confecção 4.0 e uma pós-graduação, o Master In Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Confecção 4.0 em sinergia com a Quarta Revolução Industrial. O SENAI CETIQT foi pioneiro na construção de uma planta de confecção adotando conceitos da Indústria 4.0. A planta, primeira na América Latina, utiliza diversos componentes tecnológicos, servindo de inspiração para as indústrias nacionais na busca pela inovação e competitividade.
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