SENAI CETIQT: Live debate ações tecnológicas que auxiliam no combate ao coronavírus


Consultores técnicos do Instituto SENAI de Tecnologia (IST) e coordenadores e consultor do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT, no Rio, conversaram online sobre produção de EPIs, incluindo máscaras e viseiras de proteção, ensaios laboratoriais têxteis e para produção do álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou outros produtos naturais, auxiliando empresa para a produção em escala industrial, impressão 3D, grafeno que inibe 98.7% do crescimento bacteriano em vestimentas e testes rápidos para detecção de Covid-19

O combate à pandemia do coronavírus tem na tecnologia e inovação seu maior aliado. Seja nos modernos laboratórios do Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT, no Rio, onde cientistas trabalham no desenvolvimento de testes que podem proporcionar o resultado do Covid-19 em cerca de 10 minutos, na produção do álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou outros produtos naturais, auxiliando empresa para a produção em escala industrial e, assim, atendendo demandas do Brasil de Norte a Sul  – e com ênfase total em sustentabilidades – ou no apoio do Instituto SENAI de Tecnologia (IST) às indústrias ou confecções, que disponibilizaram suas máquinas para suprir a necessidade de máscaras cirúrgicas, protetores faciais (faceshield), luvas e vestimentas para os profissionais da saúde e outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), as pessoas não medem esforços e se unem em torno de um objetivo comum em prol da sociedade: a proteção para o controle a transmissão da doença. O SENAI CETIQT promoveu a live “Ações tecnológicas para combate ao Covid-19”, reunindo um time que está diretamente envolvido com iniciativas nesse sentido: Erasmo Fernandes, Charllene Santos, Julio Cesar e Angélica Coelho, consultores técnicos do Instituto SENAI de Tecnologia (IST); Ricardo Cecci, consultor técnico do Instituto SENAI de Inovação em Biossintético e Fibras (ISI); Adriano Passos, coordenador de inovação em Fibras do ISI; e Aline Dumaresq, coordenadora coordenadora da plataforma de Biotecnologia do ISI.

Laboratório do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

Consultor técnico do Instituto SENAI de Tecnologia, Erasmo Fernandes ressalta a importância da proatividade nas ações contra o coronavírus: uma conexão constante com empresários. “É importante procurar as confecções que tenham interesse em fabricar máscaras e fornecer esses materiais”, diz. Outro ponto para o qual o consultor técnico chama a atenção é como lidar com a produção regular das empresas envolvidas nas ações de combate à Covid-19. “Por conta da pandemia, muitas confecções tiveram que interromper sua produção regular. A gente tem que contribuir para que esses empresários possam reorganizar todo o seu processo produtivo. Seria interessante que nós, técnicos, por exemplo déssemos orientação a fim de que eles armazenem de forma correta e segura artigos que eram despachados logo que ficavam prontos e estão parados na fábrica, evitando que eles se deteriorem”, observa.

Além de colocar à disposição sua estrutura, incluindo os modernos laboratórios do Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras – ISI, e do Instituto SENAI de Tecnologia (IST), o SENAI CETIQT elaborou manuais de boas práticas de fabricação que podem ser consultados a qualquer momento e disponibilizou o Fashion Lab para total sinergia entre profissionais do primeiro laboratório high tech para experimentação tecnológica no setor têxtil e de confecção trabalhar com indústrias, pequenas empresas e instituições de pesquisas para o desenvolvimento de soluções práticas e inovadoras, como a fabricação de protetores faciais (incluindo máscaras) e vestimentas, No Fashion Lab, primeiro laboratório high tech para experimentação tecnológica no setor têxtil e de confecção, profissionais estão colocando à disposição de indústrias, pequenas empresas e instituições de pesquisas infra-estrutura física e intelectual para o desenvolvimento de soluções práticas e inovadoras, como a fabricação de protetores faciais (viseiras e máscaras) e vestimentas, em prol da sociedade e profissionais da saúde. Foram desenvolvidas normas técnicas Desenvolvemos normas técnicas para a fabricação de máscaras, aventais e capotes para que empresas possam fabricar esses materiais vitais em tempo recorde. Disponibilizaram um conjunto de informações sobre a confecção de máscara de proteção alternativa para a população, produto foi simplificado e adaptado para a confecção em maquinário industrial ou semiindustrial.

O Ministério da Saúde tem realizado ações para adquirir esses produtos de diversos fornecedores, tanto nacionais quanto internacionais, bem como ações no sentido de descentralizar os recursos para apoiar os estados, municípios e Distrito Federal na compra desses EPIs conforme suas necessidades. Diante do cenário da pandemia pelo COVID-19, há escassez de EPIs em diversos países, em especial das máscaras cirúrgicas e N95/PFF2, para o uso de profissionais nos serviços de saúde (Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 356, de 23 de março de 2020). O Ministério da Saúde recomenda que máscaras cirúrgicas e N95/PFF2 sejam priorizadas para os profissionais para garantir a manutenção dos serviços de saúde.

O uso de máscaras caseiras passa a ser um fenômeno internacional no enfrentamento do COVID-19 visando minimizar o aumento de casos. As pesquisas têm apontado que a sua utilização impede a disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, garantindo uma barreira física que vem auxiliando na mudança de comportamento da população e diminuição de casos. Nesse sentido, sugere-se que a população possa produzir as suas próprias máscaras caseiras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.

“Nossos esforços estão sendo direcionados para o apoio à fabricação das máscaras caseiras, mas também damos todo o suporte para as empresas que queiram readequar seus processos para vir a fabricar artigos hospitalares”, explica o consultor técnico do IST Julio Cesar.

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Charllene Santos conta que, atualmente, o Instituto SENAI de Tecnologia trabalha na confecção de quatro mil máscaras caseiras. Segundo ela, foi importante começar a produzir internamente para avaliar questões de modelagem e verificar em que pontos o processo pode ser cada vez mais melhorado. “Assim vamos sempre atualizar todos os arquivos de rede, de processo produtivo e sequência operacional. Está sendo muito importante validar nessa proporção, porque veremos de forma muito mais prática como poderemos ajudar e contribuir com empresas e confecções com o melhor produto e a melhor modelagem para máscara caseira”, garante ela.

No que diz respeito à impressão 3D, o SENAI CETIQT participa de um grupo com outras instituições, que faz levantamento e mapeamento de parques tecnológicos que tenham disponibilidade para impressão conforme as demandas hospitalares. De acordo com a consultora técnica do IST Angélica Coelho, no momento estão sendo produzidos elementos para as viseiras faciais. “É um equipamento de uso externo e toda a peça é de encaixe, facilitando na hora do transporte e da montagem. A higienização é feita com álcool 70% ou algum desinfetante líquido”, diz Angélica.

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Angélica Coelho acrescenta que, como a ideia também é a inovação sempre, outros produtos estão sendo desenvolvidos envolvendo a sinergia de todas as equipes do SENAI CETIQT e em parceria com instituições. Entre eles, estão dois modelos de máscara com filtro, válvulas e conectores para ventiladores mecânicos, usados na assistência à respiração, um extensor de máscara para que ela não se desloque nem fique presa atrás da orelha; protetor de punho para resguardar a pele de ambientes de alto contágio; abridor de portas pessoal, a fim de evitar o contato direto com superfícies contaminadas; e máscara exterior para acoplar uma válvula e ajudar o oxigênio a entrar no pulmão do paciente, na fase pré-aguda da Covid-19. “Um dos modelos de máscara com filtro é feito em náilon biocompatível e mais flexível, o que reduz as chances de provocar alergia por causa das horas de uso, além de ser anatomicamente mais confortável”, detalha a consultora técnica.

Os laboratórios do IST possuem infraestrutura moderna e equipe técnica qualificada, o que possibilita a realização dos serviços metrológicos de ensaios físicos e químicos em materiais têxteis, medições colorimétricas e calibrações de instrumentos óticos alinhadas aos avanços tecnológicos da cadeia têxtil, confecção, moda e afins. Como diferencial, os laboratórios possuem rastreabilidade a laboratórios nacionais e internacionais (NPL, NRC, entre outros). O portfólio integrado de consultorias do IST tem como objetivo fortalecer o desenvolvimento sistêmico do segmento industrial Têxtil, de Moda e de Confecção. Apresenta soluções que partem da criação chegando até a comercialização dos produtos, focadas na redução de custos de projeto e na melhoria do desempenho de processos e produtos.

A impressão 3D é um dos recursos tecnológicos usados na produção de equipamentos de proteção (Imagem de mebner1 por Pixabay)

No Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT, além da descoberta de que dá para produzir o álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou de outros produtos naturais, há outras pesquisas em andamento e equipamentos de ponta. “Temos um adaptador que permite produzir filamentos para serem usados em impressoras 3D e vamos tentar instalá-lo remotamente, já que os técnicos estrangeiros não puderam vir por causa da pandemia”, comenta Adriano Passos, coordenador da área de Inovação em Fibras do Instituto Senai de Inovação Biossintéticos e Fibras (SENAI CETIQT).

Nova sede do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos desenvolve soluções sustentáveis por meio da química e da biotecnologia industrial empregando recursos renováveis e não renováveis para oferecer novos produtos e processos. Com um conceito de alta integração com a indústria e a academia, a equipe é formada por especialistas reconhecidos nas áreas de biotecnologia, transformações químicas, engenharia de processos e fibras. Integra a maior rede de apoio à capacitação tecnológica e à inovação da indústria, estruturada para que as empresas e os produtos brasileiros possam competir em um mercado globalizado.

O ISI do SENAI CETIQT foi criado para atuar na identificação e no desenvolvimento de novos produtos e processos químicos, bioquímicos e têxteis, a partir de recursos renováveis e não renováveis, atuando de forma transversal em áreas e temas identificados como portadores de futuro para as cadeias industriais química e têxtil. O Instituto apoia as empresas no desenho da sua estratégia de P&D, no desenvolvimento de produtos e processos em nossos laboratórios, conectando clientes com fornecedores e startups de forma a viabilizar a inovação.

Laboratórios do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras, no Parque Tecnológico do Fundão (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

O consultor técnico Ricardo Cecci destaca as pesquisas com grafeno feitas no ISI. A partir de um estudo que usava o grafeno para dar condutividade elétrica nos têxteis, foi feita uma descoberta que pode ajudar no combate ao coronavírus. “Vimos que o tecido com grafeno inibe 98.7% do crescimento bacteriano”, anima-se ele. O trabalho dos técnicos é voltado para duas linhas de análise: modificação de superfície e têxteis nanofuncionalizados, que permitem funcionalizar os tecidos para algumas aplicações. “Por que não funcionalizar tecidos tradicionais de máscaras, aventais e campos cirúrgicos com um ativo que tenha propriedade antiviral? É isso que estamos estudando, ainda na fase de seleção e avaliação de materiais, como o grafeno. Temos uma parceria com a Fiocruz para testar as superfícies”, revela Cecci.

Em palestra sobre “Tech – Têxtil – visão de futuro para indústria têxtil”, realizada ano passado no SENAI CETIQT, uma abordagem sustentável sobre as tendências tecnológicas e de inovação do setor, tendo como referências insights das mudanças globais, Ricardo Cecci, consultor técnico e pesquisador da plataforma de inovação em fibras do ISI (SENAI CETIQT), falou sobre as maravilhas da aplicação de grafeno em tecidos.

À época, eu publiquei aqui no site que o hexágono de carbono que é o grafeno permite que os elétrons passem rapidamente, conferindo uma condutividade térmica extremamente alta ao material. “Quando aplico grafeno em fibras ou tecidos, obtenho uma troca de calor rápida. Isso é bom para tecidos esportivos. Quando você faz exercício, forma gradientes de temperaturas no seu corpo. Uma parte fica mais quente, outra mais fria. Se um esquiador, por exemplo, usa um uniforme com grafeno, distribui equilibradamente o calor e gerencia melhor o conforto térmico. Além disso, como a troca de calor é rápida, o suor evapora mais rapidamente”, explica Cecci.

Mas o grafeno não combate apenas o desconforto causado pelo suor. Também auxilia para que estejamos sempre limpos. Devemos agradecer à capacidade de decompor matéria orgânica. Tecidos com grafeno podem ser auto-limpantes: “Dependendo da estrutura de empilhamento das camadas de grafeno, ele pode ter um comportamento mais semicondutor ou mais condutor. Se estiver no modo semicondutor, é capaz de decompor matéria orgânica. Então, se uma gota de vinho manchar a sua camisa, ele limpa para você”.

A mistura com tecidos ou fibras é útil na área de higiene, também. “Ele tem efeito antibacteriano. As bordas do grafeno são pontiagudas e têm a capacidade de penetrar na membrana plasmática da bactéria. Ele perturba o mecanismo biológico dela e a leva à morte”, revela o pesquisador. “Como é composto só de carbono, o grafeno é totalmente apolar. Não tem nenhuma qualquer afinidade com a água, dando a característica de hidrofobicidade ao tecido. Isso protege a pele contra raios UV, porque absorve na região UV, mais ou menos 260 nanômetros, e dá essa propriedade para o tecido”.